12. O vale dos gigantes

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O outro dia de viagem foi estranho e silencioso, Flippo sempre esbarrava seu olhar no local onde o velho anão estava acomodado e a ausência era tamanha que o garoto não conseguia permanecer ali.

Passou o dia todo na proa do navio.

Os marujos, que se revezavam entre dormir e remar, vinham saudá-lo em recordação da canção que Flippo entoou na noite passada. Grunny passou o dia todo com pergaminhos e mapas estudando o que fariam ao aportar.

O dia passou assim, com poucas conversas e muitos pensamentos.

Estava quase anoitecendo quando as enormes montanhas do Continente começaram a ser vistas. Parecia que a viagem estava para terminar quando avistaram as paredes rochosas, mas levaram ainda algumas horas para chegarem ao porto.

A noite já tingia o céu com poucas estrelas e a lua nova encoberta por nuvens vazadas.

Todos pegaram seus pertences e desceram no porto enlameado e sem estrutura. Era um barranco de terra em uma fenda nas gigantescas paredes rochosas.

A mercadoria que o navio levava era descida rapidamente e logo embarcada em carroças que as aguardavam, e assim que eram carregadas seguiam viagem.

Os meninos se entreolharam, não havia cidade nem vestígio de qualquer construção, apenas uma lanterna velha pendurada que iluminava o local.

O casal de humanos fez negócio com uma das carroças para seguirem viagem, após se despedirem dos meninos partiram em disparado.

Haviam poucas carroças restando, quando um dos carregadores olhou para os meninos.

- Para onde estão indo garotos? Parecem perdidos.

- Precisamos de uma carroça, ou cavalos, sabe onde podemos conseguir? - respondeu Grunny.

Alguns carregadores riram, o que fez o rosto do mago se avermelhar.

- Aqui não tem estábulos por perto, precisarão passar pelo Vale dos Gigantes e atravessar a floresta, o que não seria uma caminhada simples, nem segura.

- Vale do que, o senhor disse?

- Dos gigantes. São as criaturas que dormem em cima desses morros, por isso quase não aportamos aqui e quando o fazemos, saímos depressa. Ao amanhecer tudo fica destruído, nenhum cais sobrevive a essas criaturas.

- E o senhor pode nos levar? - Flippo tomou a frente.

- Claro, mas por um preço justo.

- Quanto vai nos custar essa travessia? - Grunny interveio.

- Uma moeda de prata... para cada. - disse arregalando os olhos.

- Pagaremos metade agora e metade quando chegarmos, precisamos chegar em Prystol o quanto antes.

- Não somos carroceiros... não de homens! - contradisse o homem - mas, aceitamos a sua oferta, ter um mago por perto pode ser bom, nessa região...

Enquanto os outros carroceiros concordavam com o negociador, Flippo ajudou Grunny a subir seu baú até a carroça; as caixas de mercadorias eram cobertas por panos e o transporte se finalizou com mais três carroceiros.

As duas últimas carroças saíram do porto improvisado e o navio seguia viagem pela costa marítima. Flippo e Grunny estavam sentados na traseira do transporte que era iluminado por uma pequena lanterna que quase não clareava muito.

Ao entrarem no vale, perceberam a extensão das paredes rochosas que pareciam tocar o céu, quase não dava para perceber até onde iam, e a estreita estrada que o cortava pelo meio era cheia de pedras que os obrigavam a segurar firmemente onde estavam sentados.

As Aventuras de Flippo e o Trinustempus Where stories live. Discover now