Você quer um final?

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(Narrador) 

Como já deve saber, Jeon DongHyo e Lee DongYul morreram. Um matou o outro, cada um tendo seus motivos e maquinações destruídos junto ao ultimo batimento cardíaco. No mesmo lugar e pela mesma causa, mesmo que por armas diferentes.

Jeon DongHyo, alguém com ardis tão horrendos. Seus tiros haviam sido planejados para WonWoo e MinGyu. Em sua mente os encontraria vagando pela rua. Ao contrario do que pensava encontrou apenas aquele que achara ser seu filho por toda sua vida e o mentiroso com o qual fizera um acordo. Ele já sabia que DongYul não estava disposto a entregar WonWoo para si, nunca estaria. Para pegar o outro, teria que acabar com o Lee também. Ainda bem que havia uma terceira bala em sua arma. Uma que não fora usada, duas na verdade.

Lee DongYul se arrependera, mesmo que apenas em partes. Quando percebera o Jeon saindo com sua arma, apanhou a sua também e disparou na direção da escola de WonWoo por um atalho que havia aprendido. Chegou poucos minutos antes, por sorte enquanto se aproximou percebeu que MinGyu não estava ali. As chances de sequer dizer algo e ser espancado pelo grandalhão eram grandes.

Desespero era o que definia completamente o adolescente. De certa forma ele já sabia que sua morte era iminente. Sua mente era uma completa confusão. Seus sentidos de certo e errado mais fodidos que nunca. Ele sentia que fazia o errado em estar ali, mas não conseguia evitar. Culpa. Culpa crua e obscura lhe corroía de dentro para fora.

O que é curioso é que se se tratasse apenas de machucar o menino, o garoto não hesitaria. Não, como já antes dito, sua noção de certo e errado era distorcida dentro de sua mente. Mas quando se tratava da morte de alguém, era algo irrevogável de mais. Ele não suportaria viver com aquilo. O mataria lentamente por dentro, mais que já estava morto.

Ainda bem que após dar dois tiros em DongHyo ele não continuou vivo, não é? Ele até mesmo pedira desculpas a WonWoo. Claro, nenhuma desculpa ou arrependimento apagava o que havia feito. Mesmo ter dado sua vida no lugar da de WonWoo não mudava as coisas horrendas que havia lhe causado. Mas de certa forma, fazia com certas coisas passassem a ser menos assustadoras para WonWoo. Pelo menos com relação a ele e ao que tinha feito. O Jeon tinha um bom coração, e mesmo que o Lee estivesse morto, ele o perdoara.

Ao menos ele havia se arrependido e pedido desculpas, correto? Ao meu ver, para o que ele havia causado e a ameaça que representava talvez fosse, ainda mais com o passado que tinha. Não é como se ele tivesse ido para um psicólogo, ou se tratasse. Aquilo tinha partido dele, ajudou porque quis. Assim como machucou porque quis.

As pessoas fazem suas escolhas, mas não é como se tivessem total controle sobre si mesmas. Vejamos a mãe de WonWoo, senhora Jeon JiEun. Ela não escolheu se apaixonar por DongHyo, apesar de no inicio ele parecer alguém decente. Um cara normal, bem educado e sempre galanteador. JiEun apaixonou-se pela sua forma peculiar de agir, sempre otimista, um sonhador nato, mas com algo a mais. Ansiava por viver no limite, era como se o mundo não lhe fosse o bastante. Isso a chamou atenção obviamente, ainda mais quando antes era apaixonada apenas pelo Lee JiSung.

O senhor Lee, pai de SeokMin e de WonWoo, era alguém simples que almejava as coisas mais comuns que se poderia imaginar. Como uma família, uma boa faculdade. Coisas para lá de simples que qualquer um consegue com força de vontade, com esforço. Diferente de DongHyo que nunca estava satisfeito. A vida não era o suficiente para ele.

Consequentemente JiEun também não era o suficiente para ele.

