Parte 2

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09/04/2010
Sexta-Feira

20:00 PM

Eu, em um cemitério, enterrando meu pai... Nunca imaginei está nesse local tão cedo, claro que a probabilidade de eu enterrar os meus pais são maiores, porém, ainda assim me recusava a pensar e estar vivendo isso agora, é uma das coisas mais difíceis pelas quais já passei. Vejo todos de branco — já que meu pai odiava a ideia de usarem preto em um velório, principalmente se fosse no seu. — Sentados em uma cadeira, envolta do caixão fechado em que ele está.

O padre está na frente do seu caixão, recitando versículos da bíblia e, nessa hora eu só queria falar com Deus, queria ouvi-lo me responder, o por quê você? Por que te tirou de mim? Eu preciso de uma resposta...

Como eu quero que isso seja só mais um pesadelo, como aquele de quando eu era criança e você me acudiu em seu colo, dizendo que estaria aqui para sempre à cuidar de mim, que só foi um pesadelo... ou um daqueles no qual eu acordava e batia na porta do seu quarto e de minha mãe, com um travesseiro na mão e assustada, e você atendia, já sabendo do que se tratava, me colocava no meio de vocês dois e me ninava, até eu pegar no sono... eu só queria acordar e te ter aqui... é só o que eu quero... que seja um pesadelo.

Assim que o padre termina a oração, a família e amigos tem cinco minutos para se despedir, então cada um se levanta individualmente para isso.

Quando chega a minha vez, tento falar em meio à soluços.

— Eu não quero que isso seja uma despedida, até porque não é, e nem um adeus. - Meus olhos se enchem de lágrimas e já me encontro a soluçar. - Até algum dia... até o dia em que, voltarei a ser inteira, pois, isso só acontecerá quando eu me reencontrar com você!

Pego o celular que está em meu bolso e coloco nossa música para tocar bem baixinho, começando a cantá-la junto ao cantor, como nós fazíamos.

Fecho os olhos e consigo imaginá-lo junto a mim, com ele cantando ao meu lado. Sinto suas mãos tocarem nas minhas e sua voz no meu ouvido:

Sunshine... ficará tudo bem. Eu estou aqui ao seu lado.

Abro os olhos e diferente da minha imaginação, não o vejo, realmente... não se passou de uma ilusão.

Chegou a hora... o caixão desce pela corda para dentro da sepultura. A dor desse momento é imensurável, o ar falta e o coração aperta. A pior sensação é a impotência, não poder fazer nada para tira-lo daquele lugar, não poder fazer nada para tê-lo de volta. Ele não merecia esse fim... ele não merecia ter sofrido tanto, porque a pior parte foi a forma como ele morreu. Primeiro teve seu corpo em chamas, sentindo cada parte dele arder, sendo queimado vivo e, quando saiu daquele inferno, mesmo que sentisse que poderia morrer, ele ainda tinha esperanças de viver, sei que tinha, aconteceria com todo ser humano, ele imaginou assim como eu, reencontrar-nos. A esperança foi nos dada para ser arrancada de nós, tão brutalmente...

Assim que toda a terra toma conta do caixão que, agora está debaixo dela, todos vão embora, até mesmo minha mãe prefere ir. Depois de ter insistido que eu fosse com ela, a mesma cede e, é acompanhada por Thomas até em casa. Lexy e Nicollas ficaram aqui comigo, pois, eu não queria ir, não queria deixa-lo sozinho naquele lugar, eu o prometi está sempre ao seu lado, é como se eu estivesse quebrando essa promessa.

Dez minutos se passou, quando Nicollas me pediu para irmos.

— Eu não posso deixa-lo sozinho... — respondo-o.

— Você não o deixará sozinho, Megan... — ele fala.

— Sim, você sempre estará com ele, assim como ele sempre estará com você. — Lexy completa.

— Vem, vamos. — Eles me amparam pelo braço e me levam até o carro.

Naquele momento, eu estava ali, mas não estava. É como se os meus pensamentos fossem para outro lugar.

A Busca Pela Verdade (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now