Capítulo 46

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Henrique narrando

Era difícil qualquer palavra sair da minha boca, eu estava nervoso para um caralho, mal conseguia respirar.

Duda: Vc tá me assustando! -me encarou- O que aconteceu pra vc vim me procurar a essa altura do campeonato?
- Acontece que pra mim não tem mais campeonato! -ela me olhou sem entender- Pra mim não dá mais! Juro que eu queria lutar mas esse sentimento é mais forte que eu..
Duda: Do que vc tá falando? -a voz dela saiu trêmula-
- Tô falando do triângulo amoroso que vc criou, não quero mais participar dessa merda!! -falei olhando pra frente- Meu irmão é gamado em vc demais. Não que eu não seja, mas independente de qualquer merda que ele faça ele ainda vai ser meu irmão e eu nunca vou ficar no caminho da felicidade dele..
Duda: Henrique... -tentou me cortar mas eu continuei-
- Mulheres vem e vão mas laços de sangue são eternos e mesmo que eu tenha que abrir mão da minha garota pro meu irmão ser feliz, eu vou abrir sem pensar duas vezes...

Minhas mãos suavam frio, pela primeira vez eu fiquei com o choro entalado na garganta em relação a isso, evitava até de olhar pra ela pra não poder vacilar mas só pela respiração dela deu pra perceber que ela estava chorando.

- O tempo que a gente ficou junto foi o melhor que eu já passei com alguém, mesmo não entendendo tudo que aconteceu eu sei que tu não fez de maldade, tá ligado?! -senti uma lágrima querer cair mas tratei de limpar logo- Eu só quero esquecer e ficar com minha consciência limpa acima de qualquer coisa, não quero que vc chegue lá em casa agarrada com o Gustavo e fiquei um clima estranho, tendeu? Quero que vcs sejam felizes. Vc é uma mina incrível, mereça alguém que te dê o mundo e, mesmo ele sendo todo errado, sei que esse alguém é o Gustavo!!

Encarei ela, que estava com as mãos no rosto olhando para um ponto fixo na janela.

- Olha pra mim! -ela me encarou com os olhos vermelhos- Eu quero que vc lute por ele, escutou? Não deixa esse orulho dele afetar o amor de vcs dois...
Duda: Não faz isso comigo... -falou baixo-
- Não fazer isso contigo? -ri amargamente- Eu que deveria tá aos plantos né?! Eu que estou sendo jogado pra segundo plano!
Duda: Vc se jogou pra segundo plano! -eu ri pelo nariz desviando o olhar-
- Sabe quando eu tive a certeza que vc escolheu a ele? Quando eu comecei a falar, vc não me interrompeu em nenhum momento pra dizer que eu tava errado, que eu deveria lutar por nós, que vc gosta de mim tanto quanto gosta dele...
Duda: Mas eu gosto.
- NÃO GOSTA!! -falei mais alto- Vc sabe que não gosta! Mas pra mim tá tudo bem.. Pode ficar tranquila que eu não vou ficar no caminho de vcs jamais, entendeu? Eu gosto de tu pra caralho mas amo meu irmão acima disso e sei o quanto tá sendo pior pra ele essa guerra interna que é gostar de vc.
Duda: Me desculpa por tudo! -chorou ainda mais- Vc é tudo que eu sempre quis pra minha vida, o genro que meu pai sempre quis mas o coração é filho da puta, ele quem manda na gente..

Abracei ela, precisavamos daquilo mais que tudo naquele momento. Deixei algumas lágrimas escaparem, aquilo tava realmente me machucando pra porra mas meus valores eram maior que isso.

Duda: Muito obrigada por ser essa pessoa incrível, me sinto tão privilegiada por tudo que a gente viveu..

Segurei o rosto dela fazendo-a olhar pra mim.

- Independente de tudo, quero que sejamos amigos! Que não fique um clima ruim quando vc chegue lá em casa, seja com o Gustavo ou não, quero que vc seja feliz pq tu é maravilhosa demais pra sofrer tá entendendo?? -ela assentiu e logo em seguida eu depositei um beijo na sua testa- Fica bem!
Duda: Vc também tá?! -me abraçou de novo- Conta cmg pra qualquer coisa.

