Capítulo 5 - Bônus

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Betado por @smjkbien. Muito obrigada.


Desde a primeira carta de Snape, uma semana antes de voltar para Hogwarts, ele se encontrava tenso, mesmo quando o homem voltou para casa dizendo a ele que apesar do que ele tinha feito o Lorde das Trevas ainda o queria do seu lado e ainda o deixaria viver, a tensão não passou, e agora que estavam tão longe ela apenas aumentava a cada dia.
Todos os dias ele era obrigado a ficar sentado em casa, esperando, apenas esperando. Ele ainda não sabia o que estava esperando, mas seu instinto de lobo, algo que os anos lhe ensinaram a confiar, lhe dizia para estar preparado.
Era uma noite particularmente úmida e desagradável quando a décima terceira carta chegou, inicialmente não parecia haver nada de especial naquela carta, era como todas as outras que Severus havia lhe mandado, o texto falava sobre coisas inócuas, como às aulas estavam indo, como os alunos do primeiro ano eram ainda mais idiotas do que os do ano anterior e do quanto Severus gostaria de estar ao lado dele apreciando o calor da lareira. Ele a leu calmamente, apreciando às palavras reconfortantes e sorrindo com o quanto Snape poderia parecer mal-humorado mesmo em suas cartas, apenas quando estava prestes a guardar aquela carta junto com às outras algo lhe pareceu fora do comum.
Um cheiro muito diferente daquele que às cartas costumavam ter, aquela carta em particular não cheirava a pergaminhos ou à tinta, não cheirava nem mesmo às ervas que Snape costumava usar, era algo cítrico e encorpado, algo não combinava com aquilo, a folha cheirava a limão, como se o homem tivesse derramado lá enquanto escrevia. Ele voltou a ler a carta, Snape não era o tipo de pessoa que deixaria algo assim acontecer, se por acaso ele derramasse qualquer coisa no pergaminho, ele escreveria a carta inteira novamente, aquele cheiro queria dizer alguma coisa, e Remus precisava descobrir o que era.
Remus se orgulhava de sua acuidade mental, mas quando ele finalmente descobriu o que aquele cheiro queria dizer foi um acidente, ele tinha se deitado no tapete da sala, algo que ele só fazia quando Snape estava ausente, havia uma taça de vinho ao seu lado e ele olhava a carta com atenção, estava quase caindo no sono e sem prestar atenção em seus movimentos acabou esbarando na taça e fazendo um pouco do vinho se derramar sobre o pergaminho, ele imediatamente o ergueu, afastando o do chão e não intencionalmente aproximando-o do fogo, o cheiro lhe atingiu no mesmo instante, o cheiro de limão se intensificando, ele olhou para cima e foi quando percebeu que por trás das letras de Snape surgia aos poucos uma segunda mensagem, invertida devido à posição.
Ele virou a folha, e então podia ver claramente outra mensagem marcada no pergaminho, escrita com suco de limão e revelada pelo fogo, estava a caligrafia de Snape novamente.

Remus,

Espero que não tenha sido muito difícil para você descobrir do que isto se tratava. Eu não poderia usar magia para esconder está mensagem, pois isso chamaria a atenção de alguém a respeito do conteúdo, portanto tive que me valer de uma técnica trouxa bem rudimentar, mas funcional.
Sei que está preocupado e ansioso por notícias, tenho certeza de que pode entender porque não tenho sido mais claro em minhas comunicações, eu mesmo sei muito pouco. Infelizmente está mensagem não é para esclarecer nada, embora eu ache que dentro de pouco tempo você estará mais bem informado do que eu.
LV quer ter uma conversa com você. E embora isso me deixe nervoso, você deveria ir, principalmente porque recusar algum pedido dele nesse momento seria extremamente insensato de nossa parte.
Ele deseja encontra-lo no dia 31 de outubro ás 22hrs p.m., pois nesse horário o diretor estará ocupado com os preparativos para o torneio Tribruxo. Às 20:50min p.m. você deve sair da nossa casa e caminhar ininterruptamente na direção oeste, alguém ira encontrá-lo no trajeto, tenha muito cuidado Remus, eu não sei o que ele planeja e tanto quanto quero acreditar que não te fará mal eu ainda me preocupo.
Escreva-me assim que você voltar para casa, nem um minuto depois, use um expresso coruja. Não vou conseguir me concentrar em nada até saber que você está bem, e você sabe o quanto a falta de concentração é perigoso para mim.

Sinto sua falta,
Severus.

Aquela carta certamente não tinha lhe deixado mais calmo. Ele fechou os olhos e aspirou com força, tentando absorver o máximo do aroma calmante de sua casa.
- Mas não está certo... – Sussurrou ele para si mesmo – Está faltando o cheiro de ervas, o cheiro do Severus.
Ele levantou-se do tapete e se jogou na poltrona de Severus, enrolou-se em uma bola e enterrou o rosto no braço do móvel...ali ainda cheirava a Severus, diferente do quarto que agora cheirava apenas como ele.
Imaginou o moreno sentado ali consigo, sendo impregnado pelo seu calor que ele sempre dizia apreciar. Não havia ninguém para esquentar Snape quando ele estava em Hogwarts, não havia ninguém para fazê-lo rir e parecer um pouco menos aterrorizante, não havia ninguém para deitar-se com ele a noite e lhe envolver nos braços com ternura, Remus ansiava por todas aquelas pequenas coisas, ansiava por Snape. O castanho fechou os olhos e adormeceu, sonhou com o moreno e foi tão bom que ele sequer se preocupou com o significado da carta secreta.

Harry Potter e o Mentor das TrevasWhere stories live. Discover now