A cidade de Bexley esconde verdades de seus cidadãos que a própria verdade desconhece. Isso, até que um suposto suicídio força tais segredos a sairem das sombras para o bem da população não tão pacata desse misterioso município de Vermont. Consequen...
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''É a Angela alí?''
''Eu sempre soube que tinha sido ela!''
''Não acredito que foi ela que fez aquilo com a Poppy...''
''E pensar que eu conversava com essa psicopata no ensino fundamental!''
''Será que ela está indo presa? Ela já pode ser presa?''
Angela Ashwood mantinha os olhos fixos no chão, enquanto caminhava entre dois policiais pelo corredor de Bexley High. Sua expressão revelava tensão e medo, que até aonde qualquer um sabia poderia ser uma encenação para convencer os outros de sua inocência.
Colt a analisou, imóvel, contra um dos armários escolares. Os dois trocaram um olhar breve.
Angela tinha diversos defeitos. Era mimada, pouco compreensiva, egocêntrica, teimosa, abusiva, inteiramente insuportável e suspeitosamente ciumenta. Mas Colt Carlile não conseguia acreditar que ela seria responsável por duas tentativas e dois homicídios bem sucedidos. Não que ele colocaria suas mãos no fogo em nome da menina, por que tinha a convicção de que talvez ela estivesse envolvida em algum ponto de todos aqueles acontecimentos, só não acha que era até aquele ponto.
Seu olhar em direção à menina foi curto e solidário, então o jovem se voltou à própria imaginação, buscando processar todos aqueles acontecimentos.
Por alguma razão a frase que sua governanta Tina o tinha disparado meses atrás ecoou de volta na superfície de seu imaginário: ''Conhecida aos nossos olhos, Sr. Colt! Conhecida aos olhos do cachorro do mal''.
Tina não poderia estar se referindo à Angela por dois motivos:
O primeiro era que embora Angela Ashwood morasse no Bairro dos Lustres e já tivesse frequentado a casa de Colt, o cachorro da vizinhança nunca tinha se familiarizado bem com a menina. Colt se lembrava até dos dias em que caminhavam juntos para a escola e ela condenava o cão à morte ao ser assustada por latidos sedentos.
O segundo era que o horário em que Tina testemunhou ter visto o mímico pulando a janela, depois de atacar Camille, e em seguida pular o portão da residência - condizia com o horário em que Colt tinha acabado de empurrar Angela de volta para o sofá depois de ter sido beijado à força. Além do fato de que a menina não estava em momento nenhum da festa fantasiada de mímica.
Era fisicamente impossível que sozinha, Angela tivesse atacado Camille e Pao. Angela estava com Bay Bachmann na noite em que Pao faleceu, e Angela estava em frente a Colt Carlile enquanto sua madrasta era esfaqueada na cintura.
Colt, Galatia e a polícia também tinham chegado à conclusão de que o assassino de Pao só poderia ter escapado sem ser pego por câmeras de filmagem ou testemunhos através do lago Champlain. E aí que estava: Angela não só não sabia nadar como achava o lago Champlain e suas águas verdes escuras perturbadoras.
