Capítulo 15 - Bônus

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Betado por @smjkbien.
Muito obrigada.

Quando Voldemort gritou de agonia a própria mansão pareceu estremecer, Narcisa tropeçou até encostar na parede para se impedir de cair e Lupin cobriu seu nariz devido ao cheiro pungente da morte. Lorde Voldemort respirou fundo por vários segundos para se acostumar com a dor dilacerante em seu peito, mas essas foram as únicas coisas que se permitiu.
- Meu Senhor, eu... – Começou Narcisa, sentindo a necessidade tola de acalmar seu lorde, mas o homem ergueu a mão pálida para cala-la, a mulher abaixou a cabeça.
- Leve o corpo daqui. – Disse ele antes de se virar e marchar para fora da sala em direção às masmorras, rumou em direção a uma das celas no fundo do corredor para encontrar a detestável figura suja e desgrenhada, vestida de rosa e ainda usando um lacinho estúpido no cabelo, a mulher olhou para ele com ódio fervente, mas se encolheu ao sentir uma onda de raiva ainda maior emanando do homem – Por que a criança está morta? Por que o ritual não funcionou?
Um risinho esotérico e repugnante escapou dos lábios da bruxa, quando ela se ergueu do chão e caminhou até às barras.
- É muito frustrante, não é? Ter todo esse poder e ainda assim ser incapaz de quebrar um ritual simples. – A mulher soava prepotente, como se não soubesse como falar de outra forma, mas o suor em sua testa mostrava o quanto estava com medo.
- Crucio! – Gritou o Lorde, Umbridge caiu no chão devido a dor e a surpresa, Voldemort pôde realmente ouvir um osso se quebrando, a dor que infringia a bruxa estava amenizando à sua própria e ele precisou de muito auto controle para se obrigar a parar, não podia se permitir enlouquece-la, ela não merecia essa paz, o lorde iria mantê-la sã e viva, sofrendo a impotência de ter perdido sua magia, ou faria isso por tanto tempo quanto seu próprio auto controle permitisse, ele suspendeu a maldição e ficou ouvindo o choramingar dela por um tempo, respirou fundo mais uma vez e tirou uma ampola de Veritasserum das próprias vestes, caminhando para dentro da sela – Mobili Corpus! Você vai me contar o que eu quero saber.
- Não...não... – Ofegou Umbridge, mas era inútil, Voldemort forçou a poção por sua garganta, antes de deixá-la cair novamente.
- Por que o ritual não funcionou? Por que a criança está morta?
- Porque apenas um bruxo da luz pode realizar o ritual. – Grasnou ela, segurando a garganta como se assim pudesse deter às próprias palavras.
- O próprio bruxo que realizou o selamento? – Perguntou ele, lamentando suas atitudes impulsivas, lamentando a decisão estúpida de matar Lázaro tantos meses antes.
- Não. Qualquer bruxo da luz pode fazer, mas apenas por vontade própria.
Voldemort rugiu de irritação. Ele estava perdido, nenhum bruxo da luz confiaria nele, não antes de Dumbledore ser exposto como o velho manipulador que era, e quando ele finalmente fosse seria tarde demais para elas. O risinho de Umbridge chamou sua atenção outra vez, ele olhou para ela, considerando matá-la, mesmo que fosse apenas para saciar a própria fúria.
- Mesmo que alguém quebrasse o ritual, é inútil. – A mulher cuspiu sangue tentando se colocar de pé, mas não parecia ter forçao o suficiente – Eles estão em agonia por tanto tempo...cada um deles...mesmo que você quebre o selo, essas crianças imundas já estão loucas...
- CRUCIO! – O grito de Voldemort foi tão potente, que ele tinha certeza que poderia ser escutado por toda a área da mansão, talvez até no povoado se não houvesse uma barreira para impedir isso, Umbridge desmaiou depois de dois minutos, mas ele ainda manteve o feitiço por algum tempo, mesmo sabendo que ela não estava mais sentindo nada.
Quando ele voltou para cima, Lupin e Narcisa estavam na sala e se encolheram contra parede por puro reflexo.
- O que devemos fazer, meu lorde? – Perguntou Narcisa humildemente.
- Você vai descobrir uma forma de escoar a magia para fora dessas crianças, isso às manterá vivas até que possamos quebrar o selo. – Ele olhava diretamente nos olhos de Narcisa e um medo frio correu através da mulher, ela acenou sabendo que estava dispensada e que seria perigoso demorar sequer mais um segundo antes de correr para cumprir a ordem do Lorde, ele se virou para Lupin – Preciso de Severus, mande uma carta pedindo a ele para te encontrar, invente algo que não desperte qualquer suspeita.
