Eu finalmente tive alta (parte 1)

329 48 65
                                    

 Abri os olhos sentindo mais uma vez desconforto devido a claridade das luzes do hospital, mas daquela vez o incômodo fora apenas pelos olhos estarem mais cansados por não dormir direito. Havia me acostumado com toda a claridade do local de tanto tempo que passava ali. Olhei na direção em que antes DongYul se encontrava e soltei um suspiro aliviado com um mínimo sorriso. Finalmente me via liberto dele, mesmo que por tempo limitado.

Percebi algo se mover no lado oposto para o qual eu olhava pela visão periférica e virei a cabeça naquela direção me assustando ao ver MinGyu. O garoto riu ao ver minha expressao surpresa, mas não disse nada e continuou apenas a me olhar. Eu estava surpreso de mais para dizer algo então apenas fiz o mesmo.

Podia sentir o coração acelerado, tanto pelo pequeno susto que havia tomado quanto pelo fato de MinGyu estar ali. Havia perdido as esperanças de que ele fosse aparecer tão cedo ali outra vez quando adormecera encarando o relógio. O olhei esperando que ele falasse algo, mas continuamos apenas a nos observar em silencio. Eu esperava o momento em que ele fosse perder a paciência e me xingar por causa de DongYul, mas ele parecia calmo. Mesmo que um pouco ofegante, ele tinha uma expressão serena ao me contemplar. Haviam se passado apenas algumas horas, mas agora que ele estava ali eu percebia a falta que ele fazia em cada minuto delas, mesmo que antes eu não tivesse percebido.

Estava com medo dele se afastar, mas sabia que eu mesmo tinha que fazer aquilo. Quem sabe se, o afastando, DongYul não o deixasse em paz.

_Oi... Sente-se melhor? - perguntou calmamente dando um pequeno sorriso quando assenti fracamente – Desculpe por não ter vindo mais cedo, eu estava arrumando meu quarto já que você vai ficar lá, não vi a hora passar – Ele falou me deixando confuso, eu não iria para seu quarto. Por que eu iria para lá?

_Seu quarto? – interpelei com a mesma voz rouca de mais cedo, com divergência apenas de como ela soava. Antes tensa, agora surpresa e levemente esperançosa por ter MinGyu ali e não estar com raiva de mim.

_Sim, os médicos não te avisaram? – Sua voz continuava calma, com uma mínima dissemelhança por agora estar em duvida, parcialmente desconfiada. Neguei levemente o levando a cerrar os olhos – Você teve alta hoje, eu vou te levar para casa para cuidar de ti - Ele sorriu ainda mais ao concluir a frase, mas seu sorriso falhou levianamente ao ver minha expressão.

Eu não podia deixa-lo fazer isso, além de estar me tornando um fardo por completo, ainda estaria me aproximando mais dele aumentando assim a probabilidade de Dong lhe fazer algo. Eu o atrapalharia de tantas formas. Poderia atrapalhar seu sono quando acordasse no meio da noite e começasse a chorar _ as vezes por motivos que eu nem sabia quais eram. Lhe incomodaria ficando em seu quarto, seria uma preocupação, poderia lhe atrapalhar nos estudos, seria um fardo.

Mesmo que a ideia me parecesse legal até, conhecer a família de MinGyu. Descobrir como é seu quarto e comprovar se é todo constituído por seu cheiro tão característico e agradável. Mas ainda assim, não podia. Não podia e não faria aquilo, não se a consequência fosse prejudicar MinGyu.

_Espera um pouco que eu vou falar com o medico a respeito da sua alta – Ele disse não me dando nenhuma chance de protestar antes de se levantar e sair do quarto.

Encarei a porta, mas não consegui ver reflexo nenhum pelo vidro da pequenina janela. Suspirei pesado tentando me acalmar, há pouco tempo haviam retirado o aparelho respiratório de mim _ pouco antes do beijo de DongYul _, então ainda estava me acostumando a respirar sem ele. Embora com MinGyu isso tenha se tornado difícil. Quase me desesperei como indicio de falta de ar que ele havia me proporcionado apenas com aquele sorriso. Outro daqueles poderia ser uma ameaça aos meus pulmões.

MinGyu retornou com um novo sorriso parecendo ter esquecido minha reação a suas ultimas falas. Quase dei um novo suspiro. Em pouco mais de quinze minutos eu me via sendo quase carregado pelo maior. Outra vez não consegui me afastar dele.

Eu me sentia fraco e por vezes acabava cambaleando, o que levava MinGyu a me ajudar a me manter de pe. O coração retornava a acelerar toda vez que sentia seu toque cuidadoso para me ajudar. Daquela forma eu morreria por ataque cardíaco antes mesmo de perceber.

Fazíamos o caminho em silencio, e após algum tempo de muitos tropeços ele pegou meu braço e colocou em volta de seu pescoço. Engoli em seco ao sentir seu braço em volta da minha cintura, tentei me concentrar em controlar a respiração pesada que já me fazia quase hiperventilar.

Mesmo após chegarmos aonde eu julgava ser sua casa a sensação eufórica de estar ao seu lado não havia diminuído. Arriscava dizer que havia até aumentado, junto ao medo das consequências de estar ali tão próximo de si.

_Está cansado? – interpelou quando paramos e ele me soltou por um momento para abrir o portão. Uma portinhola na verdade, parte de uma cerca branca não muito alta. Observei o pequeno projeto de jardim que se estendia por no máximo dois metros diante da casa até a cerca. Era apenas um gramado na verdade, as poucas plantas que haviam ali eram espalhadas aleatoriamente denunciando que nasceram sem alguém ter as plantado.

MinGyu voltou a me abraçar de lado, por culpa da minha distração o ato pareceu repentino, o que me fez olha-lo assustado. Ele ofereceu-me um sorriso que fez minhas pernas perderem a força, aquelas presinhas prendendo minha atenção novamente. Desviei o olhar do seu virando a cabeça na direção da casa mais uma vez.

_Um pouco, nada de mais – murmurei o respondendo enquanto andávamos pelo caminho de concreto que cortava o gramado como uma faixa branca. Subimos os três degraus que haviam ali antes dele abrir a porta e me puxar para dentro de sua casa.

O garoto estranho que usava pretoWhere stories live. Discover now