Ela saiu do carro e eu esperei ela entrar no condomínio pra poder meter o pé, enquanto ela andava o mundo pararecia ter parado. Eu posso ta fazendo a mulher da minha vida correr pros braços do meu irmão, será que isso é realmente certo?

Ela acenou antes de entrar, dei duas buzinadas e dei a volta pegando a pista de volta pro morro, meus olhos embaçaram com as lágrimas que queriam cair mas engoli a seco.

Cheguei no morro em poucos minutos.

- Coe irmão, sabe onde que o Guto tá? -parei próximo ao Junin-
Junin: Qual foi desse bate boca de vcs aí mano? -se aproximou-
- Bate boca? Olha o que ele fez na porra do carro. Quase me mete dois tiros. -ele negou com a cabeça-
Junin: Fica namoral, deixa ele ficar tirando tua paz não.
- Ele só não pode tirar minha vida, cara. -ele riu- Onde ele tá?
Junin: Lá na 27. -assenti- Juízo! -ri-

Arranquei com o carro pra lá, queria terminar logo com essa merda, de longe já avistei no meio da rua olhando pra direção contrária com um fuzil no porte, eu que não ia perder a oportunidade de fazer ele pagar pelo susto, acelerei o carro a toda, passei a marcha e buzinei pra ele olhar, assim que fiquei a uma distância boa dele, freei o carro jogando-o pra cima dele.

Os olhos dele faltavam saltar pra fora, sua respiração se tornou ofegante e ele me encarou.

- Quando for me matar mesmo mata com gosto, cuzão. -falei saindo do carro-

A respiração dele ainda não tinha se normalizado, era visível que ele tava drogado, já tinha perdido até a postura.

Joguei a chave do carro nele e arranquei a chave da minha moto do pescoço dele, eu ia sair saindo mas o fdp teve que cutucar.

Guto: Comeu a piranha com jeitinho? Pq ela só gosta assim. -debochou-

Sem pensar duas vezes voltei colando um soco bolado na boca dele, fazendo ele cair por cima do carro, na hora já começou a sangrar.

CH: Coe HR, deixa o cara. -veio pra cima-
- SE METE NÃO PORRA!!

Peguei o Gustavo pela gola da camisa fazendo ele me encarar, o fdp tava na mão do palhaço mesmo não revidou em nada.

- Lava a porra da tua boca pra falar da garota. Fica dando uma de machão na frente da galera mas todo mundo sabe que tu é gamado nela, seu arrombado. Tu só vai aprender a dar valor quando ver ela com outro. -soltei ele no carro dnv, o fdp riu-
Guto: Eu quero mesmo é que ela se foda!! -cuspiu o sangue- Ela e vc!!
- Eu sou um otário mesmo. Deve ser de família. -ri sem humor voltando em direção a moto-

Montei na moto a parti pra casa costurando o morro a 80km/h, eu não queria pensar em mais nada, só fumar e dormir. Passei pelo beco e vi a Luana na direção contrária.

Lua: EIII! -ouvi sua voz ecuar-

Pensei em ligar o foda se e deixar ela lá mas porra vai que a mina tá precisando de ajuda, já vacilei demais com ela.
Fiz a volta com a moto e avistei ela ainda no beco.

- Qual foi?
Lua: Qual foi, foi ontem po. O que aconteceu ctg e com o Gustavo? Me falaram que ele tentou atirar em tu, vc tá bem?
- Deixa essa porra quieta, não fica falando isso pra ninguém pq é problema de família! -falei rude-
Lua: Vai se fuder então, só tava querendo ajudar. -saiu saindo-

Pensei até em ir atrás, fui grosso e a mina tava na maior boa intenção, mas foda se tô cansado de problema por hj.

Cheguei em casa chutando tudo que eu via pela frente, não queria saber de nada, meu ódio tava no nível máximo. Subi indo direto pro quarto, arremessei o banco em direção a parede.

- Isso é pra não te matar, Gustavo. Isso é pra não te matar. -falei cmg mesmo-

Tô arrependido pra caralho, quero ela porra não era pra eu ter feito isso, aquele filho da puta não merece a mina incrível que ela é. Era pra ela ser minhaa!!!

Tomei um banho frio pra esfriar a cabeça e deitei, pelado mesmo, não queria saber de porra nenhuma.

Do Asfalto ao Morro 2 Where stories live. Discover now