VOLUME 2 - Separação

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          — Esse é o último, uma pena. Esperava que fôssemos reabastecer em Murien..., mas agora estamos sem descanso e quase sem comida. — Suspirou. — O que Jaime diz é verdade, se continuarmos para o leste, dificilmente acharemos alguma vila aliada. Teremos que seguir para o norte e passar próximo do Val Norte.

          — Estamos próximos assim dele? — O estelar perguntou.

          Estava meio confuso, não conseguia mensurar exatamente a distância que era possível percorrer na terra. O Val Sul era uma rachadura enorme que criava uma cicatriz em Udorus, ou o Grande solo. O Val Norte era ainda maior, mais largo, vindo das montanhas de gelo no extremo norte até próximo ao limite leste de Deschain.

          Os dois Vais eram visíveis do espaço como linhas negras, quebrando o colorido das águas e terras a sua volta, mas se eles estavam próximos do Vau Norte, quer dizer que estavam quase no centro do continente e isso significava que eles haviam percorrido metade dele em pouco mais de um mês de marcha.

          — Talvez com duas semanas nós possamos alcançá-lo, o problema é que quando alcançarmos o deserto, será ainda mais difícil de conseguir alimento.

          — Mas há vilas próximas ao Val. — Jaime disse, cutucando a terra com um graveto.

          — Sim, mas não sabemos se podemos confiar neles. Se a princesa estiver certa, há a possibilidade das tribos livres estarem do lado de Deschain, mas não temos certeza.

          — Vamos torcer, então.

          — Sim, vamos torcer... — O tenente suspirou de novo. — Agora vamos dormir, temos que levantar rápido amanhã, precisamos sair do alcance de Murien.

          — Não devíamos ter feito uma fogueira. — Jaime disse, olhando as chamas.

          — Não mudaria nada, não cobrimos os nossos rastros, a vantagem que o Eastar nos deu ofereceu esse descanso. — Edwin deu um sorriso para o estelar, que acenou com a cabeça. — Mas vão, durmam, amanhã vamos decidir melhor o que fazer.

* * *

          No dia seguinte, Eastar acordou assustado, ele sentiu uma pressão sobre a boca e um barulho ao longe.

          Ainda estava escuro. Piscou algumas vezes e viu que a mão em sua boca vinha do braço de Sindar, que estava deitada ao seu lado, olhando na direção dos ruídos.

          — Nos alcançaram.

          Tentando ser o mais silencioso possível, ele se levantou e foi até Edwin e Jaime, que sussurravam, enquanto selavam os cavalos.

          — Não parece que vamos ter tempo pra pensar.

          — Não, no entanto, eu já pensei, e a Allyn me ajudou com alguns detalhes. — Edwin disse, seus olhos vermelhos emitindo uma luz densa e feroz. — Selem os cavalos e vamos logo, precisamos cobrir uns dois quilômetros antes que eles nos alcancem.

          Rapidamente se arrumaram e montaram, por mais que quisessem correr e impor distância, deixaram os cavalos esquentarem, aceleraram a cavalgada aos poucos até que por fim puderam se pôr a galope.

          Poucos metros atrás, era possível ouvir os perseguidores, Edwin e Allyn tomaram a frente, seguiam uma trilha que pareciam conhecer.

          Chegaram a um ponto onde as árvores se abriam, dando espaço a um fundo de vale estreito, cercado por dois morros com quase dez metros de altura.

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora