19 • Caminhão de balas.

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Saí do carro e com a maior falsidade da minha vida, sem querer, bati a porta do carro na cara de Jimin, que estava para sair logo após eu. Opa. Ajeitei a bolsa e passei com passos largos em direção ao Cadillac, a placa neon estava apagada, a porta aberta com uma placa "fechado". Muita contradição, mas nenhum lugar muito certo iria me contratar.

Ao adentrar a Cadillac, avistei Sun, já vestindo seu uniforme de garçonete. Aquela blusa xadrez e aquele short de cintura alta e o avental, tudo no estilo garçonetes Pin-Up dos anos cinquenta. Não que o uniforme fosse feio, ele era meio... Pin-Up, e isso só me fazia pensar que esse uniforme provoca os garotos e os induz a ter pensamentos eróticos com meninas que se encaixam no perfil anos cinquenta hoje em dia.

- Sun!

- Madison! - Sun deixou os paninhos coloridos e veio até a mim, me abraçar.

- Me desculpe por atrasar, eu deveria estar te ajudando, mas eu não dirijo, meu pai não acordou e os meninos estavam fazendo uma bagunça... - eu comecei a falar, mas fui interrompida.

- Meninos? Que meninos? - ela arqueou a sobrancelha.

- Os garotos do B... - olhei para seu rosto que queria me provocar de alguma forma. - Bem, Jin, Namjoon, Taehyung, J-Hope, Yoongi, Jimin e Jungkook! Esses meninos.

- Os garotos moram com você? - perguntou desconfiada.

- Não! Eles são meio que meus vizinhos, mas eles invadem minha casa sempre e hoje me trouxeram...

- Eles estão aqui? - Sun se jogou em cima do sofá da mesa número seis e colocou sua cara contra o vidro, procurando algum sinal deles.

- Eu não sei, Sun, eu não deveria ir me arrumar? O que você está fazendo?

Sun mais parecia eu, sendo uma péssima stalker e olhando pela minha baywindow para procurar algum sinal de ser humano na casa vizinha. Ela fazia o mesmo, só que no estacionamento da Cadillac Jack's, e suponho que procurava as mesmas pessoas.

- N-nada. - ela se virou mais vermelha que seu cabelo ruivo. - Deixa eu te apresentar a Cadillac, vamos.

Quando me dei conta, já havia me puxado pelo braço com sua rapidez e estávamos dentro da cozinha da lanchonete. Era tudo muito organizado e isso me fez pensar se Sun era daquelas meninas extremamente organizadas, ou talvez a Cadillac mantivesse elfos domésticos como Dobby no subsolo aguardando alguma boa alma lhes dar um mísero par de meias ou toucas remendadas. É uma opção.

- Essa é a cozinha, onde o cozinheiro faz coisas que cozinheiros geralmente fazem na cozinha. - sorriu e me puxou mais um pouco.

- Deixa eu adivinhar, eles, hum, cozinham? - eu sorri, brincando.

- Não, eu quis dizer arrotar e devorar os estoques. - ela deu de ombros e me puxou para o vestiário, onde tinha um pequeno armário colegial, com uma das porta com o nome da Sun, e de outras garçonetes em outras portas, mas eu não conhecia nenhuma outra. - Esse é o seu armário e, "badum tass"... - ela tirou de dentro do meu armário, um embrulho delicado com algo que parecia sua roupa, só que menor, do meu tamanho. - Seu uniforme!

O uniforme da Sun caía muito bem nela, parecia ser feito sob medida, eu achava que vestindo aquilo, iria ficar parecendo uma prostituta. Namoral.

- Sun, vem cá, de noite a Cadillac é um bar de stripper? - eu perguntei, ao me olhar no pequeno espelho do vestiário. Sun soltou uma gargalhada. - Sem querer, eu assinei um contrato para ser escrava sexual?

- Madison, seu uniforme é igual ao meu, em proporções menores.

"Proporções menores" ou remendo dos retalhos de pano que sobraram por conta do corte de orçamento?

- Eu posso me acostumar. - falei mais para mim mesma, mas Sun acenou positivamente.

- E esses são os seus sapatos. - ela me apresentou um par de saltos de um tom vermelho róseo.

