14. A morada dos elfos

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O cheiro de melado com ervas foi o que fez o faro de Grunny despertar, seus olhos se abriram logo em seguida, estava numa cabana de madeira, em uma cama macia. Flippo estava ao seu lado, ainda dormindo.

Grunny percebeu que não haviam madeiras pregadas nas paredes do cômodo e que a casa era retorcida, como se fosse um grande funil. O grunhido de Flippo fez o garoto sair de seu raciocínio.

- Flippo acorde! Você está bem?

- Ãn... onde estamos?

- Ainda não sei...

- E que cheiro é esse?

- É melado. - respondeu uma voz feminina grave e ao mesmo tempo doce.

Os dois garotos olharam em direção à voz e ficaram surpresos quando viram uma pequena garota de feições humanas parada ao lado deles. Ela tinha a pele amarelada, grandes olhos azuis estalados, cabelos cacheados compridos e orelhas pontudas.

- Uma elfa. - disse Grunny, levantando-se da cama.

A menina disse algo em outra língua e permaneceu com a mesma expressão em seu rosto, lambendo o cozido que trazia numa colher de pau.

Quando o mago estava há poucos centímetros da menina, uma lâmina prata, muito afiada e brilhante encostou em seu nariz.

- Sem truques em minha casa, mago humano! - Uma elfa adulta, com as mesmas características da menina segurava a espada curva apontando para o ruivo. Voltou a falar e a menina rosnou deixando o cômodo. - Vocês são estão aqui a pedido do Guardião, não sei o que fizeram para terem tal sorte.

- Onde estão nossos pertences? - perguntou Flippo após perceber que estava sem seus instrumentos.

- Terão eles de volta, quando atravessarem nossa fronteira. Mas, antes de irem, como manda a tradição élfica, vamos recebê-los como hóspedes.

- Hummm, se a comida for tão boa quanto o cheiro, nós aceitamos. - Respondeu Grunny se espreitando para a porta agora que a espada não estava mais em seu rosto.

A casa tinha as paredes como a do quarto, uma enorme madeira roliça que se contorcia para o alto, luzes arredondadas e brilhantes pareciam flutuar pelas paredes em esferas transparentes. Os móveis eram finamente esculpidos em madeira, haviam folhagens de todas as cores e tamanhos espalhadas pela casa, fazendo a função de cortinas, tapetes e toalhas, a textura delas era macia e diversificada.

Objetos de cristais e de prata confeccionavam a decoração da casa.

Foram sentados numa mesa polida de cor pálida. Outro elfo jovem, esguio como os outros, também estava na casa, tinha os cabelos pretos e lisos.

- Sentem-se. - disse a matriarca.

O menino serviu o melado, em cumbucas de madeira e a mulher colocou pão escuro. Após eles iniciarem o alimento, Grunny os acompanhou e ficou maravilhado com o sabor da sopa pastosa. Flippo resistiu um pouco, cheirou, olhou para os lados e começou a comer quando o sorriso da pequena se abriu para ele.

- Vocês são guerreiros? - a menina perguntou.

A mãe tentou repreendê-la, fazendo-a encolher na cadeira.

- Somos aprendizes. - disse Flippo.

- Também sou uma aprendiz, até completar mais idade e passar pelo Batismo. - respondeu a criança.

- O que é o Batismo? - perguntou Grunny entre as colheradas voraz na sopa.

- Faz parte da nossa tradição, ao completarmos cem anos escolhemos nosso nome de adulto e começamos nossa especialização em uma das Artes Élficas. - respondeu o menino depois de ter o consentimento da mãe.

As Aventuras de Flippo e o Trinustempus Where stories live. Discover now