Uma pena que ele a tenha matado, ela era uma boa pessoa. Amava muito o filho e sonhava apenas em vê-lo crescer bem e saudável. Claro que para DongHyo foi uma grande alegria ter um filho, fora um marco em sua vida. O choque de ter sido enganado por tanto tempo e daquele não ser seu filho fora grotesco. Não fora intencional de JiEun engana-lo, mas a felicidade de ser pai para ele era tanta, que ela não teve coragem de lhe contar a verdade.

A mentira lhe custou a vida. E acabou complicando em demasia a vida do filho. Tirou a oportunidade de ver o amor florescer pela primeira vez no coração de WonWoo. Perdeu a chance de ver o garoto perdidamente apaixonado por alguém. Não pôde envergonha-lo para MinGyu contando historias de quando ele era pequeno, assim como EunByul podia fazer _ assim como fez.

Sim, como fez. Após aquele mórbido dia, quando WonWoo vira duas mortes e desmaiara nos braços de MinGyu, ele fora levado ao hospital. O Kim se desesperara absurdamente. Fora buscar algo no colégio e quando voltou se deparou com a cena dos dois corpos de DongHyo e DongYul mortos. E WonWoo ajoelhado ao lado do corpo de DongYul.

Desespero definiu os corações de muita gente naquele dia.

A primeira ação de MinGyu fora ligar para uma ambulância. WonWoo não havia levado nenhum tiro, mas o Kim não havia visto nada do que acontecera ali, e o medo de algo acontecer a WonWoo por ele não ter feito nada para checar o bem estar do Jeon era grotesco.

MinGyu não podia ficar mais confuso e apavorado, aquilo eram dois corpos mortos. Certo que ele nutria um ódio descomunal dos dois, mas ainda eram dois corpos mortos. Pior ainda, eram dois corpos mortos das pessoas que queriam matar WonWoo. E WonWoo estava bem ali. Como haviam morrido? O que haviam feito e dito para WonWoo antes de morrerem?

Ligou para os amigos do mesmo, para o irmão dele, para EunByul. No fim, não havia nenhum problema ou ferimento em WonWoo. Seu desmaio sendo causado apenas pelo choque da adrenalina, ele havia visto alguém morrer.

Resumindo o que houve a partir daí, a policia foi acionada. Pediram depoimento de WonWoo a respeito daquelas mortes, ele resolveu contar o que havia acontecido apenas ali naquele dia, ocultando seus laços com os dois, serviriam apenas para dar dor de cabeça. Não seria fácil explicar que aquele era o homem que passara a vida inteira imaginando que era seu pai. Muito menos que o outro era o ex-namorado. Então apenas relatou o que lhe foi pedido pelas mortes.

EunByul, ainda mais preocupada com a saúde mental do garoto, passou a pagar um psicólogo para ele, que mais tarde o indicou para um psiquiatra. Tudo passou a correr relativamente bem. O relacionamento de MinGyu e WonWoo, a amizade entre MinGyu e os colegas de WonWoo e vice-versa. Por sorte, agora haviam poucas coisas para acontecer para este ciclo se fechar.

Sim, esta historia está chegando ao fim. Seus conflitos sendo resolvidos, relações sendo construídas, destruídas ou até reforçadas.

Mas, sabe, isso não me parece um final bom o bastante. Certo, não há mais conflitos, todos estão bem, o ciclo se fechará e teremos um bom final. WonWoo está feliz, está com MinGyu também, reencontrou seus amigos. MinGyu conseguiu o que queria, descobriu o passado do garoto que usava preto. Mesmo que ele não use mais preto. Sim, a volta das roupas coloridas havia acontecido desde que fora para a casa de MinGyu e passara a usar suas roupas. Mas assim que WonWoo se mudara completamente para a cada dos Kim, com suas roupas e tudo.

Ah, mas eu tenho um final. Um que particularmente me atrai bastante, um que eu negava a existência, mas que pode ser real. Você quer esse final?



O garoto estranho que usava pretoWhere stories live. Discover now