Eu tenho que protegê-lo

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Bati os pés no chão incessantemente enquanto encarava o relógio da mesma forma. Estava afoito por alguma notícia de WonWoo, ele não ia à aula há dias, e a ultima vez que o vira ele não era exatamente um poço de energia e saúde. O garoto tinha uma aparência tão fraca... Eu queria protege-lo e cuidar dele, e pelo visto ele precisava que alguém cuidasse de si, pois não estava vindo as aulas.

Senti falta da sua presença, da sua voz e da sua risada. Ainda sentia o choque térmico de seus dedos contra os meus, ele tinha dedos frios, mas que não eram desagradáveis quando tocavam a pele. Ainda lembrava exatamente da surpresa que havia sentido no dia em que ele repentinamente me abraçou, de como o coração acelerara. Lembrava-me de como seus olhos pareciam pedir ajuda...

E todas aquelas lembranças não estavam me fazendo bem levando em conta que não sabia sobre seu bem estar atual.

O sino do fim das aulas finalmente toca e consigo ser um dos primeiros a sair da sala por pura euforia, eu iria até a casa dele e veria o que havia acontecido. Não queria ser pessimista, mas sentia que tinha algo errado e que deveria ir atrás dele. Sem falar com SeungKwan ou qualquer um dos garotos, comecei a andar mais rápido pelos corredores que começavam a lotar.

Assim que consegui sair da escola me virei na direção da casa de WonWoo e comecei a correr para lá sem me importar com olhares tortos e reclamações toda vez que quase trombava com alguém. Apenas quando cheguei à frente daquela casa consegui parar de correr, comecei a encara-la com o mau pressentimento aumentando. Respirei fundo recuperando o folego perdido na corrida e entrei após bater na porta murmurando um "perdão" por estar adentrando a casa sem permissão.

Observei o lugar silencioso retendo um arrepio na espinha, o lugar parecia intocado, como se ninguém entrasse ali há dias. Andei pela sala e fui à direção das fotos de WonWoo que ficavam em cima de uma estante, eram aqueles mesmos garotos cujo ele queria distância. Eles pareciam felizes, até mesmo o Jeon, que curiosamente não usava roupas pretas, mas um suéter amarelo e seus óculos redondos. Seus olhos não pareciam pedir ajuda como atualmente.

A preocupação voltou a falar mais alto comecei a explorar a casa, como não havia nada na sala fui à direção do segundo andar. Mais especificamente seu quarto, porem ele não estava lá. Dei meia volta com o coração apertado e fui ate a única porta que havia no primeiro andar sem ser a da própria casa, descobri ser a cozinha ao entrar e de cara já ver alguns balcões e uma geladeira. Mas todos os músculos de meu corpo deixaram de me obedecer e paralisaram quando vi a imagem de WonWoo desacordado e com a roupa manchada em vermelho ali no chão. Também levemente manchado.

_WonWoo... – murmurei e finalmente consegui me mover, fui em direção ao menor e segurei seu rosto. Ele mantinha uma expressão calma e indolor apesar de um dos ferimentos residir em sua bochecha. Examinei seu corpo, fraco, ensanguentado, magro e acima de tudo, torturado.

Minha respiração falhou e apenas consegui notar minha visão embaçando pelas lágrimas, eu precisava tira-lo dali e leva-lo a um hospital urgentemente. O chamei repetidas vezes na expectativa de que ele acordasse, ele tinha que estar vivo, tinha...

As lágrimas se intensificaram com minha percepção de que sua pele estava extremamente gelada, bem mais do que quanto contatei o mesmo no acampamento, acariciei a tez de seu rosto quase incapaz de ter alguma reação. Eu preciso cuidar dele, eu preciso...

_Quem é você? – Ouvi alguém sibilar logo atrás de mim e me virei vendo um homem de expressão ranzinza e fria. Franzi o cenho me perguntando quem era ele. Mas respondi baixo cogitando a possibilidade de ser pai do WonWoo embora não se parecesse em nada com ele.

_Sou um amigo de WonWoo – falei com a voz falhada pelo choro e me concentrei no menor outra vez vendo seus olhos se abrirem em fendas e me olharem com um brilho contido de lágrimas, mas mais rápido do que se abriram, eles fecharam. Senti o desespero se apoderar de mim ao se multiplicar.

O cara estranho bufou e saiu dali, talvez não fosse o pai dele, mas então quem era? Não me dei o trabalho de pensar na importância disso e comecei a tentar pegar meu celular para ligar para uma ambulância, mas antes que pudesse concluir a ligação o celular é arrancado de minha mão. Olho para o homem estranho e o vejo com expressão mais irritada que antes.

_O que você –

_Eu disse para que ele não trouxesse mais ninguém para dentro da minha casa, o que faz aqui? – vociferou me interrompendo, encolhi o corpo me dando conta de que aquele era sim o pai de WonWoo, um pai horrível e que não deveria ser pai por sinal. O respondi com a voz baixa e olhando outra vez para o Jeon para me certificar que ele ainda estava li, de que seu peito ainda subia e descia quase mediocremente denunciando que ele ainda respirava. Que ele ainda estava vivo.

_Ele não ia às aulas, vim checar se ele estava mal – Ele olhou de mim para WonWoo enquanto eu o checava pela milésima vez e secava as lágrimas que debilitavam minha visão. Senti sua mão em meu maxilar, virando meu rosto para o dele. O olhei assustado.

_Certa vez um garoto como você, que também atuava muito bem dizendo que se importava com ele, o fez tão mal que ele pediu para se mudar. Graças a esta mudança eu pude abrir os olhos, tenho que agradecer a pessoas como você. Já pode parar de fingir se importar com ele – Jogou meu celular de volta e saiu dali sem dar mais nenhuma palavra. Olhei para WonWoo sentindo novas lágrimas se formarem em meu rosto, talvez ele sofresse mais do que eu havia imaginado.

_WonWoo... – Peguei seu corpo no colo e comecei a carrega-lo para fora dali com minha casa como destino, para que assim pudesse ligar para uma ambulância em paz.

O garoto estranho que usava pretoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt