XIV
- Melkor...! Que é aquilo?
- Aquilo o que? - o vala replicava ainda entretido na pele e no corpo do maia.
- Aquilo! Veja!
Ele então se virou e viu a enorme onda que avançava contra eles. Na mesma hora sua expressão mudou: levantou-se do templo e puxou Mairon pelo braço.
- Vamos embora! Você não queria ir para Mordor? Pois vamos!
- Que? Mas o que essa onda significa?
- O óbvio: a ilha será soterrada.
- Mas nós não precisamos temer por esse volume de água... somos ainur!
- Acontece que essa água não vem dos valar tão-somente. Ela vem de Eru!
Mairon olhou para aquilo embasbacado. Não pensava que a invasão de Ar Pharazôn e suas tropas fosse dar naquilo.
- Mas e o palantír? E o vaso dourado?
- Vamos embora, lá em Mordor a gente pensa nisso!
Sendo assim, ambos os ainur se vestiram rapidamente e já iam partir, quando Melkor viu Mairon se dirigir até a sala do vaso dourado.
- Vamos embora, Mairon!
- Não! Eu quero pegar o vaso!
- Deixe, em Mordor nós podemos criar outro assentamento como esse!
O vala puxava incessantemente o maia pelo braço, dizendo a ele que fossem embora.
- Como nós vamos?
- Vamos nos desfazer de nosso corpo físico e ir até lá.
- E como levaremos as coisas? O vaso? O Anel!
Quando Melkor ia responder a essa pergunta, a onda chegou ao templo e varreu tudo. A última coisa a qual conseguiram ver foi Tar Míriel tentando subir por Meneltarma, clamando a Eru que se apiedasse da ilha. Em vão.
Mairon, quando deu por si, estava debaixo das ondas. Tentava ver a Melkor no meio daquele volume de água extenso, mas não via. Até que de repente sentiu-se fraquejar. Como era possível? Ele era um ainu!
"Isto é apenas água", dizia de si para si. "Eu sou um ainu! Não posso ser destruído somente por ondas. É apenas água! É apenas..."
Mas no meio de tal racionalização, o maia perdeu a consciência. Apenas foi acordar muito tempo depois, numa praia, nos braços de Melkor.
OoOoOoOoOoOoO
Quando abriu os olhos, o maia estava no litoral. Seu consorte o olhava com preocupação.
- Meu bem, como você está?
- Hun... estou bem... eu acho. Aquela onda me pegou no meio do caminho.
- Porque você tinha de se demorar pegando o vaso dourado, não? Deu no que deu!
- O que aconteceu?
- Você perdeu o fána, Mairon.
- Hã?!
O maia não podia acreditar. Olhou para seu corpo e ele estava lá. Parecia o mesmo.
- Mas eu ainda tenho um corpo!
- As águas destruíram o seu fána original. Mas eu o consegui refazer.
- Então este corpo é na verdade novo?
- Sim, eu o fiz há pouco. Consegui trazer a seu espírito pra cá e reformei o seu corpo. Usei parte da energia que estava guardada no Um Anel.
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O filho da escuridão
FantasyConta o que ocorrera com Mairon e Moriel, o filho deste com Melkor, após a Guerra da Ira - até as Dagor Dagorath. Sim, é mais um projeto ambicioso.