Capítulo 10

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Eu já não conseguia mais ficar naquele mesmo espaço que eles, parece que o ar me faltava. Saí de lá sem ligar para os gritos do meu pai ou qualquer risco que eu poderia estar correndo na rua.
Só de imaginar meu pai com outra mulher, me dava um puta nojo. Porra, minha mãe tá gravida, não da pra ficar de olho no meu pai sempre, ele tinha que ter pelo menos o caráter de respeitar a mulher que ele tem do lado dele.
Segui andando sem rumo com meus pensamentos martelando minha cabeça e destruindo qualquer esperança que eu tinha do meu pai não estar traindo minha mãe, quando me dei conta eu estava pisando na areia da praia.
Pq sempre que tenho algum problema venho pra cá? Pq eu gosto tanto daqui? Eu nunca entendi isso, desde pequena sempre fui fã do mar.
Enquanto eu andava percebi o olhar das pessoas em mim, olhei pra mim mesma e vi que eu estava toda suja de sangue, precisava de um banho!  Não perdi a oportunidade de me jogar no mar de cabeça, e lá estava eu, pedindo pras águas levarei toda essa angústia, essa preocupação e essa tristeza que estava habitada em mim. Saí da água depois de uns 15min e continuei andando pela areia, depois de uma longa caminhada pensando sentei em um banco olhando o sol se pôr deixando toda aquela paisagem mais bonita do que nunca. Com a noite veio o vento, que acabou secando minhas roupas, quando eu pensei que estava mais tranquila e pronta pra volta todo aquele sentimento veio átona novamente. A imagem da minha mãe caída no chão da cozinha, meu pai e suas marcas... Não consegui conter as lágrimas que já insistiam em sair desde que eu saí do hospital. Corri até mais perto do mar, sentei na areia e me encolhi tentando me auto proteger de todas aquelas lembranças ruins.
Senti alguém se aproximar e uma mão macia e gelada me encostar me assustando.

Xx: Posso sentar aqui?

Eu não queria deixar transparecer aquele meu lado fraco pra qualquer pessoa.

- Não, quero ficar sozinha! -falei ainda olhando pra frente-

Foi como eu tivesse falado "Claro, sem problemas, senta aí!". A pessoa se sentou do meu lado e ficou me encarando, senti o cheiro de um perfume forte e amadeirado e acabei não reconhecendo.

- O que vc quer aqui? Tá me seguindo? - olhei pra ele-
Thiago: A praia é pública caso vc não saiba.

Eu ameacei levantar e ele me segurou pelo pulso.

- Se vc não me soltar eu vou gritar!
Thiago: Fica namoral aí, garota. Juro que não vou perturbar, tô precisando de companhia também.

Ele parecia tão conturbado quanto eu, seu rosto transparecia nervosismo e tensão. Sentei secando as lágrimas que estavam no meu rosto e continuei olhando pra frente.

Thiago: O que aconteceu? -olhei pra ele confusa-
- Mano, vc tem certeza que vc não tá me seguindo?? -ele revirou os olhos-
Thiago: Eu tenho mais do que fazer do que ficar correndo atrás de mulher..

Nossa, que escroto.

Thiago: Quer contar ou não? -finalizou me olhando-
- Minha mãe tá no hospital! -brinquei com a areia- Correndo risco de perder o bebê e pondo a vida dela em risco também.
Thiago: Nossa, que barra.. E pq vc não tá lá com ela?
- Meu pai, tá colocando um lindo par de chifres na cabeça dela, eu descobri e acabamos discutindo feio.. Minha vontade é matar ele!
Thiago: Se vc quiser eu faço isso -ri fraco-
- É mais fácil ele te matar do que visse versa
Thiago: Pq? -me olhou curioso- Ele é da polícia? -ri balançando a cabeça negativamente-
- Esquece essa história.. E vc, qual seu drama? -mudei de assunto-
Thiago: Problemas no m... É.. Problemas em casa!
- Desenvolve né, falei pra caramba do meu problema pra vc pra quando chegar sua vez vc fala três palavras? -ele riu-
Thiago: Vamos dizer que meu patrão quer fazer uma coisa que eu não concordo nada e acabei brigando com todo mundo por causa disso.

