Ele voltaria

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(Narrado por WonWoo)

A vontade de chorar retornara, mas daquela vez, seria por felicidade _ e talvez um pouco de angustia. Finalmente os médicos resolveram fazer uma checagem em DongYul e naquele mesmo dia o dariam alta. Ao menos por algum tempo, por mais curto que fosse, passaria longe de seu olhar profundo e estranho. Longe das lagrimas provocadas por sua presença _ mesmo que ainda pudessem existir as instigadas por outros motivos. Poderia dormir ao menos uma vez em tanto tempo.

Embora não tão em paz assim, estava extremamente aflito pela ausência de MinGyu, ele não aparecera naquele dia. Mesmo SeokMin havia aparecido para me visitar mais cedo, mas ele não dera indícios de que apareceria tão cedo. Podia perceber aquilo facilmente pois me era denunciado pelo relógio branco da parece que dizia ser duas horas após o horário no qual MinGyu costumava aparecer ali. Ele havia sumido desde o dia anterior, quando saíra do quarto batendo a porta. Não sabia quando havia decorado o horário em que ele aparecia ali, mas simplesmente olhava para o relógio e tinha noção daquele conhecimento.

Eu estava aflito por aquilo, sentia-me magoado em meio ao desespero da presença constante e intensa de DongYul e do vazio pela perda de minha mãe _ que eu tentava me enganar fingindo que não estava ali, mas eu sabia que estava, o vazio era constante por mais que eu o ignorasse. Eu meio que havia me acostumado com a presença de MinGyu, sei lá. Ele que fazia falta. Ele me fazia sorrir quando estava ali, bem, eu tentava sorrir quando ele estava aqui. Ele me fazia querer tentar sorrir.

Estranhamente, em meio a tudo que acontecia, eu me sentia bem quando ele chegava, sentia-me bem do seu lado. Sempre me sentia assim para ser sincero, mesmo no acampamento. Era como se me sentisse seguro, protegido por ele, ele me passava segurança. Ele cuidou de mim no acampamento, ao menos tentou, só que eu fui para casa. Era como se eu estivesse acostumado consigo. Acostumara ate com o habito de reparar na forma que ele sorria, em como ele tinha presinhas e elas apareciam quando ele sorria abertamente. Começara a, de alguma forma, gostar de observar o brilho que seu olhar carregava, mesmo que um pouco nublado.

_Pensando nele de novo? – Deixei meu sorriso morrer, sorriso este, que eu nem sabia que estava em minha face. DongYul se sentou na minha maca _ mais especificamente sobre minhas pernas, fazendo-as doer pelo peso extra _ com seu rosto próximo ao meu exibindo uma expressão nada feliz – Estava sorrindo outra vez... – comentou com desgosto – Por que nunca sorri para mim? – ironizou a própria fala segurando meu rosto da maneira como fazia antigamente. Antes eu pensava que era uma forma carinhosa, mas agora podia ver a atuação, o fingimento por trás de cada ato. E mesmo não estando mais apaixonado como antes, mesmo sabendo sua verdadeira face e o temendo, sentir a falsidade daquele ato doía. Era-me preferível que ele apontasse uma faca em minha direção, pois doía, doía saber que fora tolo o bastante para me apaixonar, para confiar em alguém assim.

_Por que fala com seu amigo, mas não comigo? – falou formando um bico choroso para logo em seguida completar sorrindo novamente enquanto olhava para frente na direção da janela – Acho que acabei de me responder, não é? – Riu sozinho – Afinal, por que alguém fala comigo quando se tem amigos...? – Um silencio incomodo e estranho se instalou ali, minhas pernas doíam e começavam a ficar dormentes, os ferimentos que cicatrizavam sendo pressionados.

Olhei em seus olhos e vi dor reluzir ali por um instante quando ele continuou calado. Senti-me estranho por não identificar fingimento ali daquela vez, continuei a olha-lo com duvida ate que ele balançou a cabeça e retomou o sorriso sarcástico rapidamente.

_Ah, é uma pena que eu tenha que ir hoje, eu estava curioso quanto a MinGyu, não consegui identificar se ele saiu daqui furioso ou magoado – Voltou a falar enquanto sorria, daquela vez voltando a me olhar, me perguntei para onde aquela dor em seu olhar havia ido. Mas MinGyu tomou conta de meus pensamentos. Magoado? Mas por quê? Ele saiu batendo a porta, devia estar irritado comigo por achar que fingi ter medo de Dong. Por isso ele não voltou - Queria saber se ele irá voltar, mas não posso ficar por muito tempo. Mas não se preocupe, eu irei voltar.

Mesmo que eu tivesse conhecimento daquela informação, meu coração acelerou ao ponto de fazer o peito doer ao ouvir aquelas palavras serem proferidas por aqueles lábios. Ali no hospital eu tinha ao menos um pouco de segurança, ele não poderia me fazer aquilo outra vez se médicos apareciam sem um horário fixo para checar meu estado e a atuação vazia de DongYul. Porem, fora dali... 

Fora dali eu não tinha nenhuma proteção caso suas mãos estivessem em mim novamente

Senti sua mão em meu queixo puxando meu rosto para perto do seu novamente, ele pendeu a cabeça para o lado.

_Não se preocupe, eu seu que seu corpo está fraco e não aguenta minha diversãozinha – Piscou um olho – Mas tudo bem, MinGyu parece ter porte físico para isso, apesar de ele parecer tão frágil psicologicamente... pode ser divertido – Riu e se levantou, suspirei de alivio quando as pernas foram livradas de seu peso.

_Não toque nele – Consegui dizer apesar do medo que me assolava internamente. Minha voz estava muito rouca, certamente pela falta de uso. Ouvi sua risada espalhafatosa, ele ria como se eu tivesse contado uma piada realmente boa, algo muito engraçado. Me encolhi diante do som.

_Hawn, você é muito fofo Wonnie – Apertou minha bochecha de forma levemente dolorosa, fiz uma careta de dor não muito aparente – Pelo visto eu não estava errado, você gosta mesmo dele – disse ainda com um resquício da risada em seu rosto ao me soltar – Que fofinhos os dois, felicidades ao casal.

_Por favor... Não o machuque – pedi segurando a vontade de chorar, faria tudo o que ele quisesse, mas não o deixaria tocar em MinGyu. Não, se dependesse de mim DongYul nem saberia da existência do Kim. Quanto menos tocaria nele.

_Oh você deve ama-lo não é? – Sustentou o sorriso por mais algum tempo, mas aquele eu via ser falso – Que fofo – silabou sério e puxou meu rosto juntando nossos lábios outra vez – Ah, eu juro que não tocarei nele. Sabe como eu sou com meus juramentos, não sabe? – disse já de costas para mim indo até sua maca.

Baixei a cabeça sentindo as gotículas quentes novamente.

O garoto estranho que usava pretoWhere stories live. Discover now