Capítulo 33

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Chegamos na loja em poucos minutos, fomos recebidas por um vendedor que nos mostrou os novos modelos que tinham chego, fiquei tão apaixonada por uma sandália verde que estava lá que por um momento esqueci que os meninos estavam do lado de fora. Olhei pra eles e reparei o semblante do Thiago sério e totalmente diferente do que estava antes, ele encarava com os olhos cheio de raiva um casal que estava dentro da loja, a menina tava visivelmente incomodada com a presença dele ali, logo fez questão de agilizar a compra e sair da loja mas o olhar do Thiago a seguiu até onde o campo de visão dele conseguia. Ele fez a menção de ir atrás da garota mas o Bruno segurou ele e falou algo que eu não consegui entender, logo o olhar dele cruzou com o meu e eu fingi demência olhando pra Mayra.

May: Vc viu isso?
- Impossível não ter visto. Mas não vou falar nada né, deixa ele...

Depois de comprar as sandálias, nos aproximamos deles conversando como se nada tivesse acontecido, como o Thiago não consegue esconder aquela cara de cu que ele faz quando acontece alguma, ele ficou olhando pro nada de cara fechada.

Bruno: Pensei que iam comprar a loja inteira. -falou rindo-
May: Se eu tivesse condições comprava mesmo..
- Imagina a gente com um patrocínio da Melissa?! -ri olhando pra ela- Seríamos um nojooo!
Thiago: Tu já é um nojo, garota. -falou disfarçando-
May: Vc ainda não viu nada, Thiago. -gargalhamos-

Fomos dar mais uma voltinha no shopping e depois nos dirigimos pra praça de alimentação pq eu tava morrendo de fome. Assim que chegamos avistei de longe a mulher que o Thiago encarava, ela era negra, alta e aparentava ter uns 20 anos. Bem linda por sinal. Ele estava com o braço no meu pescoço conversando com o Bruno e a May, parecia não ter percebido a presença da tal mulher, já ela nos encarava e desviava o olhar toda hora.

Thiago: Vai querer o que? -me fez olhar pra ele-
- Que vc desfaça essa cara amarrada.
Thiago: É minha cara de sempre, Heloísa! -olhou pra frente- Vai querer comer nada não?
- Hm, tá.

Tirei o braço dele do meu pescoço indo andar mais na frente, parei na fila do Burger King, com o Thiago atrás de mim, e a May no Mc Donald's com o Bruno. O dia tinha tudo pra ser ótimo mas sempre tem que ter alguma coisa!! Toda vez que eu saio com o Thiago é isso, sempre um stress. Fiz meu pedido e o Thiago o dele, ele pagou os dois e nós ficamos mais uns minutos esperando chegar, assim que chegou nos encontramos com a May e o Bruno mais a frente. Bruno foi nos guiando pra uma mesa que estava vaga, infelizmente, de onde nós estávamos dava pra ter a total visão da mesa da tal mulher, que não parou nos vigiar um segundo.
Sentamos e começamos a comer, conversamos pra caramba não deixei nada atrapalhar o rolê

[...]

Eu tentei, juro que tentei, mas desde a hora que o Thiago percebeu a presença dela numa mesa perto da nossa  não parou de olhar em direção a ela, todo mundo já tinha percebido. Pior de tudo é que o ciúme dele tava estampado na testa.

- Pq vc não senta lá na mesa com eles? -cortei o assunto-
Thiago: Tá maluca, garota?
- Porra, todo mundo já reparou que tu tá mais lá do que aqui. -me alterei- Tá olhando pra ela desde lá da loja da Melissa.
Thiago: Segura teu pagode aí porra, tá falando alto pq?!
- Depois que tu resolver o que tiver pra resolver com ela, -levantei- ai a gente conversa.

Peguei as bolsas na cadeira, me despedi do Bruno e me desculpei.

Thiago: Para de palhaçada Heloísa, senta aí logo.

Ignorei ele e saí saindo com a Mayra atrás de mim, me aproximei da mesa da tal garota encarando ela.

- Agora tá livre pra vcs se encararem, meu bem. -sorri debochada-

Assim que nos afastamos suficientemente da praça de alimentação a Mayra começou a rir.

May: Cara, vc não presta. Viu a cara do bofe que tava com a garota? -gargalhou-
- Ele era lindo demais, viado. Se a mina quisesse fazer a troca de bofes eu ia numa boa -ri junto com ela-

Brincadeiras a parte eu tava puta mas não ia deixar isso estragar meu dia, por mim ele poderia se explodir com aquela lá que eu não tô nem aí. Deixa ele vir me mandar msg só..
Chegamos em casa ia dar 21h, assim que eu cheguei em casa peguei minha mãe chorando no colo do Gustavo e o Henrique tentando acalmar ela, na hora meu sorriso se desmanchou.

- O que aconteceu? -me aproximei deles- Tá sentindo alguma coisa?
Bia: Não.. -falou se sentando com a ajuda do Gustavo- A gente tem que conversar!
- Então vai, desembucha, tá me deixando preocupada.
Bia: Eu vou precisar que vc seja madura e forte pra gente poder passar por tudo isso junto! -segurou meu rosto-

Olhei pra trás e a May já chorava no peito do Henrique.

- Ah, não. Mãe, o que aconteceu?

Eu nem imaginava o que poderia ter acontecido mas sei que todos já sabiam menos, então com certeza era...

- Me diz que meu pai tá bem?! -senti meus olhos marejarem-
Bia: Ontem ele sofreu um acidente no morro... -começou-

[...]

Eu só sabia chorar. Aquela angústia de saber que alguém que eu amo tá numa cama de hospital sobrevivendo através de aparelhos, e o pior, eu não posso vê-lo.
Nada me acalmava naquela hora, a May me ajudou a tomar banho, deitou cmg na cama e ficou me fazendo cafuné até eu conseguir dormir.

May: Vamos, Heloísa. A gente vai acabar se atrasando! -tirou a coberta de mim-
- Tem como me dar um passe livre hj? Porra, tô malzona.
May: Sem passe livre, vc presica ocupar essa cabecinha. Vem!! -me puxou da cama-

Cumpri minha rotina matinal sem o mínimo ânimo, antes de sair de cama, passei no quarto da minha mãe e sei um beijo nela fazendo o máximo para não acordá-la, assim que chegamos na porta do prédio o carro do PL parou na nossa frente. Um silêncio necessário se instalou durante toda a viagem até a porta do colégio, como já estávamos atrasados assim que chegamos saímos do carro apressados.

PL: Conta cmg pra qualquer parada, suave? -segurou meu braço-
- Obrigada tio. -abracei ele-
PL: Daqui a pouco ele tá aí pra atentar nosso juízo -falou me soltando e eu ri fraco concordando-

Entrei na sala no último minuto da tolerância de horário, a turma inteira me encarou, com certeza perceberam meus olhos fundos por não ter conseguido dormir direito a noite. Sentei na última cadeira da sala me encolhendo o máximo possível, pra melhorar meu dia a piranha da Eduarda não parava de me encarar..
Eu não conseguia prestar atenção em nada que a professora falava, eu tentava mas minha cabeça tava no mundo da lua.

Do Asfalto ao Morro 2 Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon