Capítulo 2 - Bônus

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Betado por @smjkbien. Muito obrigada.

Harry Potter e o Mentor das Trevas
Bônus Cap.2

Ela ainda estava no sofá segurando um copo intocado de Firewisky, a lareira há muito tinha se apagado e o frio preenchia o ambiente, se Remus estivesse ali ele teria acendido o fogo, mas ele não estava, estava no quarto dormindo sozinho como vinha fazendo nos últimos dias.
Pensar em Remus lhe provocava um sentimento ambíguo no peito, ao mesmo tempo em que uma onda de carinho e afeto lhe acometia, tinha também angústia e ressentimento. As palavras na carta ainda dançavam em sua mente.


Severus,
Me alegra saber que está carta chegou as suas mãos com tão poucos inconvenientes, mas imagine qual foi minha surpresa ao saber que você, meu caro amigo, encontrava-se não apenas livre de Azkaban, como lecionando em minha querida Hogwarts, sob a proteção de ninguém menos que Alvo Dumbledore. Vejo que mudou muito desde a minha morte. Nunca acreditei que veria o dia em que Sirius Black, teria de vigiar você em meu nome.
Pobre Sirius, como deve ser difícil ver seu antigo amante nos braços de seu velho inimigo, acho que não devo subestimar o tempo.
Imagino que vocês estejam tendo um tempo difícil ultimamente, afinal você nunca gostou de ter segredos mantidos de você e seu querido lobo tem guardado o maior deles. Longe de mim causar sua separação. Para evitar tal infortúnio, o convido a encontrar-se comigo ás 05:00hrs a.m. exatamente a uma semana de seu retorno a retorno a Hogwarts, seu transporte aguarda no lugar onde você recebeu esta carta.
Entenderei sua ausência como o declínio de minha proposta de retornar nossa amizade, o que me deixaria extremante desgostoso.
Dê minhas lembranças a Remus. Desejo-lhes a melhor das sortes.
LV.

