Amar ou odiar ? | Edição única |

Capítulo 44

Acordo no dia seguinte com a claridade que estava invadindo o quarto. Me viro para o lado e vejo que estou sozinha na cama. Olho em direção a sacada e vejo o Brayan supostamente em uma ligação. Estranhei ele ter se afastado para atender, mas talvez ele só não quisesse me acordar. Levanto e caminho em passos lentos até ele que se assusta rapidamente ao me ver.

- Depois a gente se fala.. Eu sei.. Tchau. - Ele termina de falar e encerra sua ligação. - O que você faz acordada a uma hora dessas? - Ele pergunta enquanto vem até mim e me abraça.

- Que horas são? - Pergunto confusa em meio ao seus braços.

- Não são nem oito da manhã. - Ele suspira. - Eu vou ver umas coisas e volto mais tarde, quer que eu traga algo? - Estranho sua saída repentina mas acabo negando com a cabeça.

- Vou aproveitar que acordei cedo e vou fazer uma caminhada. - Falo enquanto me espreguiço. - Eu não consegui dormir direito não.

O loiro segura meu rosto e deposita um beijo em meus lábios. Dou um sorriso como resposta e abraço o mesmo.

- Você não se sente segura ainda, não é? - Escuto sua pergunta e balanço a cabeça em negação.

- Mesmo que eu saiba que eles estão presos, eu fico com a sensação de que a qualquer momento algo vai acontecer comigo novamente. - Falo e reviro os olhos.

- E agora você precisa se cuidar por dois. - Ele fala enquanto se agacha e beija minha barriga em seguida. Era tão bonitinho ver a forma como ele ficava ao reagir assim. - Eu prometo que vocês estão seguros meu amor.

Ao terminar de falar ele beija minha testa, pega as chaves do carro em cima do criado mudo e sai do quarto. Suspiro e vou em direção ao banheiro. Tiro minhas roupas e tomo um banho quente e rápido. Saio do box enrolada na toalha e logo me seco e visto uma roupa de fazer exercícios físicos. Optei por usar um top e um short de moletom preto. Coloquei os tênis que eu usava para malhar e amarrei o meu cabelo em uma cola super alta. Desci até a cozinha e avistei meus pais em volta da mesa.

- Bom dia! - Falo enquanto vou em direção a geladeira pegar água. Eu sempre tenho o hábito de tomar um café forte todas as manhãs para me acordar, mas hoje seria diferente.

- Bom dia, minha filha, você não está pensando em ir para a academia? Seu médi.. - Cortei a minha ao ver o discurso que ela iria fazer.

- Eu só vou fazer uma caminhada mãe, ele me proibiu de fazer esforço, não de viver dona Hellena. - Falo enquanto pego uma maçã e dou uma mordida. - Volto antes do almoço. - Grito enquanto vou em direção a porta.

Não havia muitos lugares que eu podesse ir na cidade, então decido caminhar até o parque. O dia estava bastante nublado e embora a estação ainda fosse verão já estava começando a fazer dias frios. A brisa era leve e tão calma que mal podia senti-la bater em minha pele. Eu estava caminhando em passos rápidos e em poucos minutos chego até o parque. Tomo um gole da minha água e me assusto ao ver o Brayan com uma mulher que aparentava ser um pouco mais velha do que ele, mas não tanto. Me escondo atrás de uma árvore para que eles não me vissem e em poucos minutos a mulher some e volta com uma garota que aparentava ter uns dois anos. Eu não tenho certeza, mas posso apostar que essa era sua irmã.

- Eduarda? - Levo um grande susto ao ouvir a voz da Anna atrás de mim.  - O que você faz aqui?

- Eu quem pergunto isso. - Falo em um tom de voz frio. - Por que vocês escondem ela? A irmã de vocês? - A loira coloca a mão no rosto e suspira em seguida.

- A Lola é filha de uma traição do meu pai e ele sempre exigiu com que isso não chegasse aos ouvidos da minha mãe, portanto nós não falamos a ninguém sobre ela. - Engulo a seco e fico pasma com tamanha brutalidade do Carlos. Eu não sabia que o pai deles era deste tipo.

- Ela é a mãe? - Pergunto enquanto encaro a mulher e o Brayan de longe. O garoto segurava a criança em seu colo e tinha um sorriso enorme em seu rosto. Ele realmente aparentava amar muito ela.

- Sim.. E esse foi um dos motivos para meu pai não contar sobre a Lola para ninguém, muito menos a nossa mãe. - Arqueio minha sobrancelha ao ouvi-la. O que tinha demais naquela mulher?

