9. A cidade de Runetaun

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Os olhos de Flippo voltaram a se abrir, entrando em contato com a luz solar que crepitava no meio do céu.

- Eu dormi de repente... o que houve? - disse o menino espreguiçando.

- Nada, eu apenas te ajudei a relaxar.

- O que? Você me enfeitiçou?!

- Apenas alterei seu estado de humor, eu sou um mago transmutador, faz parte do meu círculo de magias.

- E eu não resisti nenhum pouco, quero dizer demorou para você conseguir né? Eu estava bem alterado.

- Não, foi de primeira na verdade.

- Droga, até pra você...

- Por que até comigo?

- Nada não, esqueça. Uau, olha essas plantações, que demais!

- Sim, os anões de Runetaun são exímios produtores. O caminho até a montanha que abriga a cidade é repleta de variedades de frutas, legumes e grãos. Eles até comercializam com outras civilizações.

- Nunca vi nada parecido! Podemos parar?

- Infelizmente não, os cavalos ainda estão sob o feitiço do Mestre.

- Que pena, queria poder vê-las de perto.

Flippo se apoiou no banco e esticou os braços tentando tocar nas folhas verdes e grandes que brotavam da terra, como sua região era árida pelo gelo e frio nunca havia contemplado de onde vinham alguns alimentos.

Grunny aproveitou o isolamento da região e lançou C para colher algumas frutas e legumes de sua preferência.

- Pena que aquele grifo levou nosso coelhos, poderíamos fazer um delicioso ensopado. - disse o garoto mais gorducho lambendo os beiços.

Flippo o olhou de raspão, inflando as bochechas de seu rosto, ao se recordar da fera e de seu rapto.

- Mais alguns metros e chegaremos na cidade.

- É melhor não comentar que vim de Bedaürinde, você sabe, os anões daqui não são muito amistosos com o meu povo.

- Ah, sim, bem lembrado. Nem precisava dizer, eles deixam bem claro o quanto não gostam dos anões brancos das neves.

- É assim que eles nos chamam?

- Também de ursos polar, bonecos de neve, e por aí vai...

Flippo enrugou a testa, com os olhos entreabertos, deixando os ombros caídos.

Os plantios adiante estavam com trabalhadores, Flippo contemplou a diferença étnica dos anões dali com os de seu povo. Eles eram maiores em estatura, menos troncudos, mas com os ombros largos e de pele mais morena, com cabelos escuros.

O murmúrio da cidade começou a ser ouvido, marretas ressoando, conversas e vozes altas, carroças se movimentando, urros de animais pesados. Grunny voltou a segurar as rédeas da carroça fingindo a estar guiando.

A cidade estava encostada no paredão de montanhas que divisava o oceano.

Não havia muro de proteção na entrada para a cidade, as casas tinham diversas formas, sendo a predominante retangular, e se aglomeravam uma na outra. Várias subiam pela encosta na montanha, apoiadas por vigas de madeira.

Os dois meninos seguiam pelas ruas em paralelepípedo, já no centro da grandiosa cidade. Flippo queria contemplar os detalhes, mas a diversidade era muita e a carroça não diminuía sua velocidade. Havia mais construções com pedras nessa altura e o barulho da população aumentava. O que mais lhe chamou a atenção foi a grande estátua dourada, que transpassava a altura das casas, em forma de um anão típico segurando uma marreta de minérios em uma mão e uma foice na outra, era o símbolo da cidade.

As Aventuras de Flippo e o Trinustempus Donde viven las historias. Descúbrelo ahora