Por trás da máscara

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Ninguém poderia acusar Frederico Bittencourt de ser covarde.

Encontrava-se na porta do apartamento de Flávia, esperando a porta abrir para falar com Bel. Ele sabia que as duas moravam em frente a Daniel (que ele chamava jocosamente de "o corno") e que, nas últimas semanas, não havia mais flagras dele com Michelle Cardoso na mídia. Para todos, o noivado do "casal 20" soteropolitano tinha acabado – e Frederico não mais se encontrava com a digital influencer.

Ainda recebia telefonemas e mensagens iradas de Michelle, entre a raiva de ter perdido Daniel "por culpa dele" e o desespero em não mais ter seus momentos íntimos com Frederico. "Mulher louca." Já tinha o contrato e não precisava mais transar com Michelle. Quem realmente lhe interessava se encontrava atrás daquela porta.

Não demorou muito: Bel abriu a porta, com um olhar indiferente. "Michelle, sua vagabunda! Acabou com as minhas chances!"

- Eu só deixei você subir para explicar que não quero conversar contigo, Frederico. O que eu vi... O que eu ouvi... Não dá pra confiar em você.

- Eu vou me explicar, Bel.

- Não sei se consigo te ouvir. Você tinha um caso com Michelle, você a usou para conseguir uma informação empresarial como se... Isso é doentio! Se você conhece o meu passado –e eu tenho certeza que você conhece – o que te impedia de usar a informação pra foder com minha vida?

- Jamais faria isso, Bel! – ele foi direto e duro em sua afirmação. Tanto que a jovem se assustou, dando um passo para trás, que permitiu a Frederico entrar no apartamento e agir como se fosse o dono do lugar.

Dominante, desabotoou o terno risca-de-giz e sentou-se confortavelmente no sofá. Observou Bel com atenção: não era mais a frágil e medrosa jovem que um dia conheceu. Tornou-se assertiva, direta, ainda mais questionadora. Gostava do que via, mas não queria que ela se soltasse o suficiente a ponto de não ser domada por ele.

- Podemos conversar calmamente e eu explicar o meu lado na história?

Bel suspirou. Cruzou os braços e disse:

- Por que, Frederico? Por que você quer que eu te ouça? Eu vi você transando com minha irmã, uma mulher desprezível, cruel. Você decidiu transar com ela pra conseguir informações sobre um contrato, e quase acabando com o emprego de Daniel!

- Isso são negócios, Bel-

- Negócios não significam que você deve ser antiético. Ou ser promíscuo. Porque pra mim, promíscuo passa longe de ter uma vida sexual ativa ou transar num lugar semipúblico... Por mais surreal que isso possa parecer... E sim usar algo tão íntimo como sexo para enganar, mentir e manipular.

- Eu não sou uma boa pessoa, Bel. – Frederico replicou, sincero. – Nunca fui. Todos conhecem minha fama, e se Flávia disse algo a você, ela está certa. Sou cruel, inescrupuloso, penso apenas em me dar bem, não importa os meios. Os fins justificam. Só que eu trato a alguns da forma como eu penso que eles devem ser tratados, porque são da mesma forma que eu. Você não. Você é boa, honesta, decente. A mulher mais bonita que eu já conheci, e não digo isso porque te vejo neste momento. Já te achava linda quando te vi pela primeira vez, porque enxerguei que havia algo em você que ninguém mais havia percebido. Por isso estou aqui para me explicar, e te convidar para sair comigo.

Bel arregalou os olhos. "O...O quê?" Como poderia imaginar que ele queria convidá-la para um encontro? A jovem estava surpresa – Frederico Bittencourt era milionário: sofisticado, charmoso, privilegiado, influente. Por que se interessaria, ficaria atraído por ela? Entendia o apelo de Michelle: eram do mesmo nível social e com certeza sua irmã sabia como navegar nos mesmos espaços que Frederico; já Bel era bem diferente. O que teriam para conversar num encontro... "Além de nossos gostos musicais parecidos?"

Cavaleiros da NoiteWhere stories live. Discover now