Enquanto ele falava vi a expressão dele se tornar mais leve, o que o deixava tão lindo..

- Ué, mas vc mora com o seu patrão?
Thiago: É complicado.. Meu "patrão" é meu tio. -fez aspas com as mãos-
- Trabalhar com família não é nada fácil.. -ele balançou a cabeça-

Ficamos um tempinho jogando conversa fora e ele parecia ser diferente de quando tá com os amigos, com um ar menos arrogante.

Thiago: Vc ainda não me disse seu nome?!
- Eu já falei que não tenho! -zoeei e ele riu- Heloísa.
Thiago: Heloísa.. Quantos anos?

Ficamos nessa de um fazer pergunta pro outro e acabei perdendo a hora, a praia já estava ficando deserta e eu sabia que tinha que voltar pra minha realidade.

- Preciso ir. -levantei-
Thiago: Eu te levo!
- Tá louco?! Não precisa, eu chamo um táxi.
Thiago: Como? Vc mesma me disse agora pouco que tá sem dinheiro, sem celular e não tem como voltar pra casa. -fiquei quieta- Eu tô de carro.
- Eu dou meu jeito! -fui andando na frente-
Thiago: Para de birra, eu te levo!
- Não! -falei um pouco grossa e ele me olhou com a sobrancelha arqueada- Olha, foi legal te conhecer e tal mas eu não te conheço o suficiente pra ficar dando rolezinho de carro com vc! Vai que vc me sequestra e me mata, sei lá?
Thiago: Bem que eu podia -aregalei meus olhos- mas não vou!

Ele falou num tom que me assustou um pouco, o seu olhar trazia mistério e isso me deixava mais curiosa.

- Quem é vc mlk?
Thiago: Vc fala comigo como se eu tivesse a sua idade né?! -riu- Eu não sou mais mlk, garota.
- Quem é vc??
Thiago: Vai me deixar te levar em casa? -neguei-  Então blz, vou indo nessa

Ele me deu as costas e simplesmente saiu, eu não podia negar que precisava muito daquela carona mas eu não podia dar esse mole pq muita gente conhecia meu pai e ele pode estar só querendo me fazer mal.

- Ei! -ele parou e me olhou-
Thiago: Vai querer a carona? -neguei- Então o que vc quer garota?
- Me empresta seu celular? -quase implorei- Preciso fazer uma ligação.

Ele suspirou vindo até mim novamente, tirou o celular do bolso, desbloqueou e me entregou, digitei o número da minha vó e me afastei um pouco.

- Vó? -falei receosa quando ela atendeu-
Vó: Garota, aonde vc se enfiou? De quem é esse número? Tá todo mundo louco atrás de vc..
- Vó, fala baixo, não que ninguém saiba que vc tá falando comigo -ela suspirou do outro lado da linha- Como minha mãe tá?
Vó: Não vou conversar isso com vc por telefone, aonde vc tá?

O Thiago me olhava atento tentando entender o que eu falava.

- Pede pro seu motorista vim me buscar por favor?! Tô no posto 4 da praia, com uma mão na frente e outra atrás. -Thiago riu fraco-
Vó: Não saí daí vou pedir pra ele correr ai e te levar pra casa, bj
- Ok, te amo. -desliguei-

Apaguei o número do celular dele e devolvi o celular pra ele.

- Obrigada, tenho que ir.

Peguei meu chinelo e comecei a andar em direção a orla pra esperar o motorista da minha vó.

Thiago: E vc saí saindo assim? -me alcançou-
- Quer que eu saia como? Te dando beijinhos e abraços? -ele riu-
Thiago: Não seria uma má ideia hein.

Revirei os olhos e continuei andando, o embuste não saia do meu pé, sentei em um banco e ele ficou em pé me olhando.

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Desculpa pelo sumiço galera, passei por uns problemas pessoais e não estava com cabeça pra escrever.. breve breve tem maratona, bjs ❤

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