Capítulo 1 - Positive.

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Ela realmente tem sido de grande ajuda em minha vida.

Sinto os seus braços rodearem o meu corpo, acolhendo-me em um abraço firme, fazendo-me desabar mais e mais. A única coisa que faço é chorar, experimentando o afago de seus dedos em minhas costas.

― Se acalme... por favor, Bea! ― ela pede, com uma voz calma, tentando tranquilizar-me. Mas é uma tentativa em vão, visto que eu sei qual será a reação do Justin. Ele conversou tanto comigo a respeito desse assunto... Porém agora, nós falhamos e neste momento como adultos temos que arcar com o ato de nossa irresponsabilidade.

Grávida.

Eu estou grávida de apenas um mês. Há uma vida crescendo dentro de mim... E eu não vou negar dizendo que eu não fiquei assustada, porque eu fiquei sim, sou tão jovem ainda... Eu tenho apenas vinte e um anos. E de hoje em diante, terei uma enorme responsabilidade para o resto de minha vida.

Repreendo-me, por ter esquecido da camisinha aquela noite. Eu e o Justin sempre usávamos, mas naquele dia da festa da praia, estávamos tão loucos, comemorando os meus vinte um anos recém-chegado, que acabamos deixando-nos levar, sem pensar que isso nos traria consequência. Mas um ato sem pensar, sempre traz.

O Justin sempre deixou claro o quanto gosta de criança, e é por isso que ele está na faculdade de Pediatria. É o seu sonho desde que era bem novo. Sonhava em formar-se em médico pediatra, a área especializada a cuidar de crianças. E ele sempre foi bem esforçado. Filho do diretor da universidade que estudamos, ele sempre pensou alto, quer seguir carreira assim que deixar a faculdade. Apesar de seu amor com a profissão, ele disse-me tantas vezes que não queria ter um filho tão cedo, muito menos antes dos trinta. E muito mesmo depois que casássemos, só iriamos ter um filho quando tivéssemos uns cinco à seis anos de casados, porque conforme ele explicará, seria quando a nossa vida estaria estabilizada e pronta para assumir esta grande responsabilidade. Mas acontece que agora já aconteceu.

Nós falhamos.

Quando sua prima Nancy engravidou com apenas dezessete anos, ele foi o primeiro a dizer que isso acarretaria um atraso na vida pessoal dela, porque a própria era apenas uma adolescente. Eu até entendo que um filho na adolescência acarreta mais problemas, por ser um período onde estamos passando por várias evoluções e fase que foi deixada para nos dedicarmos aos estudos. Contudo, a Nancy não se importou com isso, seguiu com a gravidez e teve todo o apoio da família e namorado, simplesmente teve o que era preciso no momento.

Respiro e inspiro fundo, tentando acalmar-me, porque da maneira como eu encontro-me, não conseguirei resolver absolutamente nada. Sinto a minha amiga caminhar comigo até minha cama e eu deito sobre a mesma, encolhendo as minhas pernas, e abraçando-as em seguida.

Fecho os meus olhos, fungando o meu nariz e minutos depois sinto uma mão quente em meu corpo.

― Tome ― Aubrey soa cautelosa, entregando-me um copo de água. Trago o mesmo até meus lábios. Beberico sentindo que na mesma possuí açúcar e vai servir para tranquilizar-me.

Coloco o copo sobre o criado-mudo. Agarro um dos travesseiro e fecho os meu olhos, dormindo em seguida.

•••

Abro os meus olhos, percorrendo com o mesmo cada extremidade de meu cômodo. Percebendo que já é noite e que minha amiga está deitada ao meu lado na cama. Sorrio por saber que ela não abandonou-me nesse momento, que se manteve aqui, mostrando o quão leal é.

― Está melhor, Bea? ― ela pergunta, e eu assinto após trazer a minha mão até a minha cabeça que lateja.

Fito-a vendo seus lindos cabelos cacheados pretos no meio das costas. Aubrey é negra. É dona de uma pele linda que cai bem com seus traços delicados e com suas irís chocolates que chamam bastante a atenção. Tem 1,68cm de altura e é considerada uma das pessoas mais inteligente de nossa turma.

― Os meus pais chegaram? ― sussurro, cruzo os meus braços e apoio às minhas costas na cabeceira da cama.

― Ainda não, mas eles ligaram e pediu para a Olivia avisá-la que saíram do trabalho para um jantar.