- SALTO ALTO? É O QUE? SUN, VOCÊ QUER QUE EU QUEBRE MEU PESCOÇO? - Eu arregalei os olhos e coloquei a mão nas laterais do pescoço, num ato protetor. O quê para outra pessoa poderia parecer tentativa de homicídio, mas tudo bem. Qual seria a diferença de eu morrer antes ou depois de tentar andar naquilo? Sun gargalhou. - Você não está entendendo, eu sou a pessoa mais desequilibrada do século!

- Você se acostuma com o tempo.

- Um século é grande! - argumentei arrancando mais algumas risadinhas da ruiva. Droga, eu aqui preocupada com o futuro da minha coluna vertebral e ela rindo da desgraça de meus órgãos. - O uniforme eu até posso me acostumar, mas Sun, eu vou cair!

Sun colocou as mãos nos meus ombros e apenas sorriu. Eu suspirei e coloquei os saltos, e então ela fez meu cabelo, jogando tudo para um lado só e prendendo o lado direito com grampos. Particularmente, nunca tinha visto esse lado "bonito" meu. Logo, a Cadillac estava aberta e um dos cozinheiro já havia chegado. Era um cara bonito e falante, mas ele era legal, se chamava Jackson e fez piadinha com meu tamanho. É sempre bom ser relembrada o quão inferior á média do século XXI você é.

Depois de alguns minutos sentadas, conversando com o Jackson, ouvimos o barulho na porta da Cadillac se abrir e Sun deu um salto, tirando de seu avental um bloco de pedidos novinho em folha e uma caneta cheia de frufru rosa e purpurina.

- Madison, os primeiros clientes são seus! - ela me entregou a caneta da Barbie e o bloco.

Eu já estava abrindo a porta que dava para o local onde tinha as mesas da Cadillac, com todo o cuidado para não tropeçar, fazer um malabarismo legal que merecia comparecer às Olimpíadas de 2020, quebrar o pescoço e levantar fingindo que nada aconteceu. Mas assim que abri a porta e espiei os clientes, eu voltei com tudo para dentro da cozinha e me virei para Sun.

- Eu deixo você atender os primeiros clientes, Sun, o Jackson estava mesmo me contando sobre a grande epidemia de gordura trans que vocês tiveram aqui e eu estava mesmo super afim de saber como ele combateu. O índice de Colesterol vem aumentando Sun! Você não se preocupa com o futuro da maçã? - ela riu.

- Não, pode atender você.

- Não, Sun e as maçãs? E a boa alimentação...

- Madison! - Sun apontou para a porta e eu suspirei, abrindo e passando para o outro local.

- Tudo bem, mas vou logo avisando que quando você estiver uma velha gorda cheia de rugas me pedindo emprestado o Loki para a "reprodução e manutenção da espécie" com suas gatas fêmeas se arrependendo de não ter comido mais maçãs quando ainda podia correr sem quebrar algum osso importante a resposta será um sonoro "E não se esqueça dos meus filhotes!" - eu falei sobre o ombro enquanto ouvia a suave risada de Sun e me dava por derrotada.

Os clientes me observaram com sorrisos no rosto. Olhei para o balcão que me separava da mesa deles e me dei conta de que não tinha uma portinha. Virei o rosto e vi Sun gesticulando com as mãos para que eu pulasse. Para que eu pulasse? É o que? Ela queria que eu quebrasse o pescoço? Não é sempre que pulando de algum lugar, eu terei um Jeon Jungkook para me segurar.

Suspirei derrotada, olhando para a cara dos sete clientes divertidos, me encarando da mesa número seis. Dei um jeito de me sentar no balcão, levantei os pés e girei para o outro lado, mas assim que eu fui colocar o pé no chão, senti a ponta do salto agarrada do outro lado do balcão. Eu iria levar o maior tombo, com certeza.

O que? Você está esperando que eu diga que os sete clientes que me encaravam com sorrisos divertidos eram os sete infelizes do BTS que magicamente foram para casa, trocaram os pijamas e voltaram para tomar café da manhã, e bem no momento do meu tombo olímpico, o príncipe Jungkook (não o da realeza antiga, aquele da realeza de garotos a prova de balas...) deu uma corridinha e me segurou, como ele sempre faz quando eu caio de telhados e de escadas?

Bem, você está totalmente correto, desse jeito, vai ganhar um caminhão de balas.

My Idol ๑ Jeon Jungkook. {BTS} Where stories live. Discover now