Flippo chegou em casa quase junto com seu pai, apenas deu tempo de depositar a caça na bacia ao lado de fora da casa e tirar seus outros objetos.
- Olá filho, como foi a caça hoje, está chegando agora?
- Oi pai, foi tudo bem, mas não tive muito êxito.
Contemplando a bacia cheia de peixes e mais os pequenos animais, o pai sorriu admirado.- Você não está cobrando muito de si não, menino?
- Quero poder chegar aqui com um animal de grande porte, aí sim ficarei feliz!
- Não desanime Flippo, mas não se arrisque muito, não quero que nada te aconteça.
- Pode deixar pai, estou aprendendo a me defender.
- Não seria bom que alguém te acompanhasse nas caças, posso pedir para o seu avô indicar alguém.
- Não, não pai, não precisa. Nunca me aconteceu nada, eu estou bem sozinho.- respondeu o garoto lembrando de seu treinamento secreto.
- Tudo bem filho, só não tente fazer nada que esteja fora do seu alcance. Tenho visto as vezes que chega machucado, a floresta pode ser bastante perigosa.
- Eu sei pai, vou tomar mais cuidado.
- Tudo bem então, vamos entrar. - o homem alto, com os braços fortalecidos pelo trabalho braçal, cabelos negros e bagunçados, adentrou a casa abraçando o filho.
Os dois se pareciam muito, Flippo tinha os mesmos olhos e cabelos escuros de seu pai, exceto os cabelos do menino que eram mais enrolados, lembrando os da sua mãe. A aparência humana dos dois eram atípicas naquela região governada por anões. Enquanto a maioria das pessoas eram baixas e troncudas, os dois eram esguios e altos.
Flippo estava separando as caças e as preparando para assar, enquanto seu pai ia acendendo a lareira e colocando baldes de água no fogo para aquecer.
- Filho.
- O que foi pai?
- Já vai fazer um ano do aterramento da mina, por esses dias...
Flippo deixou o coelho na panela e ficou estático, virou o rosto para o lado escondendo as lágrimas que surgiam em seus olhos, motivadas pela lembrança que a notícia lhe causou. Com a voz trêmula, ele respondeu:
- Já...pai...?
- Sim, filho. Seu avô queria saber se você tocará algo nas homenagens. Mas fique a vontade fi... - vendo as lágrimas no rosto do garoto o homem se levantou da lareira e foi ao seu encontro – não fique assim meu menino, foi um acidente, ninguém podia prever...- Sim... eu sinto muita falta dela, pai. - o garoto respondeu abraçando com mais intensidade o seu genitor.
- Eu também filho, ela nos faz muita falta.
Por um longo tempo eles ficaram em silêncio, abraçados, buscando em suas memórias as recordações que tinham da figura materna e da esposa carinhosa que se perdeu durante o trágico acidente que soterrou os trabalhadores da mina, num desmoronamento há um ano atrás. Várias famílias da vila haviam perdido seus entes que estavam trabalhando e o avô de Flippo, um dos principais líderes do clã Bedaür, estava organizando uma homenagem aos familiares soterrados.
- Eu quero muito homenagear minha mãe, pai. - disse Flippo quebrando o silêncio na cabana.
- Que bom meu filho, ela ficará muito feliz. - respondeu o homem deixando suas lágrimas rolarem dessa vez.
Os dois terminaram seus afazeres e foram para a cama dormir com o saudosismo da mãe e companheira ausente. Flippo alternava os pensamentos entre os encantamentos que estava aprendendo com o elfo e a canção que estava compondo à memória de sua mãe, até pegar no sono de tanto cansaço e adormecer.O dia já estava claro quando Flippo acordou, ele levantou de sobressalto,a lareira já estava apagada, olhou pela janela. O sol já havia nascido, meditou em seus pensamentos e deduziu que não conseguiria realizar todas as tarefas de seu exigente mestre, então resolveu fazer as outras obrigações que tinha com seu vilarejo e deixar o treinamento por um dia.
Separou todas as peles das caças que realizava e as amarrou num grande rolo. Eram muitas, de pequenos animais. Pegou seu saco de moedas quase vazio e seguiu para o caminho oposto do dia anterior.
Foi para a estrada das montanhas brancas.
O caminho seguia pela encosta, uma estrada única que separa a floresta abaixo e o pico da montanha. Depois de uma caminhada a estrada adentrava um túnel que perfurava as rochas da montanha.
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As Aventuras de Flippo e o Trinustempus
AdventureHá quase um ano do desmoronamento que soterrou sua mãe nas minas anãs de Bedaürinde, Flippo toma conhecimento de um torneio que tem como prêmio viajar no tempo. Instigado pela lembrança da mãe, o pequeno parte rumo à essa aventura. Na companhia do...