Capítulo 36

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Alexis| Horns - Bryce Fox

Ela tem sangue frio como gelo
E seu coração de pedra
Ela me mantem vivo
Ela é a besta que esta em meus ossos
Ela consegue tudo o que quer
Quando ela me pega sozinho
Como se eu não fosse nada
Ela tem dois pequenos chifres

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Senti meu corpo ser depositado na cama hospitalar improvisada com a ajuda das agentes penitenciárias, enquanto uma outra impedia Charlie Edwards, mesmo sendo médico, em sua preocupação preocupação por ter adiantado meu parto, agir com a droga de seu altruísmo.

Ele chamou os agentes, e tentou me ajudar, mas eu não queria nada vindo dele. Nem a pena, nem a maldita bondade.

As cólicas do parto já me atingiam aos poucos, mas tudo na outra sala, era feito as pressas por Dr. Phillips, para minha cesariana. Gemma, a enfermeira que trabalhava ali, logo começou a me preparar para a cirurgia.

Pude ouvir ao telefone lá dentro, Dr. Phillips falar com Carmo, talvez este tivesse pedido para avisar, quando Lilith fosse nascer.

Quando adentrei naquela sala, um subito pânico me atingiu. Medo do que estava por vir acolheu meu corpo enquanto eu era posta na mesa de cirurgia. Vi quando a agente penitenciária trancou a porta, apenas Dr. Phillips e as duas enfermeiras participariam de tudo. Um tanto precário.

E eles pareciam tensos, nervosos. Como se estivessem escondendo algo.

Eu nada falei, nada perguntei até então, mas logo senti os sedativos junto a anestesia fazerem efeito em meu corpo.

Olhei para enfermeira, eu não sabia se era necessário ou não a cedagem durante uma cesariana, não pude pesquisar sobre isso, e Dr. Phillips nunca foi o melhor em instruir.

— Está tudo bem, não é? Comigo, com ela? — Soltei em um sussurro sonolento. Eu precisava saber, pois sentia algo estranho no ar.

Estava desnorteada.

— Sim, Osboury. Logo verão a luz novamente. — Respondeu ela, me deixando sem entender, antes que eu apagasse.

Literalmente.

Despertei aos poucos, em meio escuridão sentindo dores estranhas no baixo ventre, tentei me mexer mas não consegui.

O ar era denso, difícil de respirar. Tateei a minha volta. Uma caixa, notei, ainda aturdida e a base dos sedativos. Eu estava presa.

Em um caixão.

Eu estava dentro de um caixão, e pelo leve chacoalhar, em uma estrada. Soquei sua tampa, e gritei, mesmo sem aguentar muita coisa. Nada ocorreu.

Onde estava minha filha?

Tudo foi ficando opaco de novo enquanto o desespero me invadia, eu tentei lutar contra a inconsciência, mas não tinha forças, e ela voltou a me tomar.

Voltei a um breve despertar, não fazendo idéia de quanto tempo depois, entre a consciência e inconsciência, no que parecia ser... Um hospital improvisado, no ar, eu disconfiei estar em um avião ou jatinho, eu podia ouvir um burburinho, o nome de Carmo, mas não consegui ficar acordada por muito tempo.

Mas eu havia entendido o suficiente.

Quando acordei pela terceira vez, tudo em mim doía, eu estava pesada e minha cabeça martelava em suas laterais, e uma péssima sensação sobre meu corpo.

Meus olhos estavam pesados, mas consegui captar aos poucos em meio a claridade, era um quarto de hotel, um hotel de luxo.

Mas que merda era essa? Suspirei, só podia ser coisa de Carmo. Dentro de mim havia um misto de coisas, mas a ideia de estar livre novamente me consumia por inteira, e mesmo com dor e querendo saber onde estava, e principalmente onde estava minha filha, tudo o que pude fazer, foi sorrir dentre um choro aliviado, mesmo com minha boca seca e a garganta arranhando.

DistópicaWhere stories live. Discover now