Capítulo 10

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— Acha que está se fazendo de vítima, não é? Mas é bem típico, um cara mimado, egocêntrico, que perdeu o tio, e quer ser o centro de toda atenção...  — West soltou, sem controlar a língua.

— Então não deveria ter vindo — Ouvi a voz de Nicholas atrás de mim, e West ficar visivelmente constrangido.

Quem disse que esse tipo de evento não é interessante?

— Pode deixar, já estou de saída. — Disse West, sem saber o que fazer.

Todos estavam em silêncio, e o clima ficou estranho instantâneamente.

— Eu também tenho que ir... Dra. Turner, vem comigo? — Chamou Dr. Irvine tentando escapar.

E a partir daí todos escaparam da situação, indo embora um a um. Se despediram de Nicholas um tanto distantes, pela falta de intimidade, e eu tentei a mesma linha deles, educada apenas, dando minhas falsas condolências, e os segui para o lado de fora.

Dr. Irvine ofereceu carona aos outros, e notei a indecisão de Olivia Collins esperando por uma carona de Edwards, seu príncipe encantado, mas com o segundo chamar da Dra. Turner ela aceitou a carona deles e eu fiquei em frente a mansão, pronta para chamar um taxi, mas logo avistei Charlie saindo da casa, e me pergunto o que ele estava fazendo... Talvez estivesse no banheiro, bisbilhotando, ou analisando tudo como sempre. Ele rapidamente veio em minha direção... Lindo, e extremamente calmo em suas ações e feições.

Ele parecia um príncipe justo e bom.

Eu provei doses do veneno da loucura por uma vida inteira, e nunca precisei da droga de um príncipe, porquê malditos príncipes não querem princesas fodidas.

Minha vida inteira fui rodeada de demônios, acabei me transformando em um. E normalmente, a loucura me atrai, me excita, e é disso que eu preciso para me sentir viva. Da insanidade.

Uma menina em mim, a criança ferida, sonhou com alguém como Charlie Edwards antes de ser machucada por um monstro. Eu queria um príncipe, um vestido bonito, muitos amigos, muita luz e muitas cores, um lindo casamento, uma carreira, filhos amáveis e a porra de uma vida perfeita e feliz.

Eu sonhei que meu herói em sua armadura brilhante me salvaria e não deixaria o mal me tocar novamente.

Mas ele nunca apareceu.

Eu me tornei minha própria super heroína, sem príncipes, sem anéis e coroas, sem cores, sem luzes, sem vida. Automaticamente, me tornei o próprio monstro horrível.

E esse monstro queria brincar com o príncipe justo e bom.

Bufei, para chamar a atenção dele, e joguei o celular no fundo da bolsa fingindo impaciência.

— Algum problema? — O príncipe perguntou, parando bem ao meu lado.

— Meu aplicativo de uber, não está funcionando direito, sequer abre. — Fiz uma pausa, fingindo estar envergonhada — Você tem contato de algum taxista ou...? — Deixei no ar.

— Ah, não precisa... Bem, aceita uma carona? — Perguntou um tanto tímido, com as mãos nos bolsos da calça jeans que usava, olhando pra baixo.

— Não quero te dar trabalho...

— Não é trabalho algum. — Sorriu solicito.

— Ah se é assim, eu aceito. — Respondi, sorrindo de volta pra ele.

Fomos no total silêncio em direção ao seu camaro, do tipo colecionador.

Ele destravou as portas com o controle, e antes que eu abrisse, ele a abriu para mim, ergui o olhar para ele enquanto adentrava, logo ele fechou a porta, e deu a volta.

DistópicaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora