Capítulo 11: Antes Fosse Mais Um Romance

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Mas não foi o caso, dessa vez.

Colt espaçou um sorriso em seus lábios naturalmente avermelhados, entretido, e estava prestes a falar algo quando um barulho esquisito ecoou da parte traseira do casarão dos Pang.

Quase um grunhido.

Tão indiscritível que poderia ter sido só um animal, e o barulho seguinte de arbustos se movendo confirmou a natureza do som.

E então o silêncio se restabeleceu.

- Você precisa de uma carona para voltar para casa? - Colt ofereceu, voltando sua atenção a Galatia - Ou melhor, é claro que você precisa. Vou pegar uma toalha para você.

- Não precisa! Sério, eu posso ir-

- Por favor - Colt pediu com seus olhos, que eram cinzas e Galatia nunca tinha visto alguém com os olhos cinzas - É o mínimo que posso fazer pela menina que se materializou aqui só para salvar minha gata. Eu insisto.

Ele brincou, traçando seu caminho para o casarão próximo dali, que o pertencia.

E mesmo calada, ela assentiu.

~

Envolvida em uma toalha felpuda maior que si, Galatia assistiu Colt Carlile fechar a porta de seu Audi TT e colocar seu cinto de segurança, prestes a levar ela, Galatia Gray, para casa.

Caralho, que noite.

- Aonde você mora? - Ele questionou manuseando o câmbio.

- No Bairro dos Limões - Era o apelido de seu quarteirão pois todas as casas eram pintadas de verde-claro - É a terceira casa do lado direito.

Galatia passou os olhos por trás do vidro e se atentou a uma figura que caminhava suspeitosamente em frente ao Parque dos Lustres.

Se seus olhos cansados não estivessem a enganando, aquele era Bay Bachmann e ele também a tinha avistado. Mas antes que se pudessem tirar conclusões, o carro passou a andar e a cena ficou para trás.

Galatia só sabia que não estava na posição de julgar ninguém por estar em lugares aleatórios de madrugada.

- Não acredito que você escuta trap - Disse notando a música "Panda" na tela central do carro, que embora não tocasse pela falta de som era exibida pelo Bluetooth.

- Eu sou eclético - Colt riu da reação espontânea da garota no banco de passageiros - Por que? Que tipo de coisa eu tenho cara de escutar?

Era essa uma das perguntas que assolava o grupo de amigos de Galatia. Para Marina a resposta era podcasts satânicos. Para Leon a resposta era música country enrustida, mas Galatia sempre acreditara em uma única hipótese;

- Jazz. Você tem cara de quem escuta jazz, acha que tem o gosto mais refinado de todos os adolescentes de Bexley e reclama que a nossa geração só tem música ruim nos comentários dos vídeos do Frank Sinatra no YouTube - A resposta detalhada tirou uma gargalhada cômica de Colt.

- Uau. Eu ia dizer que você tem cara de quem só escuta música pop, mas você pegou pesado.

- Você falar que eu só escuto pop é um comentário que pegou pesado por si só - Galatia rebateu e os dois riram por mais algumas curvas.

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