Capítulo 114

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Henrique narrando

Minha cabeça tá explodindo com essa decisão do meu pai, todos os meus neurônios parecem estar colidindo da maneira mais absurda possível. Como ele joga uma bomba assim? Sem mais nem menos... Não consigo ver meu pai fazendo outra coisa a não ser comandando o morro, como vamos sobreviver sem isso?

Mas, por outro lado, tô nem acreditando que agora eu sou tio mesmo... Graças a Deus é um molecão né, pq eu não tenho nem disposição pra pagar pelos meus pecados tendo filha nem sobrinha mulher, logo menos vou tá colocando o Isaac pra pista junto com o Arthurzin, vai ser só sucessada.

Única coisa que eu não consigo engolir é esse Vitão, nem que eu me esforce muito, nada vai tirar da minha mente o dia que vi ele fazendo a Heloísa chorar aqui na sala. Na real, tô rezando pra ela enxergar o babaca que ele é e dar um pé na bunda dele de uma vez. Só aí que ela vai ser feliz mesmo.

Lua: Que cara é, doido? -chamou minha atenção-
- Tô pensando numas parada aí... -dei o último gole na minha cerveja- Mas e tu, tá com a cara enfiada nesse celular direto pq?
Lua: Tô marcando com o @ mais tarde... -riu de lado-
- Ué, não chegou nenhuma mensagem aqui não. -debochei-
Lua: Deve ser pq o @ não é vc, né Henrique? -falou séria-

Ela tava boladona comigo pq a gente foi pra um baile lá na Vintém e tinha muita mulher rendendo pra mim, e quando eu digo muita, não é 4 ou 5 não, é MUITA mesmo, enfim, sendo que eu tinha falado que a gente ia parar junto mas a galinhagem acabou falando mais alto.

- Fala assim mas mais tarde vai querer parar do meu lado... -falei baixo-
Lua: Vai sonhando, bobinho. -revirou os olhos virando a cara pro outro lado-

Saí dali pra cozinha rindo da cara dela, abri o freezer e peguei uma cerveja estupidamente gelada, deu até alegria de ver. Mais tarde tem baile e já tô no pré aquecimento.

Guto: Henrique. -apareceu atrás de mim-
- Que isso, viado. -coloquei a mão no peito- Quer me matar a qualquer custo, né?! -ele riu-
Guto: O que tu tá achando disso tudo? -falou abrindo uma cerveja-
- Quer que eu ache o que? É o que ele quer, ué. -dei os ombros-
Guto: Mas vc deve ter uma opinião sobre isso, né animal? -falou jogando a cabeça pro lado-
- O que eu acho que quem vai acabar segurando a pica disso tudo vai ser a gente, Gustavo. -dei um gole na cerveja-

A figura do Vitão surgindo no batente da cozinha nos fez parar de falar para encará-lo, o cara parecida tá pilhadão com alguma parada mas eu nem entendi o motivo dele está olhando a gente desse jeito.

Guto: Tá precisando de alguma coisa?
Vitão: Vim conversar com vcs. -falou encostando no armário respirando fundo- Sei que não devo nada pra vcs mas a partir do momento que tô me relacionando com a Heloísa sei que tenho que conversar com vcs sobre tudo o que rolou e tals.
- E onde vc quer chegar com essa ladainha? -encarei ele seriamente-
Vitão: Quero fazer tua irmã feliz! E sei que ela não vai ser feliz se vcs se afastarem dela por ela estar comigo ou vcs ficarem ignorando a minha presença toda vez que a gente se reunir pq saibam que vcs, querendo ou não, não vão me fazer desistir da Heloísa.

Gustavo riu sem humor e me olhou com uma expressão irônica.

Guto: Vc já se colocou no nosso lugar? -falou sem olhar pra ele- Duvido que vc aceitaria de boa se o namorado de sua irmã fizesse a metade das coisas que vc fez pra Heloísa.
- Eu sei disso, e não tô tirando a razão de vcs não, só que a gente ficar batendo cabeça vai adiantar de que? -ele abriu os braços- Só vai causar um mal estar horrível na família de vcs fi, pq eu estando com a Heloísa e com meu filho nada mais me importa.

Ficamos os três em silêncio numa situação bastante embaraçosa.

Vitão: Eu queria até me desculpar pela parada que rolou entre a gente naquele dia aqui na sala. Eu era obcecado pela tua irmã e isso me deixava enlouquecido, tá ligado? -assenti-

Tava tentando assimilar tudo, o tanto que eu já espraguejei esse cara pra Deus não é nem normal mas ele parece estar tentando, sabe?! Vejo que não tem nem 1% babaca que tava fazendo a Heloísa chorar no dia que eu cheguei aqui, mas também não posso julgar pelo momento.

- Eu acho que a única coisa que temos incomum é a vontade de ver a Heloísa feliz. -falei pensativo- Não é que eu vá apoiar vcs e vira fã do casal mas só o tempo vai poder desconstruir a imagem que temos de vc e colocar os pingos nos i's. Creio que não vá ser tão facilmente então o que tiver que ser será.

Ele assentiu vagarosamente.

Vitão: Espero que um dia tenhamos uma boa relação... Pelo bem de todos. -falou antes de sair da cozinha-
Guto: Pelo bem de todos? -me olhou incrédulo e eu gargalhei- Quem esse cara tá achando que é?
- Comédia demais, Gustavo. -rimos mais ainda-

(...)

Eu já estava como? Marrento, bem cheiroso e gostosin pra elas, só esperando a rapaziada chegar pra gente imbicar pra quadra onde ia rolar o baile. Ouvi o ronco do motor das motos dos moleques e levantei do sofá gritando pelo Gustavo, que logo desceu todo arrumado.

(01:49) Lua: Já saiu de casa?
(01:49) HR: Tô saindo agora. Qual foi?
(01:49) Lua: Passa aqui pra me buscar, por favoorrr.
(01:49) Lua: Tem como?
(01:50) HR: Pede pro teu @, pô.
(01:50) Lua: Agora é assim então?
(01:51) Lua: Pensei que a gente ainda fosse amigo, seu cuzão.
(01:51) Lua: Vou nem falar nada!!!

Ri encarando o celular enquanto ia pro portão de casa.

Paulinho: Que sorrisinho é esse, ó viadinho. Vamo logo! -chamou minha atenção-
- Se mete na tua vida, meno. -falei montando na moto-

(01:52) HR: Tô indo, chata do caralho.
(01:52) HR: Já fica no portão.

- Vão na frente que já já encontro vcs lá. -falei guardando o celular-
Junin: Falei pra Mayra que não ia levar ela hoje pq a chegada era dos cria pra tu me vir com essa? -reclamou-
- Luana pediu pra eu buscar ela, viado. -eles riram-
Junin: Porra, logo vi...
Guto: O cachorrão tá laçado, não tem jeito. -falou rindo-
- Olha quem fala, né?! -falei forçando uma risada-

Acelerei a moto sem nem esperar resposta deles, já fui subindo o morro embaladão pq já tinha bebido a pampa lá na minha mãe, então já viu né?! Eu tava no grau. Fui cortando caminho pelos becos que davam acesso a casa dela, assim que virei a esquina já a vi parada no portão com a cara no celular.

- Caprichou no look hoje, hein mona. -falei parando a moto e a olhando de cima a baixo-

Ela riu subindo na moto.

Lua: O @ falou que me quer princesinha hoje. -debochou-
- Vou te jogar da moto, quer ver? -falei sério olhando pra ela-
Lua: Fica calmo, mô. -riu- Sem estresse hoje.

Respirei fundo acelerando a moto, fiz a volta e fui a mil pro lado que ia rolar o baile. Já sabia que ela ia pistolar pq o vento ia bagunçar o cabelo dela todo mas não tava nem aí. Luana apertou minha cintura me olhando sério pelo retrovisor, só ri e acelerei mais a moto vendo ela ficar mais puta ainda.

Chegamos na rua do baile já tava lotadão, fui buzinando pro pessoal abrir caminho até chegar no lugar que os moleques tavam estacionaram as motos. Assim que parei, ela desceu da moto e saiu saindo arrumando o cabelo, puta da vida, ainda tentei agarrar no cabelo dela mas foi inútil.

Desci da moto rindo da situação.

Junin: Pistolou serin, filhão. O que rolou? -falou assim que eu me aproximei-
- Quis subir na minha moto falando de outro cara, pô, botei logo o cabelin pro vento. -rimos-

Esse casal aí, raaaam, sei não heeein

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