Eu sentirei sua falta

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(Narrado por WonWoo)

No seu olhar

Consigo me ver

Eu sei que você

Deu seu melhor

E mais não vou ter

Destranquei a porta de casa num ato automático quase robótico por me encontrar totalmente imerso em pensamentos, a maioria inúteis e desistentes. Retirei os fones e descobri a casa em silêncio absoluto e incômodo. Esperei escutar minha mãe perguntar como foi o acampamento ou me dar às boas vindas, mas nada. Presumi que estivesse dormindo apesar de sentir um leve pesar no silêncio. Subi as escadas e deixei a mochila jogada ao lado da cama como sempre, saí do quarto e fui até o quarto de minha mãe. Era óbvio pensar que estivesse dormindo, embora não estivesse ali.

Meu peito se apertou, talvez ela não estivesse em casa, talvez estivesse fazendo compras. Mas com que dinheiro? Senti o momento em que minha garganta se fechou e meu coração acelerou transformando minha respiração calma em uma desregulada. Desci as escadas em tanto desespero que acabei tropeçando no final, meus joelhos doem pelo impacto contra o chão, mas não me importo e mal sinto pelo calor do momento. Levantei-me cambaleando fraco, passei pela sala, ela estava perfeitamente arrumada, como se ninguém tivesse passado por ali a manhã inteira, talvez a semana inteira. Parei em frente à porta da cozinha, ela só poderia estar ali, se não estivesse...

Avida é assim

É cada um por si

Chegou nossa vez

E mesmo distante

Te levo aqui

_Mãe? – A chamo, ela estava deitada no chão da cozinha, ajoelhei-me ao seu lado e a chamei novamente, mas ela não deu indícios de que acordaria. Balancei seu braço de leve, com hesito de tocar nela, mas ela não respondeu. A balancei um pouco – Mãe, durma na sua cama...

O silêncio me sufocava, o nó na garganta me impossibilitando de falar direito. Pus a mão em seu rosto e recuei assustado ao constatar que ela estava extremamente gelada.

_Mãe acorda, por favor – falei mais para mim do que para ela, ela tinha que ir dormir no quarto, tinha certeza que essa temperatura é por estar tempo demais no chão. Afinal a temperatura naturalmente gelada era de família. Sim, só podia ser isso – Mãe... – A chamei mais alto na esperança que ela me escutasse e percebesse que era eu, ela tinha que levantar dali.

Eu sinto a falta

Do quanto esqueceu

Queria tão pouco, tão perto...

Você e eu

_Por que não me responde? – perguntei e a balancei novamente, sua pele estava mais pálida. Lágrimas começaram a medrar em meus olhos, eu não sabia o que fazer, pensamentos extremamente negativos percorreram minha mente. Eu não respirava tão perfeitamente bem a esta altura – Mãe! – falei alto, ela tinha que me escutar, ela tinha que acordar...

Tremendo, levei a mão até seu peito não sentindo nenhum batimento cardíaco, tentei ouvi-los também. Mas não havia como escutar algo que não fazia barulho. Pisquei, a visão embaçada por lágrimas. Tudo havia desabado e virado cinzas, e não do tipo de onde uma Phoenix renascia. De qualquer forma, as cinzas também haviam se extinguido quando a percepção de que ela não respirava acertou-me.

_Mãe?

Minha visão se embaçou no mesmo passo em que se escureceu e uma sensação parecida com a de quando apaguei com JeongHan tomou conta de mim. Apertei o tecido da roupa da minha mãe sentindo o impacto de meu corpo contra o chão. Fechei meus olhos com a imagem de minha mãe morta a minha frente.



O garoto estranho que usava pretoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang