Capítulo 10 - Bônus

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Betado por @smjkbien. Muito obrigada.


Ele estava sentado em sua escrivaninha, ouvindo tudo o que Narcisa tinha encontrado em suas pesquisas, ele admitia que às notícias pareciam promissoras, mas ainda estavam longe de ser o suficiente. Narcisa tinha acabado de explicar o complicado padrão de runas de selamento quando Nagine se arrastou até encima da mesa.
- O menino precisa falar com você! – Anunciou a serpente.
Tom sentiu seu corpo enrijecer de preocupação no mesmo segundo, estava realmente muito tarde e Harry não o chamaria naquele momento se não fosse importante.
- Deixe-me entrar Nagine. – Pediu o homem com o máximo de calma que conseguiu.
Dizer que ele não esperava ver o que viu seria muito pouco. O ambiente ao seu redor era esfumaçado e embora ele não pudesse realmente sentir o calor e a umidade ele conhecia aquele lugar bem demais para não saber como se sentiria lá, era o banheiro da câmara, mas isso ocupou uma parte bem pequena da sua percepção, pois a sua frente estava Harry Potter, completamente nu. O chuveiro estava ligado e a água ainda estava se derramando sobre a pele levemente avermelhada do rapaz, o cabelo encharcado se derramava sobre os ombros e parte do peito. O Lorde não pôde impedir seus olhos de vagar além do rosto do rapaz, seguindo os caminhos que a água fazia sobre o tórax e em seguida entre as pernas do garoto, ele engoliu em seco, agradecendo profusamente por estar usando a persona de Voldemort na biblioteca ao invés da própria, porque do contrário, Narcisa o estaria vendo corar.
- Boa noite Tom. – Disse Harry e o mais velho piscou, voltando a olhar em seus olhos e forçando-se a permanecer lá.
- Espero que você tenha uma ótima razão para me chamar tão tarde e no meio de seu banho. – Harry pareceu então dar-se conta da própria situação e desviando os olhos pegou uma toalha enrolando em sua cintura, Tom estava em dúvida entre se sentir agradecido por isso ou irritado.
- A primeira tarefa são dragões. Não sei o que teremos de fazer com eles, mas tem um dragão para cada campeão. – O moreno estava enxugando o cabelo enquanto caminhava para dentro do escritório.
Isso não pode ser sério! Pensou ele enquanto o garoto se sentava no sofá, apenas agora ele percebeu que Harry na verdade parecia pálido e seu rosto estava vincado de preocupação, seus ombros formavam uma linha dura e tensa. O garoto estava com medo e ele não poderia culpá-lo por isso, ele próprio estava realmente preocupado agora.
- Não é a primeira vez que um campeão terá de enfrentar uma criatura mágica de grande porte, é quase uma regra histórica do Torneio. Obviamente a tarefa não será matá-los, o ministério não permitiria a matança de dragões, muito menos dentro de Hogwarts. É mais provável que tenham que passar por eles...- Tom não sabia se estava tentando acalmar o garoto ou a si mesmo, ele fez seu caminho para cima do sofá, enroscando-se sobre as pernas do rapaz, ele desejou poder realmente sentir o calor que parecia emanar dele, amaldiçoando as limitações da ligação mental de seus familiares, amaldiçoando sua incapacidade de estar fisicamente lá para acalmar o menino - Quando a criatura foi um Basilísco, o que seria muito melhor para você, os campeões precisavam levá-los até uma caixa de vidro dentro da arena e sair de dentro dela antes de serem mortos...
Tom preferiu não falar sobre o quanto os juízes se machucaram durante aquela prova em particular, Harry parecia perturbado o suficiente sem saber disso.
- Incrivelmente animador. – Murmurou o menino e Tom observou seu corpo tremer quase imperceptivelmente.
- Houveram tarefas similares envolvendo Acrômantulas, Cavalos do Lago, Erumpes e outros. Mas a tarefa sempre gira em torno de prendê-los ou incapacitá-los por algum período de tempo. – Ele continuou, falar sobre os fatos o deixava mais calmo e ele não estava pensando em nada mais útil para dizer além disso, ele queria acalmar o garoto, mas não conseguia sequer fazer isso para si mesmo.
- E como diabos eu vou incapacitar um dragão!? Precisaram de quase DEZ bruxos essa noite para desacordar um, mesmo supondo que minha magia seja forte o suficiente para eu fazer isso sozinho, como eu faria na frente de Dumbledore e dos outros juízes sem levantar suspeitas?
O lorde não sabia como responder. Ele nunca teve um interesse particular por qualquer criatura além do Basilísco, Dragões eram criaturas selvagens e completamente incontroláveis, ele os admirava por seu poder e por suas habilidades, mas nunca quis aprender como lidar com um. Ele lamentou isso internamente.
- Venha até aqui amanhã e pensaremos em alguma coisa. Por agora o melhor a fazer é ir descansar, você precisará de toda sua energia amanhã.
Tom viu a face do rapaz se tornar mais transtornada antes dele acenar afirmativamente. O homem queria ficar mais, queria falar mais, talvez distraí-lo daquilo até que ele pudesse adormecer, mas Gael não aguentaria manter a conexão por muito mais tempo, então ele olhou o semblante perturbado de seu menino mais uma vez antes de retirar-se.
Ele deixou-se cair outra vez sobre sua cadeira, sequer percebeu que tinha se levantado, mas agora seu corpo parecia muito mais tenso do que antes. Dragões. De todas as criaturas que poderiam ser escolhidas, escolheram uma da categoria quatro. Pela primeira vez em muito tempo Lorde Voldemort sentiu algo que se aproximava do medo, e se ele não estivesse tão perturbado por aquela informação, provavelmente estaria se perguntando como a segurança de outra pessoa poderia significar tanto para ele.
- Meu senhor. – Chamou Narcisa, Voldemort tinha esquecido completamente de sua presença ali – Algo aconteceu? O senhor parece perturbado.
- Existe algo com que eu preciso lidar. Saia Narcisa, te chamarei de volta em um momento mais oportuno.
A mulher anuiu, mas ainda parecia muito curiosa. Ele sentiu quando ela desaparatou, deixando-o sozinho com Nagine e então ele deixou a persona de Voldemort cair, passando a mão nervosamente sobre os cabelos escuros.
- Ele realmente pode acabar morto, Nagine. – Disse o lorde assim que a cobra se instalou sobre suas pernas – Ele terá de enfrentar um dragão e eu não estarei lá para ajudar caso algo corra mal. Como o ministério pode permitir que qualquer estudante tenha que enfrentar um Dragão? Isso é absurdo.
- O que vai fazer mestre? – Perguntou a cobra, ela também estava preocupada com o menino, ela o via quase como um filho, se importava com ele da mesma forma que se importava com Tom e Gael.
O homem ficou calado por vários minutos, ponderando as possibilidades, mas tudo o que pensava parecia um esforço inútil, ele não sabia nada sobre dragões, nada que ajudasse Harry a sobreviver. Ele não gostava de criaturas.
Mas Sofia sim. O pensamento se apoderou dele rapidamente, ele puxou uma folha de pergaminho para si e começou a escrever a carta. Nessas horas ele odiava não ter marcado Sofia, seria muito mais rápido se pudesse chamá-la com à marca, mas alguém como ela deveria permanecer aparentemente neutra na guerra. Em minutos ele selou a carta e a encantou para que chegasse a residência da mulher. Ele sabia que não a teria ali antes do dia amanhecer, mas isso não o impediu de andar em círculos pelo resto da noite.
Desistindo de realmente dormir ela apenas se deitou no sofá, um copo de Firewisk rodando em sua mão. Sem sua permissão sua mente retornou a lembrança de Harry, da forma como seu rosto estava pálido e do quanto seus olhos sempre tão vivos e intensos pareciam apavorados, ele não queria vê-lo daquela forma, ele queria vê-lo animado e sarcástico como sempre, queria ouvir suas frases insolentes e suas risadas maliciosas, queria ver suas bochechas coradas de alegria.
Se lembrou da pele corada do banho, e de como o rapaz tinha se desenvolvido desde a última vez que o viu sem camisa durante o ritual de liberação, naquela época o garoto tinha a pele doentiamente pálida, suas costelas eram perfeitamente visíveis sob sua pele e sua constituição era muito menos muscular do que deveria. O homem que viu nessa noite era completamente diferente daquele menino. Harry hoje era menos de uma cabeça menor do que ele próprio, seus músculos eram esguios, mas perfeitamente delineáveis sob a pele, seu estômago era liso e por um segundo Tom se perguntou se a pele do garoto era tão suave e macia quanto parecia.
- No que diabos eu estou pensando? – Repreendeu-se ele no momento em que percebeu o rumo de seus pensamentos – Por Merlin, ele é só um garoto.
Ele continuou a repetir aquilo para si mesmo até de manhã, muitas vezes se pegava pensando no quão belo aquele rapaz estava se tornando.

Harry Potter e o Mentor das TrevasWhere stories live. Discover now