Parte 2

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00:40 AM

— Já podemos sair daqui! — Ricardo diz ao entrar pela porta do meu quarto.

— Você conseguiu? — pergunto animado.

— Eu disse que com dinheiro se resolve tudo nesse país corrupto. Você é um homem morto, meu amigo!

— É... isso é meio mórbido... — meu ânimo vai se esvaindo.

— Não era isso o que você queria?

— Querer e precisar são duas coisas completamente diferentes!

— Entendo... — fala com um fio de voz, como se tivesse se arrependido pelo comentário. — Bom, um dos médicos me deu a chave do armário da dispensa, onde ficam alguns uniformes.

— Espera, qual é a sua ideia?! — falo já sabendo da sua resposta.

— Deixaremos nossas profissões de lado e seremos os mais novos médicos, meu amigo!

— Estamos em um filme agora e, eu não sei?!

— Único jeito de dar o fora daqui! Tem uma ideia melhor sr. "estamos em um filme agora, e eu não sei?!" — fala novamente a me remendar.

— Você está indo muito bem em me remendar, parece até a minha mulher, mas agora... dá para pegar logo essas porras desses uniformes para sairmos logo daqui?!

— Parece que a princesa está de tpm... encontramos alguém mais parecido com a sua mulher do que eu.

— Vai se foder, palhaço! — dou risada, enquanto pego um dos travesseiros que estão a apoiar minha cabeça em uma tentativa de joga-lo no seu rosto, porém, ele foi mais rápido e correu ao sair fechando a porta do quarto.

— Ricardo?! Ah... você está aqui! — ouço a voz de minha mulher perto da porta, poucos segundos depois.

— Oi Sophie... - ele responde meio sem jeito.

— Como Andrew está? Quero tanto falar com ele... quero tanto abraça-lo.

Nesse momento meu coração aperta, e quase o impulso toma conta do meu corpo. Peguei-me a me segurar para não abrir aquela porta à abraça-la apertado. É o que eu mais quero... dizer para ela que, tive tanto medo enquanto estava no meio das chamas, que só pensei nela e na nossa Meghy... que eu estava à sonhar com esse abraço, e... depois fazer um almoço enquanto dançamos pela nossa casa, à ouvir nossa música favorita , como fazíamos... eu só queria tomar mais um gole do nosso vinho, junto à ela... eu só queria amá-la mais uma vez, contar piadas para ver o seu lindo sorriso... mas isso terá que ficar para depois, quando eu me ver livre desse pesadelo, quando eu descobrir quem tentou me matar, poderei beijá-la mais uma vez... amá-la mais uma vez... sentir suas mão na minha enquanto dançamos pela casa, mais uma vez... tomar o nosso vinho... mais uma vez... ver o seu sorriso mais uma vez... tê-la mais uma vez... ou melhor.... várias vezes, até o resto de nossas vidas.

— Sophie, é tarde demais... — Ricardo fala como se tivesse se segurando para não chorar. Sinto que, naquele momento ele realmente quis isso, sei que se imaginou na minha situação, sei que pensou como se fosse com a família dele.

— Como... como assim tarde demais? Ricardo... do que você está falando?

A Busca Pela Verdade (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now