Capítulo 30

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Betado por @smjkbien.
Muito obrigada.


“Para conhecer o caráter de uma pessoa basta observar como ela trata a quem não tem nada a oferecer.
- Hugo Alves Pereira

Na manhã em que finalmente voltaria para mansão Harry achava que nada poderia estragar seu bom humor, mas ele descobriu que estava errado quando Neville veio em sua direção, uma expressão pesada e nada promissora, ele tinha um jornal em sua mão.
- O que aconteceu agora?! – Perguntou o moreno, perdendo o apetite mesmo antes de ouvir a resposta.
Neville colocou o jornal a frente dele sem dizer anda.

Hermione Granger: A erva daninha de Hogwarts
Por Rita Skeeter

O titulo ofensivo não era nada promissor e o conteúdo era ainda pior, Hermione era descrita como uma menina maldosa e manipuladora que se divertia brincando com o coração de Harry e Krum, mencionava o ataque com ‘pús de burbotubora’ como um ato de retaliação dos fãs por magoar Harry e terminava com a seguinte passagem:

“... Mesmo depois de seu comportamento despudorado, parece que Harry Potter ainda permanece apaixonado pela jovem.
‘ ... Eu não posso me desculpar, porque não me arrependo... Eu faria de novo.’ Entoou o menino apaixonadamente em pleno salão comunal. A resposta da nascida-trouxa foi rir e ridicularizar a bela declaração do menino que sobreviveu.
Todos desejamos que Potter siga o exemplo de Vitor Krum e termine esse relacionamento prejudicial com a jovem trouxa.”

Harry bufou cansado, mal parecia que tinha acordado a poucas horas atrás. Ele ergueu os olhos para encontrar Neville ainda de pé ai seu lado, os braços cruzados sobre o peito e a expressão dura de irritação.
- Sabe onde ela está? – Perguntou o moreno se levantando.
- No salão comunal, Ron e os gêmeos estão com ela. Mas isso não está impedindo ninguém de olhar para ela de forma agressiva.
- Por que qualquer um  acha que pode se meter na minha vida amorosa?! – Grasnou Harry sem se preocupar em manter a voz baixa, ele marchou para fora do salão, Neville em seu encalço.
Eles seguiram para a torre ignorando as cabeças se virando em sua direção enquanto passavam. Quando entraram no salão comunal viram Hermione e os Weasleys ao lado da lareira, na face de Hermione permanecia a irritação, mas seus olhos estavam brilhantes e Harry a conhecia bem demais para não saber o significado. Ela caminhou até ela escutando os sussurros crescerem e se transformarem em conversas abertas, mais da metade da sala tinha um exemplar do profeta em suas mãos, ele respirou fundo, parado a frente da menina.
- Já que vocês gostam tanto de falar, falem sobre isso... Qualquer um que fizer qualquer coisa contra Hermione vai ter que se entender comigo. Eu enfrentei um dragão, vocês não querem saber o que eu faria com vocês. – Ele então estendeu a mão para Hermione que hesitou antes de pega-la e entrelaçar os dedos com os dele, Harry se virou então para os amigos no sofá, os gêmeos sorriam matreiros e Ron parecia confuso, o moreno acenou uma despedida e puxou Hermione para fora da sala.
Eles caminharam juntos em direção a sala de aula, ainda faltavam cerca de 10 minutos antes de começar, então estavam sozinhos.
- Você não precisava vir me resgatar em um cavalo branco. – Ralhou a menina, mas não parecia realmente irritada com ele – Sei cuidar de mim.
- Eu sei disso. – Respondeu Harry – Mas da ultima vez você recebeu aquele pacote e eu não quero nada assim acontecendo de novo. Principalmente na minha ausência.
- Vocês arranjaram um jeito então... – Ela parecia simultaneamente satisfeita e irritada – Quer dizer que vamos ter que lidar com o outro você de novo. Maravilhoso.
- Ele vai se comportar dessa vez. – Harry sorriu maliciosamente – E se ele não se comportar... você e o Blaise tem minha permissão para puni-lo como quiserem.
Hermione ficou visivelmente animada com a perspectiva, mas os colegas começaram a chegar e não puderam falar mais sobre o assunto.

Chegar a câmara naquela noite foi mais complicado do que ele gostaria, Karkaroff estava como um cão de guarda na frente do banheiro interditado todas as noites, o que tornaria impossível abrir a câmara sem ser notado. Faltava pouco mais de uma hora quando Harry teve uma ideia. Achar Pirraça não foi muito complicado, o castelo era grande, mas todos sabiam que a maior diversão do Poltergaist era infernizar Filch, e foi lá que Harry o encontrou, espalhando pergaminhos e tinha por toda a sala do zelador.
Harry riu alto para atrair a atenção do Poltergaist.
- Alunos fora da cama. Oh, como Filch vai gostar de saber disso. – Cantou Pirraça, se preparando para começar a gritar, mas Harry foi mais rápido.
- Pensei que você ia gostar de saber que há um certo diretor estrangeiro na escola dizendo que Poltergaists são tão patéticos que nem deveriam ser considerados fantasmas.
- O que foi que você disse?! – Grasnou Pirraça.
- Oh, não fui eu quem disse. – Desculpou-se Harry – Eu vi Karkaroff dizer que ter um Poltergaist em Hogwarts desmerece o castelo e que em Durmstrang ele não nunca permitiria um.
- Eu gostaria de vê-lo tentar me expulsar. Oh, ele se arrependeria tanto de suas palavras.
- Ele fica o tempo todo no banheiro da Murta. – Disse Harry, como quem não quer nada – Ainda deve estar por lá.
Pirraça desapareceu através das paredes tão rápido que Harry teria perdido se piscasse.
- Como você sabia que ele não iria nos entregar?! – Perguntou Neville respirando pela primeira vez desde que Harry começou a falar.
- Ele é um Poltergaist, não um fantasma comum, ele não controla suas emoções, suas emoções o controlam. Por isso é tão fácil irrita-lo. – Respondeu Harry sorrindo para si mesmo.
- Quanto tempo você acha que precisamos esperar?
- Dez minutos no máximo.
Quando caminharam de volta para o banheiro podiam ouvir os gritos e xingamentos de Karkaroff ao longe. Harry abriu a câmara e chamou as escadas, eles desceram até a segunda câmara antes das 11:30hr.
Fazia um tempo que Harry não ia até lá e antes de passar tanto tempo na mansão ele não tinha se dado conta de como os lugares eram similares.
- Há muitos anos não estive neste lugar. – Um sibilar conhecido se fez presente e Harry olhou naquela direção, Nagine deslizava sobre as pedras, sua língua provando o ar com avidez – Tanta coisa começou aqui.
- Foi aqui que a revolução nasceu. – Respondeu Harry aspirando com força como se pudesse absorver as memorias do lugar.
- Foi aqui que Voldemort nasceu. – Disse Ela.
- E aqui que ele voltou. – Completou Harry a voz nublada de emoção.
- Não sei o que estão dizendo, mas está começando a me assustar um pouco. – Disse Neville e só então Harry se lembrou de sua presença, Harry sorriu para ele de forma divertida e implicante, Neville respondeu com um bufar.
- É bom vê-la, Nagine. – Sibilou Harry.
- Não tão bom quanto rever Tom eu imagino. – Disse a serpente e Harry se forçou a não corar, Nagine podia ser muito implicante quanto estava em certos humores – Ele está esperando por vocês fora do castelo.
- Ele veio a Hogwarts?! – Perguntou o moreno surpreso.
- Alguém deve leva-lo para casa, não é?! Ele tem estado com um humor terrível desde que você voltou ao castelo. – Implicou ela outra vez, mas Harry estava ansioso demais para se importar.
- Mostre o caminho. – Nagine não perdeu mais tempo e seguiu para uma gruta larga na primeira câmara. As vezes a passagem era tão estreita que ele tinha de se espremer para passar, Neville caiu mais de uma vez e ambos os rapazes tinham as palmas das mãos feridas de se apoiar nas rochas. Pareciam estar caminhando por horas, iluminados por nada mais do que a luz da varinha de Harry, o rapaz sabia que se fosse deixado sem a liderança de Nagine ficaria perdido nas grutas para sempre. Finalmente chegaram a saída, o ar da noite estava frio e extremamente refrescante depois da unidade abafada das pedras, assim que saíram diante de uma clareira dentro de uma floresta e parado no centro estava Tom, iluminado pela luz da lua, ele tinha ambas mãos no bolso e sorriu quando seus olhos encontraram os de Harry. O rapaz quase cedeu ao impulso estupido de correr e abraça-lo, mas ao invés disso caminhou até o Lorde e acenou em reconhecimento, Tom por sua vez deu passo à frente e deu um passo a frente e apertou seu ombro.
- É bom vê-lo. – Disse ele e Harry concordou com um sorriso – Devemos ir, mesmo que essa seja uma passagem segura, não podemos arriscar.
Tom hesitou em soltar Harry, mas o fez com um suspiro derrotado. Nagine se enrolou ao redor de seu mestre e Harry segurou o pulso de Neville, então os quatro se transportaram para a mansão.

- Como eu vou voltar para o castelo depois?! – Perguntou Neville.
Eles estavam na sala de mármore e Neville estava segurando o punhal ritual que lhe permitiria fazer magia fora da escola. Suas mãos tremiam e ele parecia mais pálido que o normal, mas nenhuma gota de dúvida podia ser vista em seu rosto – Eu não posso voltar pela passagem na câmara.
- Moody vai busca-la na aldeia pela manhã. – Afirmou Tom, parecendo apenas um pouco impaciente – Mas eu não sei por quanto tempo você vai ficar desmaiado, então quanto antes você começar melhor.
- Eu não posso acabar morto fazendo isso, posso?! – Perguntou ele preocupado, Tom revirou os olhos.
- Você vai ficar bem perto da morte e tecnicamente pode entrar em choque por causa da dor.
- Você não acha que deveria ter mencionado isso antes?! – Disse Neville alarmado.
- Neville, é por isso que estamos aqui. – Confortou Harry – Tom vai interromper o ritual se você entrar em choque. Confie em mim, você vai ficar bem.
- Supondo que não vai enlouquecer por causa da dor. – Murmurou Tom.
- Não está ajudando. – Acusou Harry, Tom bufou e descruzou os braços, caminhando para um pouco mais perto de Neville.
- Harry tem quase o dobro do seu potencial magico e conseguiu suportar o ritual. Do jeito que você é, vai machucar bastante, mas nada que vá ‘realmente’ ameaçar sua vida. Se você quer desistir é com você, mas se quer continuar... A hora é agora.
Neville respirou fundo várias vezes, apertando com força sua nova varinha de English Oak. Ele posicionou a lamina sobre o peito e deu um último olhar confiante na direção de Harry, que sorriu encorajador.
- Potentia Pontentiae. – Entoou Neville afundando a lamina em sua carne, ele gritou a plenos pulmões e caiu de joelhos no chão, sua face contorcida em agonia.
Harry se lembrou do tempo em que realizou o ritual, da dor que sentiu, ele queria fazer algo para ajudar, mesmo que soubesse que não podia. Ele assistiu Neville levar a varinha até a ferida, seus dedos brancos ao redor da madeira. O jovem ainda estava gritando e Harry se perguntou por quanto tempo aquilo continuaria.
Como se estivesse lendo sua mente, Tom se aproximou dele, segurando seu ombro e oferecendo conforto.
- Ele está indo bem, os gritos dele nem são tão terríveis quanto os seus foram. – Disse o Lorde, mas aquilo não acalmou o mais novo.
- Quanto tempo ainda vai demorar?
- Apenas mais alguns minutos. Está vendo as runas no punhal?! Elas estão quase apagando. Falta pouco agora.
- Quanto tempo eu demorei?
- Quase uma hora... – Respondeu Tom, sua voz permanecia calma, mas a mão no ombro de Harry apertou com mais força – Fiquei tentado a interromper o ritual algumas vezes... foi difícil me conter, você quase morreu.
- Pensei que fazia parte do processo.
- Faz, mas isso não quer dizer que eu tenha gostado. – Disse Tom fazendo uma careta irritada, Harry quase riu antes de um grito particularmente agudo de Neville matar seu bom humor.
- Neville vai ficar bem? – Perguntou Harry, cheio de preocupação.
- O garoto é forte. Eu não ajudaria se não fosse.
A sala caiu em silencio súbito e os dois moremos olharam para frente. O punhal tinha parado de brilhar e estava caído ao lado do corpo flácido de Neville, a ferida não sangrava mais. Harry correu até o amigo, procurando sua pulsação, ela era errática e a magia do garoto parecia irregular, mas ele estava vivo.
- Devemos colocá-lo na cama. Algumas horas de sono vão ser necessárias antes dele voltar. – Informou Tom, levantando a varinha e flutuando o corpo adormecido de Neville até o leito que tinha preparado mais cedo.
- Ele vai se sentir um lixo quando acordar. – Murmurou Harry, mas ele estava sorrindo.
- Não vai ser tão ruim para ele quanto foi para você.
- Como você pode saber?!
- Quanto mais magia você tem, mas doloroso é o ritual... Acredite em mim, o que ele passou seria um passeio no parque para você. – Harry continuou olhando o corpo adormecido do amigo, desejando que Tom estivesse certo – Venha, você também deve dormir um pouco.
- Se eu disser que não quero você vai me deixar ficar acordado? – Perguntou Harry sorrindo, Tom sorriu para ele em resposta.
- Não posso te obrigar a dormir e nem vou te trancar no seu quarto se é isso que você está perguntando. – Respondeu Tom – Mas você deveria descansar... Ainda temos que treinar oclumência antes da missão e você sabe muito bem como é desgastante para você.
- Você vai dormir?
- Tenho que finalizar o encantamento no anel de Neville. Transforma-lo em uma chave de portal para a mansão onde estão seus pais. Vou descansar depois disso.
- Eu posso ajudar? – Harry sabia perfeitamente que não tinha qualquer conhecimento sobre chaves de portal, mas ele não queria ficar sozinho, toda vez que ficava pensava nas palavras de Draco. ‘Antes você era só Harry Potter...agora você é outra coisa. Agora você é Mordred.’ Harry não queria pensar nisso, não queria pensar no quanto o loiro estava certo.
Tom parecia prestes a negar, mas algo no rosto do garoto o fez mudar de ideia. Ele estava consternado, e ele não gostava de vê-lo daquela forma.
- Se você quer... mas apenas por algumas horas. Depois você vai dormir. – Harry concordou e os dois seguiram para o escritório de Tom. Harry estava feliz por estar de volta em casa.

Harry Potter e o Mentor das TrevasWhere stories live. Discover now