41 • Encontro matinal no corredor

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Depois de uma semana e meia habitando o mesmo ninho de cobras que os sete garotos chamavam de casa, era de se esperar que, pelo menos, eu tivesse me acostumado com as babaquices diárias que estão por trás das câmeras dos inesquecíveis Bangtan Bomb, entre outros. Não importava, por mais tempo que eu ficava lá, mais eu me sentia estranha, como se o resto da minha sanidade mental se esvaísse junto com a deles. E eu já não era muito certa da cabeça.

Eles estavam em um período de trabalho, precisavam comparecer todos os dias no estúdio para regravar, aprimorar, remixar, escrever e treinar no estúdio. Eu os acompanhava nos primeiros três dias, me sentindo um peso extra que eles carregavam – que intercalava entre Jungkook e Jimin, porque eles literalmente me carregavam –, ficava o dia inteiro com eles, comíamos fora e voltávamos para dormir em casa.

Algumas vezes, Jin me colocava na bancada da cozinha e me ensinava a cozinhar alguma coisa, e eu me sentia uma aprendiz perfeita (lavando os potes, pratos, pegando coisas na geladeira aqui e ali e tirando comida da mão de Namjoon). Mas nos outros dias, eu escolhi ficar em casa, atravessando o jardim e entrando na minha, para fazer uma faxina, arrumar algumas coisas e assistir minha televisão, onde eu sabia onde estavam os canais. Quando eles chegavam do estúdio, algum vinha invadir minha casa e me chamar para "voltar pra casa".

Na maioria das vezes, era Jungkook que entrava sorrateiramente, se escorava no sofá e roubava um beijo no meu rosto com uma rapidez alucinante, me fazendo soltar um grito, me afastar, ficar vermelha, xingá-lo e abraça-lo depois de alguns segundos ouvindo sua gargalhada gostosa ecoar na sala vazia. Em um desses dias, eu acabei adormecendo no sofá, e ao invés de me acordar, ele se deitou ao meu lado e ficou me esperando despertar. Lógico que eu abri os olhos só de respirar o perfume que emanava de seu pescoço, seus cabelos e sua pele.

Ah sim, Jungkook. Tínhamos alguma coisa, eu acho. Em meio a tanta bagunça, acho que fugimos de nos encarar para explicar o que estava acontecendo, mas de fato, estava. A não ser que me beijar inesperadamente toda manhã na cozinha assim que acorda, mesmo que todos os outros seis garotos estejam lá para presenciar, seja uma coisa normal, então minha esperança podia ir por água abaixo, porque não tínhamos nada, dois vizinhos interagindo como dois vizinhos.

Mas o que uma garota com um apelido que significa "louca" pode determinar o que é normal? Nada, como eu pensei.

Mas hoje era sábado, e eu acreditava que seria um dia produtivo, mesmo que tivesse começado da pior forma. Eu não estava fazendo nada além de caminhar pelo corredor com minha grande camiseta de tigre que eu comprei justamente porque J-Hope tinha uma, quando de repente, eu tropeço em alguma coisa e vou de cara no chão.

– Mad, meu doce, olha por onde anda! – ouvi aquela voz grave gritando atrás de mim. Rolei no chão e encarei Taehyung estirado no mesmo. Mas que merda ele estava fazendo deitado no meio do corredor?

– ... Taehyung? Posso saber por quê você...

– Estou incapacitado de ir até a cozinha para tomar café da manhã, estou esperando J-Hope trazer o meu. E você?

– E eu o que?

– Por que você está deitada no meio do corredor? – ele perguntou de uma forma tão calma que eu quase não acreditei que tinha mesmo ouvido aquilo.

– Eu? – respirei fundo. – Eu TROPECEI em você.

– E aí, gente? O que vocês estão fazendo?

De repente, uma sombra cobriu meus olhos. Eu olhei para cima e me arrependi imediatamente, tampando meu rosto com minhas mãos. Nada mais, nada menos que Jeon Jungkook de boxers, em pé. Mas todo mundo agia como se fosse normal.

– Marcamos um encontro depois de acordar no chão do corredor. – respondi ironicamente, mas fui cortada por Taehyung.

– Estou esperando meu café da manhã e Mad aparentemente, tropeçou.

Minhas mãos foram retiradas dos meus olhos, e ao abri-los, enxerguei o castanho perfeito das íris de Jungkook, que agora estava abaixado, segurando meus pulsos. Seus cabelos caíam na minha cara, mas tudo bem, a beleza de seu sorriso compensava o café da manhã de cabelo sabor shampoo para fios sedosos.

– Muito interessante. – ele riu e continuou –, mas levantem suas bundas, vamos ao parque de diversões.

– Sair? Vamos sair? – uma das portas do corredor se abriu, revelando um Jimin de pijamas.

– Ir a um parque é uma boa ideia. – Taehyung concordou.

– Vou me arrumar. – Jimin se voltou para o quarto.

– Vamos avisar para os outros garotos. – Jungkook me puxou pelos pulsos, me erguendo do chão com uma facilidade inacreditável, se ele não tivesse quase um metro e oitenta. Seu braço já estava me agarrando pela cintura quando eu comecei a me mover pelo corredor. – Levanta, Tae, vá tomar café da manhã!

– Por que você não me levanta que nem fez com a Madison? – Taehyung reclamou com sua voz grave. – Daquela vez perto da loja da Chanel que eu te puxei para perguntar se você gostava dela, eu deixei bem claro que não permitiria substituições e olhe o que você está fazendo! Eu vou me agarrar ao Jimin, espera só.

– Sempre preferi Vmin a Vkook. – Dei de ombros, fazendo Jungkook rir, mesmo que soubesse que da minha boca, naquele momento, saía uma grande mentira, já que eu preferia surubangtan.

Mas eles não precisam saber disso...

My Idol ๑ Jeon Jungkook. {BTS} Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz