Capítulo 31 - Bônus

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Betado por @smjkbien.
Muito obrigada.

Ninguém nunca acusaria Cornélio Oswaldo Fudge de ser brilhante, é claro ele não era estupido, uma pessoa completamente estupida nunca chegaria a ministro da magia, mas ele também não era o bruxo mais inteligente já conhecido e naquela noite em particular todos estavam questionando se realmente havia alguma inteligência nele.
Estavam todos sentados na sala de estar da casa do ministro, Fudge estava em uma poltrona embalando sua xicara de chá de camomila a mais de vinte minutos, sua face pálida como um pergaminho, seus pés não paravam de tremer sobre o tapete e seus olhos arregalados estavam olhando para qualquer lugar que não seus visitantes, Dumbledore conteve a muito custo sua vontade de bufar de desgosto.
- Cornélio, eu sei que você ainda está muito nervoso, mas precisa nos dizer o que aconteceu. – Tentou o diretor.
- Era Dolores... Merlin, ela parecia horrível, magra e doentia, quando ela bateu na minha porta eu sequer pensei duas vezes antes de abrir. – Murmurou ele, e dessa vez Dumbledore revirou os olhos, Qualquer pessoa com o mínimo de um cérebro teria pensado antes de abrir a porta para alguém que está desaparecido desde o natal, pensou o diretor amargamente, mas não interrompeu – Ela entrou primeiro e eu estava prestes a fechar a porta atrás dela quando ele apareceu... Branco como um cadáver, envolvido em um manto de trevas, ele me arremessou do outro lado da sala muito antes de eu chegar a minha varinha...
O Ministro se calou e pareceu catatônico outra vez, Dumbledore olhou para Kingsley parado ao seu lado, parecendo tão preocupado e irritado com Fudge como ele estava.
- O que ele fez depois ministro? – Perguntou o Auror.
- Ele mandou eu pegar minha varinha... achei que iriamos duelar ou algo assim, então eu peguei e apontei para ele. Ele riu... e então minha varinha estava em suas mãos... Se vocês tivessem escutado a forma como ele riu, era como a morte... – Disse o homem horrorizado.
- E depois? – Insistiu o diretor, cansado dos rodeios dramáticos do outro homem.
- Ele se virou e saiu. Levou Dolores com ele. – Afirmou o homem, ainda sem olhar para ninguém na sala.
- Então ele não atacou você? – Questionou Kingsley, muito confuso.
- Você não ouviu o que eu disse?! Ele me jogou contra a parede do outro lado da sala. – Sobressaltou-se Fudge levantando da poltrona onde estava e caminhando para próximo da lareira, apontando para uma estante cujos os livros se espalhavam pelo chão naquele momento – Você-sabe-quem invadiu minha casa, tentou me matar e roubou minha varinha.
Dumbledore esfregou a cabeça tentando afastar uma dor continua que parecia nunca parar realmente desde o dia em que Harry Potter voltou da Câmara secreta falando sobre o diário de Tom Riddle. Ele desligou o som de Fudge e Kingsley tagarelando na sala, tinha que se concentrar, tentar entender porque Voldemort invadiria a casa do Ministro e não tentaria mata-lo, porque ele obviamente não tentou, não importa o que Fudge pareça pensar, Dumbledore estava quase desejando que ele o tivesse matado, a morte do ministro seria muito mais útil para a causa do que a sua vida tem sido, tolo como era não conseguia enxergar a guerra se aproximando, não queria acreditar que sua paz tênue estava desaparecendo sob seus pés.
Estava profundamente emergido em seus próprios pensamentos quando Kingsley tocou seu ombro para chamar sua atenção, o auror parecia aterrorizado e isso não era comum para Kingsley, Dumbledore olhou ao redor e viu que outros aurores tinham aparecido e todos eles compartilhavam o mesmo pavor.
- O que houve? – Perguntou o diretor sem se preocupar em fingir que tinha escutado os recém-chegados disseram.
- Houve uma fuga em massa de Azkaban. – Disse o Auror – Todos os comensais escaparam...
É para isso que ele queria a varinha. Pensou o diretor, mas não disse nada, apenas acenou para Kingsley e esperou que ele continuasse.
- Vamos precisar de uma declaração. Temos que alertar os cidadãos para tomaram precauções. – Disse o auror e então o ministro finalmente se manifestou.
- Está louco?! – Disse o homem, sua face ainda mais pálida, quase doentia – A população ficaria em pânico.
- Eles devem estar em pânico. – Respondeu Kingsley – Voldemort está de volta e agora ele libertou todos os seus antigos asseclas... O que você acha que vai acontecer agora?! Eu sei que você tem tentado não enxergar isso ministro, mas não há como negar agora, estamos em guerra.
- Nenhum movimento de guerra foi feito. – Tentou o ministro.
- Ele invadiu Azkaban. Libertou todos os comensais usando a sua varinha. Ele usou sua assistente para entrar em sua casa e a deixou para morrer em Azkaban. – Grasnou Kingsley, aparentemente tão irritado com o ministro quando o próprio diretor estava – Dolores Umbridge está morta, e nós estamos supondo e Bartolomeu Crouch também está... Se isso não é um preludio de guerra, o que mais pode ser?!
- Devemos proteger Harry Potter. – Anunciou Dumbledore depois de algum tempo que os outros ficaram calados.
- Ele está protegido no castelo. – Disse Fudge e Kingsley concordou, mas Dumbledore balançou a cabeça.
- Não, não está. Ele é um adolescente e como tal tem atitudes estupidas e impensadas. Ele escapa do castelo com tanta frequência quanto seu pai fazia, e apesar de todas as minhas precauções ele continua a fazer isso. Não podemos deixar Voldemort colocar as mãos no menino.
A verdade é que Dumbledore não sabia o que poderia acontecer se Voldemort encontrasse Harry. O rapaz não era o que costumava ser, não era um tolo crédulo que correria em direção ao perigo e se entregaria a sua possível morte prematura, ele era mais esperto do que isso agora, ele poderia convencer Voldemort a deixa-lo viver, Voldemort poderia descobrir a verdade sobre o garoto e então todos estariam perdidos.
- E o que você sugere? – Perguntou Kingsley – Trancar o garoto em algum lugar e vigia-lo vinte e quatro horas por dia?!
- Seria o ideal, sim. – Respondeu Dumbledore.
- Albus, isso é ridículo. – Riu Kingsley sem qualquer humor – Não vamos fazer de Harry um prisioneiro. Não. Nós devemos conversar com ele sobre isso, explicar o que está acontecendo.
- Você acha que ele vai ouvir? É um adolescente, ele vai fazer exatamente aquilo que dissermos para não fazer. Dizer a ele não é uma opção. – Contestou Dumbledore.
Kingsley não pareceu convencido, mas bufou um som não comprometedor e disse que eles discutiriam sobre isso mais tarde, porque naquele momento eles precisavam trabalhar em um comunicado para imprensa. Dumbledore alegou que sempre odiou a imprensa e qualquer coisa que ele pudesse acrescentar sobre o assunto seria inútil, então ele se desculpou e se retirou.
Já em sua cadeira na diretoria ele acariciava Fawkes distraidamente enquanto pensava em seu problema. Ele imaginou que teria mais tempo antes de Tom fazer algum movimento assim, imaginou que teria tempo para lidar com Harry e Tom separadamente, mas ao que parece seus problemas estavam se amontoando sobre sua cabeça. Se ele ao menos pudesse convencer Harry de que matar Voldemort era de seu maior interesse... Talvez houvesse um jeito... Dumbledore passou aquela noite acordado, tentando achar uma solução... Se ele tivesse conseguido matar o garoto naquela noite...

Harry Potter e o Mentor das TrevasWhere stories live. Discover now