- Não sei se entendi muito bem Anna.

- Ela é nossa tia Duda, irmã da nossa mãe. - Escuto a garota falar e meu corpo paralisa. - Duda, você não pode contar a ninguém nada disso.

Pisco por algumas vezes e olho em seu rosto novamente. Como ele podia ter se envolvido com a própria cunhada? E o pior de tudo, como eles escondem essa criança? Era informação demais para mim.

- Olha Anna, ninguém vai saber de nada disso que eu vi, mas agora eu preciso voltar para minha casa. - Me aproximo dela. - Não conta a ele que eu estive aqui, está bem?

Ela sorri e balança a cabeça em confirmação em seguida. Dou um abraço na loira em minha frente e saio em seguida. Volto para a minha casa rapidamente e subo direto para o meu quarto. Eu estava totalmente em choque com o que eu vi. Como o Brayan iria ser um bom pai para essa criança se ele aceitava esconder a própria irmã? Tomo um banho rápido, visto um pijama e deito novamente. Após alguns minutos o loiro entra no quarto e se joga ao meu lado.

- Como você está? - Ele pergunta enquanto acaricia meu rosto. Me ajeito na cama e sento logo em seguida. - O que foi Eduarda?

- Por que você nunca me falou tudo sobre a Lola? - Pergunto de forma direta e o garoto retira o seu olhar do meu.

- Como você descobriu?

- Eu fiz minha caminhada até o parque, eu não sabia que você iria estar lá, mas eu vi e falei com a Anna também. - Suspiro. - Eu sei de tudo.

Ele tenta segurar minha mão mas eu a tiro e me levanto rapidamente.

- você deve estar pensando que eu sou horrível por esconder a própria irmã? - Ele pergunta enquanto me analisa.

- BRAYAN, ELA É SUA IRMÃ E AO MESMO TEMPO SUA PRIMA, VOCÊ TEM NOÇÃO? A SUA MÃE É TIA DA SUA IRMÃ? - Grito sem nem pensar. Eu estava aterrorizada em ter descobrido tudo isso sobre eles. - Como eu vou saber que você vai ser um bom pai?

Ele revira os olhos e se aproxima de mim. Tento fugir mas o garoto me segura rapidamente e junta nossos corpos. Faço o possível para não olhar em seu rosto, mas acabo falhando quando ele acaricia minha pele e coloca seus lábios próximo aos meus.

- Amor.. - Ele sussurra. - Isso foi um erro do meu pai, não meu, eu nunca concordei com a história de esconder a Lola, mas se até a mãe dela concordou, quem sou eu para falar algo? - Ele fala e roça seus lábios nos meus. - Eu nunca faria nada parecido com essa criança que está aí. Eu te amo com todas as forças do mundo, morena. - Escuto sua voz sair rouca e dou um sorriso como resposta. - Eu vou fazer de tudo para ser um bom pai para essa criança e..

Não consigo deixar ele terminar de falar sem lhe beijar. Coloco minha mão em sua nuca e aprofundo o nosso beijo. Beijar o Brayan era sempre algo maravilhoso e magnífico para mim. Eu tenho certeza que nunca iria cansar de sentir essa sensação na vida. Selo nosso beijo com alguns selinhos e me deito na cama em seguida.

- Promete que não vai me esconder nada? Nunca mais? - Pergunto enquanto encaro o loiro em minha frente.

- Eu prometo, morena. - Ele responde e beija minha testa em seguida.

Ele se deita em meu lado e eu me ajeito sobre o seu peito. Ainda estava bem cedo e eu não me importaria de dormir novamente. Eu precisava estar descansada para ir na faculdade a tarde. Eu tinha que ver como iria recuperar minhas aulas perdidas e como iria seguir ela estando em repouso e para ajudar, grávida. Eu recém estou entrando nessa vida adulta, cheia de responsabilidades e já estou odiando. O único motivo para eu seguir tão firme é por ter o Brayan ao meu lado e por ter um ser tão pequeno dentro de mim. Eu não vejo a hora de pegar essa criança em meus braços. Minha mãe falou que logo tenho que começar o pré natal.

Respiro fundo e afasto todos esses pensamentos da minha mente. Sinto o loiro fazer cafuné em meu cabelo e em seguida fecho os olhos. Me ajeito ao seu lado e logo sinto o garoto puxar um cobertor sobre o meu corpo. Era incrível o quanto eu o odiava antes e o quanto eu o achava um amor agora. Dou risada do meu próprio pensamento e em seguida acabo pegando no sono.