- É possível? – Perguntou o lobisomem, Voldemort olhou para ele sem entender a pergunta, Lupin engoliu em seco e continuou – É realmente possível salvar estas crianças?
O homem parecia cético, como se tivesse certeza de que a resposta era ‘não’, e tal realidade o devastasse.
- Se não fosse eu já teria ordenado a vocês que se livrassem de todas. – Rugiu o homem friamente, Lupin estremeceu, mas de certa forma a certeza do lorde o deixava mais calmo e esperançoso – Elas são responsabilidade sua até Narcisa voltar, alimente-as e limpe-as. – O lorde já estava na porta quando falou novamente, sem se virar para o outro – E mantenha elas desacordadas, a dor é grande demais e elas já sofreram o suficiente.
Quando chegou a mansão Riddle ele deixou cair seu alter-ego e caminhou em direção ao quarto, despindo-se dos mantos de Voldemort pelo caminho, entrou no banheiro e ligou o chuveiro, deixando os jatos de água quente lavarem um pouco da raiva e relaxar seus músculos tensos. Nagine chegou lá um minuto depois, mas não disse nada, conhecia seu mestre por tempo suficiente para saber que ele queria um pouco de silêncio para acalmar a mente em turbilhão, então ela ficou lá, quieta, apenas lhe fazendo companhia.
Tom saiu do chuveiro se secando sem qualquer atenção e se jogou ainda nu sobre a cama, enrolando-se em seus cobertores e afundando a cabeça no travesseiro, Nagine subiu com ele e se enrolou ao seu redor, oferecendo sua versão reptiliana de um abraço confortador. Ele estava exausto, o ritual tinha drenado muito de sua magia, tanto que ele foi quase incapaz de manter a persona de Voldemort por tempo suficiente para sair da vista de qualquer outro, seus olhos estavam quase se fechando, mas seu peito ainda doía, não apenas a dor física, também um outro tipo de dor.
Os olhos daquela criança também eram verdes. Não como o verde de Harry, não aquele verde rico, que parecia por si só carregar magia, mas mesmo assim verde o suficiente para choca-lo quando se abriram no momento final, a face nublada de pura agonia e desespero. A criança tinha morrido da mesma forma que viveu, confusa, com medo e sem fazer ideia do que estava acontecendo. Foi impossível não pensar em Harry, seu pequeno não saia de sua cabeça por um único minuto a dias, ele queria vê-lo, ter certeza de que estava bem, queria isso naquele momento mais do que quis qualquer coisa na vida, sabia que era algo tolo, estúpido e completamente irracional.
- O que ele está fazendo, Nagine? – Tom tinha perguntado aquilo por vezes suficientes para que a serpente nem mesmo se preocupasse em questionar o porquê.
- Está na aula de feitiços. Estão estudando Salvio Hexia, mas ele está entediado, ele e a menina Granger aprenderam isso no ano passado. – Tom sorriu para si mesmo, ele também tinha sido mortalmente entediado em quase todas as classes quando frequentava Hogwarts, não conseguia entender porque passavam tanto tempo estudando coisas tão simples – Ele está planejando ajudar seus colegas a usar o Salvio contrafeitiços das trevas, já que o professor está ensinando como defender coisas estúpidas e praticamente inócuas.
- Ele está fazendo bem. – Soprou Tom, fechando os olhos e se sentindo mais calmo, ele não tinha visto Harry, mas aquilo serviria por hora, ele precisava mesmo dormir.
Tudo em seu sonho era frio, isso tinha acontecido muito nos últimos dias, tudo parecia frio e vazio demais. Ele estava na sala de mármore, tinha uma maca no meio da sala e ele caminhou até ela, antes mesmo de ver ele sabia quem estava deitado lá. Harry estava pálido e magro, quase cadavérico, seus olhos estavam fechados e sua face se contorcia em visível agonia. Vê-lo daquela forma era doloroso para si, ele se sentia impotente, não podia fazer nada além de assistir ao sofrimento de seu pequeno, sentou-se na cama e pegou a mão do rapaz na sua, ela estava quente, mas não quente o suficiente, não quente como costumava ser.
- Foi para o bem de todos, Tom. – Disse alguém atrás dele, ele se virou e encontrou os olhos azuis por trás dos óculos de meia-lua, o velho sorria complacente, como se estivesse triste – Ele se tornaria poderoso demais, não era seguro.
- Você não podia ter feito isso... – Murmurou Tom, sua voz dolorida, pouco mais do que um sussurro – Não deveria ter tocado nele.
- Foi melhor assim. – Continuou o diretor – Olhe para você, este garoto te fez fraco, é isso que ele faz...com seus sorrisos e sua vivacidade, ele enfraquece todos que se importam com ele. Por causa dele seus pais tiveram de morrer, por causa dele Sirius precisou ser mandado para Azkaban, por causa dele você morreu. Ele é a destruição, a sua e a de todos nós.
- Não. Tudo isso é culpa sua! – Gritou Tom, desejando atacar o homem, mas se sentindo incapaz de soltar a mão de Harry – Tudo isso foi por sua causa. Ele era perfeito, desde o começo. Você o arruinou.
- Ele te arruinou. – Sorriu o velho, de forma condescendente – Olhe para você. É patético. Agarrado a uma criança moribunda que nem mesmo te deseja da mesma forma. Você tem pensamentos lascivos sobre o menino, quando ele é incapaz de olhar para você como mais do que um mentor, ele sequer confia em você.
- Cale-se!
- Ele vai morrer, Tom. Você não pode protegê-lo mais do que pode salvar essas crianças. Qual o ponto em se esforçar tanto? Ele pode não ter morrido em Godric naquela noite, mas ele vai morrer...
- CALE-SE! AVADA KEDAVRA! – O raio verde iluminou a sala, impedindo-o de enxergar por alguns segundos, um corpo desabou no chão e ele sorriu contente, o lorde correu até o corpo do outro lado da sala, mas aquele corpo não pertencia ao velho diretor, os olhos que lhe encaravam não eram azuis, eram verdes, tão verdes e brilhantes quanto o feitiço que ele acabara de lançar – Harry?! Não...Não...Você está bem...vai ficar bem...você não morreu da primeira vez, não vai morrer agora.
- Ninguém pode escapar da morte para sempre. – Sussurrou o garoto quando Tom se abaixou e o tomou nos braços.
- Sim, pode...eu posso. Você também poderá...
- Mas você é o único que pode...eu não quero mesmo viver para sempre... – Disse o rapaz, ele estava sorrindo, apesar de sua pele estar ficando cada vez mais fria e sua voz cada vez mais fraca – Deve ser muito solitário.
- Não. Não é! – Lamentou Tom, abraçando o corpo menor com mais força, tentando preservar seu calor por mais tempo – Não se você ficar comigo...Você não vai morrer...
- Está tudo bem, Tom. – A mão de Harry tocou seu rosto e o homem se inclinou para o toque – Mas salve as crianças, me prometa que vai salva-las, mesmo que não consiga me salvar.
- Eu vou. Vou salva-las e vou salvar você! Abra os olhos Harry, abra os olhos... – O sorriso ainda permanecia no rosto do jovem, mas o brilho em seus olhos estava quase apagando e diminuía a cada vez que o menino piscava.
- É uma promessa. – Sussurrou ele, a mão do rapaz caiu de seu rosto e seus olhos não se abriram outra vez.
- VOCÊ NÃO PODE MORRER!! – Tom sentou-se na cama, respirando duramente, sua pele estava inundada de suor frio e o vento da noite entrando pela janela aberta não estava ajudando, ao seu redor o quarto era um turbilhão de destruição, seus móveis estavam quebrados, suas cortinas retalhadas, e a porta do banheiro pendia nas dobradiças, ele passou a mão sobre o rosto, tentando normalizar os batimentos de seu coração.
- Foi apenas um sonho mestre, não importa o quão ruim tenha sido, foi apenas um sonho. – Sibilou Nagine deslizando através da destruição para se aproximar de Tom.
- Sim...Sim, eu sei. – Disse o homem – Preciso salvar essas crianças Nagine. Se não puder salva-las, como poderei salvar o Harry?
- Então faça. – Disse a serpente com firmeza, Tom olhou para ela – Levante-se e faça. Você pode fazer tudo Tom, você sempre soube disso, não é hora de começar a duvidar.
Ele ficou quieto. As imagens do sonho ainda estavam muito vivas em sua mente, os olhos mortos de Harry pareciam queimados na sua memória. Mas foi só um sonho, eu nunca precisarei ver isso. Vou dar um jeito, Harry não vai morrer, nem pelas mãos de Dumbledore, e nem por nada.
O homem levantou-se e rumou até os escombros de seu armário, pegando uma roupa qualquer que ainda estava inteira. Ele poderia não saber como quebrar o selo das crianças ainda, mas ele sabia que isso era só o começo. Ele precisaria curar a loucura de cada uma quando acordassem, e ele o faria, afinal ele prometeu a Harry, não importa que tenha sido o Harry do sonho, a promessa ainda seria cumprida.

Harry Potter e o Mentor das TrevasWhere stories live. Discover now