Capítulo 4: Então Parece Que Temos Uma Máquina de Xerox Por Aqui

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Lago Champlain

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Lago Champlain

Larry Lockhead ajoelhou-se e deixou pender o peso do corpo nos joelhos gastos. O tecido de seu jaleco era emporcalhado pela lama seca assim como a ponta de seus sapatos brancos.

Com os olhos azuis, assim como os do filho mais velho, Larry analisou minuciosamente o corpo inchado, retorcido, encharcado e esverdeado de quem um dia foi Poppy Portella.

- Quanto tempo? - Questionou o Delegado Rogers, que dava barulhentas voltas em círculo para não ser forçado a ver aquela figura perturbadora por muito tempo. Já tinha lidado com cadáveres antes, mas aquela era a primeira vez que via um tirado do fundo de um lago.

- Vinte e três horas - Larry puxou a luva cirúrgica contra os dedos - O primeiro golpe foi um corte no estômago com sentido para cima para atingi-la em cheio na artéria coronária. O segundo foi na jugular interna. A morte foi instantânea a partir do segundo.

- Morte instantânea à facadas!? - Foi a vez do perito entrar no assunto. Alguns dos Vigilantes atravessavam uma grossa fita amarela ao redor das árvores da cena do crime para isolá-la dos olhares curiosos.

- O responsável por isso sabia bem o que estava fazendo... Perfurou primeiro no estômago justamente por que se fosse direto no peito a rigidez da caixa torácica ia impedir que o golpe fosse tão fatal - Larry ajustou os óculos na ponta do nariz - Quanto a arma... Não foi uma faca comum... É bem mais fina e menor... Quase uma faca cirúrgica.

- Você diz essa aqui? Nós achamos na passagem do Lago Champlain próxima ao Bairro dos Lustres - Rogers Bachmann sinalizou com as mãos para que um dos investigadores trouxesse uma comprida lâmina suja de lama e sangue seco que pouco se diferenciava da outra substância.

Ao vê-la, Larry se colocou de pé em instantes, incrédulo.

- Essa faca é minha.

- Sua!? Tem certeza!? - Rogers arregalou os pequenos olhos amarelos. Seu rosto rechonchudo tinha uma cor vermelha e seu espírito se revelava energético.

- Absoluta, minhas inicias estão cravadas no punhal - Ele apontou para o ''L.L'' da faca repousada nas mãos cobertas por luvas de um dos Vigilantes - Não costumo usá-la em cirurgias mais, mas eu a guardava em casa junto com meus outros acessórios de trabalho.

Rogers Bachmann alisou o grosso bigode ruivo com os dedos em forma de pinça de forma reflexiva.

- Quem tem acesso aos seus acessórios, Sr. Lockhead?

- Minha mulher, minha mãe e meus dois filhos - Larry respondeu, firme - Minha mulher não está na cidade há mais de duas semanas, minha mãe é uma senhora de idade e meus filhos não-

- Eu não estou acusando ninguém, Sr. Lockhead. Foi só uma pergunta - Rogers buscou manter a conversa estável, reparando no modo caótico que a testa de Larry se enrugava - É óbvio que vamos ter que conversar com a família do senhor para entender o que pode ter acontecido... Vamos analisar as digitais na faca também.

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