XII
- Minha puta...
Lentamente, Mairon abriu os olhos e saiu do estado de letargia no qual se encontrava. Piscou algumas vezes e reparou que estava deitado, nu, em sua forma feminina, com Melkor a lhe abraçar, uma das pernas dele por cima de seu corpo de forma possessiva, como costumava fazer. Por um breve átimo, pensou que estava em Angband e toda aquela epopéia de Melkor no vazio, Annatar, feitura dos anéis, fundação de Mordor e Barad Dûr, cativeiro em Númenor, depois o templo ao vala e trazê-lo de volta do Vazio... foi como se tudo isso, toda a segunda era, não houvesse passado de um sonho.
Mas quando olhou para o consorte, viu que era verdade. Ele não estava com as mãos queimadas. Ele estava com seu fána, e não mais um hroa. E continuava a balbuciar, semi-desperto, todo aquele monte de bobagem junto com declarações de amor que sempre dizia quando dormiam juntos.
- Hun... seu peito é tão gostoso, Mairon...
- Melkor...
O maia se concentrou pra ver onde estava. Não era uma cama. Era... o altar sacrificial, as chamas agora extintas.
- Mairon, minha vadia safada... quero te comer de novo.
A mão de Melkor foi para seu seio direito, e Mairon decidiu olhar em volta. Ficou chocado com o que viu. Vários edain - muitos, muitos - jogados pelo templo, adormecidos ou semi-adormecidos, nus, embolados uns nos outros.
Foi aí que a memória voltou toda de uma vez pra sua mente.
- Hun, Mairon... eu te amo, minha puta gostosa...
- MELKOR!
O vala despertou de uma só vez. Piscou algumas vezes e olhou para o companheiro.
- Que foi, Mairon?
- Que foi?! Que foi?! A gente transou na frente de todos os edain! E eles seguiram o nosso exemplo pelo visto!
- Ah... é só isso?
- Só isso?! Você acha que é só isso?! Melkor, isso não é coisa pra se fazer em público!
- E por que não? Ora, desde que ninguém toque em você, não vejo problemas em verem.
- Ora, você é louco!
De uma vez, o maia levantou e foi em direção ao banho, ainda resmungando.
- Fazer na frente de todo mundo! Como se já não bastasse ter feito na frente de Thuringwethil¹ daquela vez! Mas aquilo pelo menos era um castigo. E essa agora?! Pra que isso?!
Entrou na banheira e passou a se banhar. Quando Melkor o seguiu para dentro da banheira, viu que o maia já estava em sua forma de homem.
- Mudou de forma por que?
- Se eu ficar muito tempo na forma feminina após o sexo, posso engravidar. E não quero. Já me bastou o susto da gravidez de Moriel.
- Hun... seria tão bom ter outro bebezinho...
- Pra você, que não ia engravidar! Pra mim a gravidez e o parto foram terríveis! Se bem que não posso me queixar da sorte. Moriel me apoiou tanto quando estive sem você. Agora ainda cuida de tudo em Mordor sozinho. É um filho tão bom... é racional e algo frio, mas é tão bom. Foi a minha companhia nos meus anos de viuvez.
- Então. Outro filho seria algo bom também...
- Poderia até ser, não fosse a gravidez de um maia, da parte de um vala, algo tão difícil.
- De qualquer forma eu nem sei se poderia te engravidar outra vez, pois tenho um fána...
- Mesmo assim não quero arriscar. Três dias na forma de homem e um na forma de mulher, e assim não poderei pegar gravidez.
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O filho da escuridão
FantasyConta o que ocorrera com Mairon e Moriel, o filho deste com Melkor, após a Guerra da Ira - até as Dagor Dagorath. Sim, é mais um projeto ambicioso.