Parte 2

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Ricardo levou seu carro, então, não tenho opção à não ser pegar um ônibus intermunicipal que me leve até salvador.

Pego a cópia da chave e minha carteira no balcão da cozinha, abro-a para verificar se meus documentos falsos e o dinheiro estão nela, enquanto vou em direção à porta. Paro de andar no mesmo instante em que, em um dos bolsos dela, vejo a foto que eu tanto admiro, a foto dos dois grandes amores de minha vida. De alguma forma, ouço a voz de Ricardo novamente a falar no meu ouvido:

Meu amigo, quero que me prometa que, se por caso, alguma coisa acontecer comigo, que de forma alguma você retornará, que de forma a l g u m a você virá até a mim. Você simplesmente arrumará suas coisas e irá embora! Já chegamos até aqui, não podemos retroceder e desperdiçar todo o nosso esforço. Em primeiro lugar: você e suas garotas, entendeu?!

Porra Ricardo! Me desculpe, meu irmão... me perdoe...

Volto até o quarto e arrumo minhas roupas numa mala. Vejo o pacote do dinheiro que ele me deu, em cima da cama e o pego, colocando-o junto com as minhas roupas.

Ter que ir embora e deixa-lo, é doloroso demais e, talvez eu me sinta culpado depois... mas como ele mesmo disse, não podemos retroceder!

12/07/2019

20:30 PM

— Ele ainda me contou que - continuo a falar com Lexy. — Foi para o Rio de Janeiro, ficou mudando constantemente de cidade, nunca criou laços com as mesmas, não fazia amigos e, apenas tinha conhecidos.

— Ok. O dinheiro que Ricardo deu para ele, foi só para se passar três meses, o que ele fez depois para conseguir sobreviver?

— Meu pai começou a trabalhar como ajudante de pedreiro.

— Para uma empresa? De carteira assinada?

— Não, como eu disse, ele mudava constantemente de cidade, para manter seu disfarce, ele não podia se prender em um trabalho de carteira assinada. Meu pai arranjava bicos, essa é a realidade.

— O dinheiro que ele começou a receber deu para sustenta-lo durante nove anos? — pergunta dando ênfase aos anos.

— Claro que ele não vivia no mesmo estilo de vida. Antes ele tinha uma rede de restaurante que fazia sucesso, vivia do bom e do melhor. Sendo ajudante de pedreiro é outra realidade completamente diferente, um trabalho digno e honesto mas que infelizmente, não podia o proporcionar as melhores coisas, por exemplo: nos primeiros meses, ele dormia nas obras das quais ele trabalhava, depois ao passar do tempo ele começou a alugar quitinetes para poder ter um tipo de acomodação melhor. O dinheiro era pouco, mas ele conseguia separar em: aluguel, comida, fora as despesas da casa como: água, luz e gás. E a outra parte ele enviava anonimamente para Ricardo, como uma forma de ajudar por tudo que ele fez, já que meu pai descobriu que ele ficou tetraplégico e perdeu a memória depois do acidente. Um dos únicos fundos de renda que ele tinha para se manter, deu ao meu pai, o outro é a aposentadoria que quase não dá para nada.

— Meu Deus, Meghy... é tudo tão... inacreditável! — fala com uma expressão confusa entre felicidade e espanto. — E vem cá, por que ele voltou para Salvador?

— Desde o acidente com Ricardo, meu pai meio que entrou em depressão por se sentir culpado diante de todo o acontecimento, tanto é que, ele não tinha forças para continuar o que acabaram detendo de uma forma tão brusca. Depois de todos esses anos, ele começou a se dar conta de que ele precisava fazer algo, que ele não podia simplesmente ficar acomodado com essa situação, que não fez tudo isso atoa, ele precisava de uma resposta, de uma vingança, por ele, pela família e agora... pelo seu melhor amigo. Também disse que sentiu minha falta, e que precisava me rever, depois de anos separados. Ele estava querendo ver minha mãe, mas pedi para ter paciência, afinal, ainda não o contei sobre ela e Thomas... e agora depois do que descobrir, nem sei como contarei que o culpado por tudo isso , não só destruiu sua vida, como tomou ela de suas mãos... a mulher, a filha, os seus negócios, tudo que ele mais ama. O culpado por tudo isso é um dos seus melhores amigos de infância, uma das pessoas da qual ele mais confiava... o culpado por tudo isso, é Thomas! — falo com lágrimas nos olhos e com o ódio tomando conta do meu peito. — Quer saber de uma? — levanto do sofá e sigo em direção à porta. — Não aguento mais... preciso ir!

A Busca Pela Verdade (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now