Severus finalmente bebeu seu Firewisky, esperando o calor da bebida aplacasse sua angústia por alguns segundos. Ele sabia o que precisava fazer, olhou o relógio sobre a lareira, 03:27hrs a.m., faltava pouco tempo. O homem levantou-se resignado e subiu as escadas em direção ao quarto, naquela que poderia ser a última vez.
O quarto estava escuro como era de se esperar, mesmo assim ele podia ver os contornos pouco iluminadas de Remus espalhado na cama, uma confusão de membros embrulhados no edredom, ele sorriu, sentiria falta daquilo. Caminhou até a cama e sentou-se na beirada, permitindo-se admirar o rosto adormecido do castanho, desejou poder deitar-se ali e embrulhar-se em seu calor, deixando o conforto expurgar seus demônios, mas não havia tempo para isso.
- Segure esse espirito Grifinório e fique vivo. Por favor! – Sussurrou para a noite antes de se levantar e tirar a carta que escreveu previamente depositando-a sobre a mesa de cabeceira.
Quando desceu as escadas ele era um homem conformado, seguiu até a praça de sua infância com determinação, devia ser algo perto das 04:40hrs a.m. quando um cachorro negro enorme cortou a neblina em direção a ele, não foi nenhuma surpresa quando o cão tornou o homem que ele menos gostaria de ver. O próprio sorriso debochado de Black tinha algo de animalesco.
- Você realmente veio então! Imaginei que um covarde como você estaria em fuga agora. – Disse ele.
- Você é meu transporte. – Disse Severus, sua voz era firme e constante, muito diferente de como estava se sentindo – Ambos estamos aqui, poupe nosso tempo. Me leve para seu mestre.
- Meu mestre?! Não é seu?! – Ironizou ele – Pensei que estaria ansioso para reencontra-lo.
- Não precisamos conversar, Black, apenas faça o que veio fazer.
Com um suspiro descontente e resignado, Black segurou o ombro do outro, aparatando-os até uma propriedade que o pocionista nunca tinha visto. Era grande, com uma beleza clássica, localizava-se ao lado de um lago cristalino, ás pedras do fundo cintilavam a luz da manhã, e Severus pensou que ao menos aquele era um bom lugar para morrer.
- Para quem tinha tanta pressa você é incrivelmente lento, não que isso me surpreenda, você sempre foi assim, não é atoa que Remus só escolheu você porque eu fui para Azkaban. – Disse Black com sua inconfundível risada depreciativa.
O outro sabia que aquilo nada mais era do que uma provocação para desequilibra-lo, mas isso não impedia a dor de se alastrar em seu peito por ouvir Black falar de Remus tão casualmente.
Sem dar qualquer resposta Severus caminhou até a casa, Black bufou algo que parecia “Dramático” e o seguiu. Encontraram-se então em uma sala quente e confortável, Black se jogou sobre o sofá com indescritível naturalidade.
- Vou ser educado e oferecer a você um copo de Firewisky... – Snape continuou de pé olhando para outro severamente, Black revirou os olhos – E você obviamente vai fazer voto de silêncio como uma criança contrariada. Isso deve ser algo estritamente Sonserino.
Permaneceram assim por mais alguns minutos, com Severus ignorando a presença de Black e o outro homem fazendo comentários ácidos para desestabiliza-lo. Então uma perturbação mágica alertou os ocupantes da chegada de outro bruxo, Snape ofegou, não sentia uma magia tão forte e escura em anos, não havia qualquer dúvida quanto a identidade do recém-chegado.
Voldemort caminhou pela porta com familiaridade, era claro que já estivera ali outras vezes, chegando ao centro da sala e Black lhe estendeu um copo transbordando de Firewisky que o outro pegou sem sequer olha-lo e bebeu sem qualquer receio, aquela cena, tão simples e cotidiana não deveria significar nada, mas significava e Severus sentiu medo verdadeiro, mesmo em seus anos como comensal não o fizeram se sentir tão exposto.
- Ora, meu amigo. Por que está de pé de uma forma desconfortável? Sente-se, sente-se, temos tanto sobre o que falar. – Sibilou Voldemort e mesmo sua voz calma e suave lhe causava arrepios, Snape sentou-se sentindo a tensão se acumular sob sua pele – Há tanto tempo não nos reunimos e mesmo assim parece que foi ontem. Como está o querido Remus?! Espero que melhor, ele parecia tão abalado da última vez que nos encontramos, pobre homem.
Severus não pode se impedir de arregalar os olhos um pouco “a última vez que nos encontramos”. Remus tinha estado na presença de Voldemort, o Lorde viu esta compreensão amanhecer em seu rosto, e lançou um sorriso conspiratório a Black  que respondeu igualmente.
- Imaginei que ele não havia contado a você. Afinal, combinamos que seria nosso pequeno segredinho.
- Ele está bem. – O homem se forçou a dizer.
- Isso me alegra. – Disse Voldemort, parecendo absolutamente sincero.
- Pensei que estávamos sem tempo! – Bufou Black chamando atenção dos outros dois para si – Me foi dito que mesmo ele, não pode apressar uma poção por mais de uma semana.
- Completamente sem classe. – Comentou o Lorde – Não sabe apreciar as nuances de um reencontro.
- Não consigo apreciar a perda de tempo. – Disse Black.
- Por mais que me doa admitir, você está certo. Severus, lhe chamei aqui, pois gostaria de saber porque você se encontra sob as asas de Dumbledore. Um homem que você afirmou veementemente desprezar.
- E eu desprezo. – Afirmou Snape, nem uma gota de falsidade em sua voz – O desprezo com todo o meu ser.
- Então o que faz em Hogwarts? – Em outro rosto aquela expressão teria parecido magoado, mas na de Voldemort tudo parecia uma ameaça.
- Foi o preço que paguei por sua ajuda! – Admitiu Snape, não havia razão para mentir e dissimular, ele sabia estar morto no momento em que leu a carta, apenas esperava salvar Remus.
- Ajuda para se livrar de Azkaban?!
- Ajuda para salvar a vida de Lilian. – Disse Snape e no mesmo segundo Black se levantou do sofá, como se um feitiço lhe tivesse acertado, Snape olhou para ele, mas Voldemort nem se moveu ao dizer.
- Acalme-se.
- Como ele pode ser tão desprezível?
- Ele é exatamente o contrário de desprezível, se fosse desprezível não teria convencido tantos magos a segui-lo. Ele é um gênio, não há qualquer dúvida quanto a isso. – Voldemort focou seus olhos em Snape outra vez – O que você prometeu?
- Fazer tudo em meu poder para proteger Harry Potter de você ou seus seguidores.
- Nesses exatos termos?
- Sim.
- Bom. – Disse Voldemort com seu sorriso macabro cortando a face ofídica – Por mais que eu lamente suas escolhas, você está em uma posição bastante propícia. Antes de tudo, há algo que Black deve mostrar a você.
- Precisamos fazer isso dessa forma?! – Perguntou Black, com uma expressão manhosa e infantil.
- Se não fizer tudo que fizemos até agora terá sido inútil. E eu sei que você não quer ter desperdiçado meu tempo.
- Muito bem... – Resmungou Black parando diante de Snape – Pode fazer então.
Snape continuou a encarar sem expressão, Black revirou os olhos ao mesmo tempo que Voldemort falava.
- Entre em sua mente, Severus. Veja o que realmente aconteceu naquela noite...
- Eu quero isso tanto quanto você quer. Faça logo e termine nosso tormento.
Com um suspiro longo e resignado, Snape se preparou para entrar, sem saber o que iria encontrar.
Minutos depois, quando ele finalmente chegou a memória de Azkaban, saiu da mente do outro caindo outra vez sentando no sofá. Os olhos arregalados, ainda processando tudo que tinha visto.
- Muito para assimilar, eu presumo. – Sibilou Voldemort atraindo o olhar vidrado do pocionista para si – A questão agora é o que você fará sobre isso.
- O que posso fazer para redimir meus erros, mestre? – Perguntou Snape, sinceridade em sua voz e raiva em seu coração.
- Já não era sem tempo. – Bufou Black.
- Preciso que prepare uma poção muito importante. – Disse Voldemort, sua voz parecia suave e realizada.
Finalmente ele poderia de fato começar.

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