A amazona disfarçada

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A cobertura de Flávia Sampaio Lima estava animada naquela tarde.

Ela e Daniel, que optaram por uma união estável ao invés de um casamento tradicional, decidiram celebrar o relacionamento com um churrasco à beira da piscina, convidando os amigos queridos e familiares. Foi a oportunidade dos parentes de Daniel finalmente confraternizarem com Flávia, e a advogada se sentir parte da imensa e protetora família Vilas Bôas.

- Se Daniel fizer alguma besteira, me chame que eu puxo a orelha desse moço! – disse a sogra, dona Odete, bem-humorada. Tinha cerca de 70 anos, mas não parecia: frequentadora assídua da academia, também aproveitava para realizar pequenos procedimentos estéticos.

- É mais fácil eu aprontar alguma coisa, Dona Odete... – replicou Flávia.

- Minha filha, quem nunca cometeu um pecado na vida que atire a primeira pedra! – piscou o olho, divertida. Flávia sentiu-se aliviada com a recepção dos sogros, já que sua família nunca retomou o relacionamento após o escândalo com Félix e as fotos na sacada do apartamento.

- Cadê meu neto, cadê meu Henrique? – Anselmo Vilas Bôas, pai de Daniel, corria com alguma dificuldade atrás do pequeno, que gritava animado "vem me pegar, vôzinho!" enquanto uma das tias tentava impedir o menino de se aproximar da piscina, mesmo protegida por uma grade.

Apesar de separada do resto do espaço, a piscina não estava fechada: alguns convidados aproveitavam para se refrescar ou brincar de vôlei, como Janderson Monteiro e os irmãos de Ester, que ele tratava como filhos:

- Isaac, saca forte! – ele incentiva o mais novo, que era sua dupla na partida, enquanto as duas irmãs, Sara e Raquel, ficavam do outro lado esperando a bola.

Quando o saque do menino não foi defendido pelas duas, ele foi abraçado pelo policial:

- Eu disse que você ia conseguir!

- Obrigado, tio Jander!

- Eu acho tão bonito como Jander cuida dos teus irmãos, Ester... – comentou Sheila, enquanto tomava um gole de cerveja. As amigas prostitutas de Bel – que também conviviam com Flávia e a tinham como amiga também – estavam presentes na festa, felizes pela advogada não as ignorar porque Bel estava melhor.

Pelo contrário, elas eram um grupo unido de mulheres que estariam sempre juntas, contra tudo e todos.

- Nunca pensei que ele lidaria tão bem, sabe? – respondeu a jovem, suspirando feliz. – Não é fácil viver com alguém que traz mais quatro crianças junto a tiracolo.

- Mas ele gosta de você, e gosta dos meninos também. – disse Flávia, tomando a cerveja diretamente na lata. – Além disso, já tá treinando pro futuro.

- Calma, calma, ainda não! Tá cedo!

- E você, doutora? – perguntou Lorena, outra prostituta do grupo. – Quando é que vai ter outro filho com o ricaço bonitão?

- Boa pergunta... Daqui a pouco Rique vai começar a perguntar e eu vou ter de dar explicação, né?

- A propósito – Sheila disse, à meia-voz. – Conta pra gente... Como é? É maludo?

- SHEILA! – as outras meninas que acompanhavam a conversa ralharam em uníssono.

Flávia apenas tomou mais um gole da cerveja e disse, com um meio sorriso:

- Posso dizer que depois dele, dispensei até o vibrador. Alguém quer o Dênis? Tô doando!


Bel levava uma panela de cachorro quente e pães para o churrasco ("é a única coisa que eu sei fazer", comentou a jovem por telefone com Flávia, entre risos), contando que as crianças se esbaldassem.

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