O segredo da amazona

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SURPRESA!

Eu tomei a decisão de publicar logo este capítulo porque ele é uma continuação direta do outro, e finalmente teremos a revelação de UM dos principais segredos deste livro. Se vocês já tinham imaginado qual era a relação entre Bel e Michelle, veremos se vocês vão sacar a origem de tudo isso...

(além disso, tô ansiosa em publicar também hahaha)

vamos lá!

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Severo cumprimentou Michelle com neutralidade, procurando nos traços da digital influencer alguma semelhança com Isabel. Se as duas eram irmãs, com certeza elas eram parecidas com lados diferentes da família. Podiam ser pessoas distintas se não compartilhassem o mesmo nome e sobrenome.

Pediu que a jovem entrasse no restaurante; os dois se sentaram numa mesa discreta, pouco vista por pessoas curiosas.

- Foi até uma boa ideia essa conversa aqui, investigador... – começou Michelle com seu tom de voz mais agudo e aparentemente amigável e jovial. – Sou conhecida e a todo momento pessoas tiram fotos minhas. E sou noiva, então...

- Compreendo. – replicou o policial. – Então vamos ser diretos, Srta. Cardoso. Entrei em contato com a senhorita porque estamos investigando uma série de crimes praticados por um homem que usa aplicativos de transporte para atrair prostitutas e matá-las.

- Já ouvi falar... É o "assassino do aplicativo"... Meu pai morre de medo quando eu uso esses apps, mas eu já disse a ele que o bandido não captura mulheres de bem, apenas prostitutas.

A tranquilidade com a qual ela dissera aquilo incomodou Severo, talvez porque até há algum tempo, também era a sua linha de raciocínio.

- Pois bem... Algumas das vítimas já foram identificadas, mas uma delas ainda não. Temos algumas informações que podem indicar que essa nova vítima seja sua irmã, Isabel.

O objetivo de Severo não era dizer que Bel estava viva; pelo contrário. Se ela tinha chegado ao ponto em que se encontrava naquele momento, aquilo tinha causas antigas, ligadas ao fato de uma irmã viver na pobreza, sem dinheiro para sobreviver, enquanto outra era visivelmente privilegiada, morando num condomínio de luxo na cidade.

- Ela preenche as lacunas das vítimas: é prostituta e viciada em crack. Mas precisamos de alguém que possa reconhecer o corpo.

A réplica de Michelle foi desdenhosa, com um meio sorriso de quem parecia estar gostando do que ouvia.

- Não estou surpresa, investigador. Isabel sempre foi problemática. Promíscua, viciada em drogas. Meus pais não aguentaram ela, tiveram que expulsá-la de casa quando ela começou a roubar as joias da nossa mãe. Ela procurou esse fim.

- Mesmo assim, Srta. Cardoso, não deseja saber se o corpo que encontramos não é de sua irmã? Até para informar os seus pais do paradeiro dela?

- Não acredito que eles se importem. E nem eu. Nós fingimos que Isabel não existe, ninguém em nosso círculo sabe que minha mãe teve outra filha.

- Então essa mulher pode ser enterrada como indigente.

- Pelo menos não terá ninguém pra gastar dinheiro pagando enterro, não é mesmo?

Severo não quis mais conversar com Michelle, tampouco estender o tempo no restaurante. O ar tinha ficado carregado, e nocivo: aquela bela mulher não tinha coração, apenas veneno.

No entanto, ficou curioso: por que a família Cardoso expulsou Isabel de casa? O policial duvidava de que ela era promíscua (ainda mais depois do beijo) ou ladra: anos vivendo à margem da sociedade e ela sequer tinha uma ficha corrida na polícia. Nada batia com aquela descrição bruta feita por sua irmã.

Cavaleiros da NoiteWhere stories live. Discover now