― Tudo bem ― murmuro cabisbaixa, sabendo que uma hora ou outra, eu vou ter que encará-los e contar toda a verdade, assim como contarei ao Justin.

Uma nova mensagem chega ao meu celular e eu pego-o em minhas mãos, vendo que é ele.

''Para aproveitar a última semana de férias da faculdade. Vamos sair agora à noite?'' ― Jus.

Não sei o que o dizer. Sinto vontade de fugir, ao mesmo tempo, em que quero encarar logo a verdade. Contudo, o meu maior medo é contar para o Justin o que tanto me aflige. Ele rejeitaria a mim e ao nosso filho? Porque desde que começamos a namorar ainda na adolescência foi o assunto que ele sempre veio batendo na tecla.

Um bolo forma-se em minha garganta.

Meus dedos voltam a tremer, mas mesmo assim, eu forço-me para digitar uma mensagem para ele.

''Acho bom, porque nós precisamos muito conversar. É um assunto delicado e sério, Justin.'' ― Bea.

''O que aconteceu, Beatrice?'' ― Jus.

Responde rapidamente e noto que Justin encontra-se apreensivo e sei que não irá demorar nada para ele bater em minha porta daqui alguns segundos. Bato meus pés freneticamente no chão sentindo toda a aflição voltar, tomando conta de mim por inteira.

Não o respondo mais.

Jogo a minha cabeça para trás, lembrando-me que nós dois iriamos viajar semana que vem para Chicago, para comemorarmos o nosso noivado. Ficamos noivos semana passada, depois de cinco anos de namoro. Porém agora, tenho quase certeza que quando eu despejar essa novidade sobre ele, nós não iremos mais nessa viagem, assim como os planos que fizemos não irão mais acontecer.

•••

Terminei de cobrir a minha pele com um vestido longo, turquesa, de alça. O mesmo realça o meu corpo e combina exatamente com o tom azul de meus olhos. Apenas amarro o meu cabelo em um rabo de cavalo simples e não faço nenhuma maquiagem. Eu não faço questão alguma de disfarçar que eu passei o dia inteiro chorando após sair daquele hospital onde recebi a notícia de que estou grávida e serei mãe. Quando o doutor olhou para mim e disse isso, eu senti o chão afundar debaixo de meus pés, assim como o sangue de minhas veias fugiram. Eu estava só. Eu decidi ir sozinha para me consultar, depois de começar a sentir alguns enjoos e os meus seios doloridos, sem contar que a minha menstruação estava atrasada. E isso foi motivo de preocupação, visto que sempre tive um ciclo regular, então, também recordei da primeira vez que transei sem camisinha com o Justin, e como não sou boba, passei a ligar os pontos e ver o que estava acontecendo comigo e com o meu corpo.

Aperto a minha mão em um punho firme.

Uma batida.

Duas batidas.

Três batidas.

― Beatrice! ― ouço a voz de Justin soar e movo os meus pés rapidamente em direção da porta, abrindo-a e deparando-me com o loiro lindo a minha frente. Ele sorri. Observando-me de cima à baixo.

Não digo nada. Apenas experimento o meu coração apertar contra o meu peito, pensando em como eu vou dizer isso a ele.

Fecho os meus olhos ao sentir seus braços puxarem minha cintura e ele colar nossos lábios em um selinho doce. O abraço é firme e forte. Talvez esse seja o nosso último abraço.

Aperto firme a sua camisa, inalando o cheiro bom que vem de seus cabelos recém lavados.

― Eu estou te achando tensa, Bea ― afasta os nossos corpos, e fita-me com as sobrancelhas franzidas. ― O que está acontecendo com você? ― Indaga bastante curioso.

― A gente precisa conversar ― digo, sentindo a minha garganta voltar a arranhar. ― Se preferir, nós nem saímos e eu vou logo ao ponto.

― Você está me deixando, preocupado! ― exclama nervoso e isso deixa-me mais angustiada.

Ele solta, pesadamente, o ar de seus pulmões e começa a andar de um lado para o outro. Impaciente, esperando que eu chegue logo ao assunto. No instante que seus olhos voltam para mim, estão escuros e seu semblante sério, bastante sério e eu temo a rejeição.

― Justin, eu estou grávida! ― digo engolindo a seco, vendo ele olhar-me com seus olhos severos e saltados. 

O Preço do Arrependimento | ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora