(Narrado por SeokMin)
Eu estava enganado, tremendamente enganado, desde o inicio. Ele sequer tinha suspeitas de que éramos irmãos, jamais suspeitara. Minhas lágrimas, além de patéticas, haviam sido em vão. WonWoo hyung sofreu... e como sofreu. Havia se mudado por precaução, para fugir daquele garoto. Porque aquele DongYul havia lhe feito coisas horríveis, e ele não queria permanecer lá para que houvessem outras coisas semelhantes.
Não conseguia imaginar o tamanho da magoa de meu pai quando eu contasse que JiEun estava morta. Ele havia me contado o que vivera com ela, como se apaixonaram jovens. Porém ela havia se apaixonado por outro e quase ficou com ele por fim. Meu pai lutou por ela quando percebeu que aquele relacionamento tinha algo de errado e não a fazia bem, não a fazia feliz de verdade. Ele percebeu que DongHyo não a tratava da maneira que ela deveria ser tratada. Tentou abrir os olhos dela, tê-la de volta. Porém ele não conseguiu, conseguiu apenas um filho após pensar tê-la convencido de que DongHyo não prestava. Ela se casou com DongHyo por fim, e meu pai acabou por desistir.
Ele jurou esquece-la e acabou por conhecer minha mãe, que morreu quando eu tinha pouco mais de sete anos. Meu pai nunca me contou como, embora eu suspeitasse que ela foi atropelada após uma briga com ele em que saiu de casa a noite. Eu não lembrava o motivo da discussão, mas tinha ouvido do meu quarto.
Ele havia me contado que até antes da mudança de WonWoo, tinha mantido contato com JiEun. Que de repente ela havia parado de lhe responder, de atender suas ligações. Até me pediu para que tentasse falar com Won a respeito disso, mas de nada adiantava. JiEun estava morta por culpa daquele problemático do DongHyo. Meu pai tinha razão, desde o inicio ele já estava inclinado a ser o idiota que agora era, mas pior do que meu pai havia pensado. DongHyo nunca fez bem nenhum a ela, desde o inicio. Deveria ter insistido mais, meu pai deveria ter continuado tentado faze-la enxergar que aquele relacionamento não era bom. Mesmo que para isso eu acabasse por não vir a existir, ao menos WonWoo não teria passado por tudo isso _ ou pela maioria de tudo isso.
DongYul... quase recitei uma promessa de morte a ele assim que WonWoo relatou o que o mesmo havia lhe feito. Ainda tinha o maior em meus braços, o coração se apertava a cada soluço que o escutava dar.
Aquele garoto do hospital... ele quem havia feito tudo aquilo com meu hyung. Eles haviam dividido o mesmo quarto de hospital. Sabe-se-lá que coisas ele devia ter lhe feito naquele intervalo de tempo, lhe dito.
Um grande nada habitava meu peito, um vazio incomparável. Um vazio que doía. A ausência de calor, de sentimento, doía. Abraçar WonWoo hyung não era o suficiente para fazer sua dor passar, nada ao meu alcance era. Eu não podia fazer nada para lhe ajudar com relação àquilo. Aqueles cortes que havia visto em seu braço, eu sabia, pareciam intencionais de WonWoo, não de DongHyo como os outros hematomas. Agora tinha total e completa certeza que Won havia os feito por conta própria. Outra preocupação surgiu em minha mente, se ele continuasse fazendo isso... Não me permiti pensar muito naquilo durante aquele momento, não era agora que tínhamos que continuar aquela conversa.
Eu tinha que retornar para casa em breve, contar para Dino que havia vindo atrás de WonWoo hyung. E lhe contar sobre meu parentesco com ele. As coisas de WonWoo, pensei. Se ele me permitisse, contaria a todos quando estivermos todos reunidos.
_Won... os outros... vai contar a eles? – interpelei, quebrando o silencio sufocante que havia se estendido por alguns minutos. Ele não ergueu a cabeça para me responder desta vez, apenas murmurou baixo de mais.
_Pode contar a eles por mim? – murmurei de volta assentindo enquanto tentava não desabar ali novamente. O mais velho devia estar cansado, mesmo antes de toda a conversa seus olhos espelhavam cansaço. Era melhor deixa-lo descansar.
_Acho melhor você descansar hyung. Eu venho te ver depois, ok? – Antes que Won hyung pudesse me responder a porta fora aberta, olhei para aquela direção vendo o dono do quarto. WonWoo se assustara e virara o rosto na direção contraria dele e passara a secar suas lagrimas. Resolvi me calar, aquele ato me deixara confuso. MinGyu não sabia? Por que WonWoo não deixava as lágrimas ali?
_Won, você está bem? – O Kim solta sua mochila no chão de qualquer forma deixando que o objeto cair. Parecia preocupado, foi até Won _ que àquela altura já havia secado as lagrimas _ e se ajoelhou ao lado da cama tentando ver seu rosto. WonWoo hyung assentiu forçando um sorriso triste. MinGyu levou uma mão até o rosto dele e secou uma lágrima esquecida. Havia preocupação extraordinária no ato, percebi, o Kim parecia aflito com o estado de Won.
_Você estava chorando? – Won hyung dissera e se afastara de mim, consequentemente afastara a mão de MinGyu de seu rosto. Mas ergueu sua própria até a tez do Kim parecendo alarmado enquanto acariciava sua face. Decidi não atrapalhar mais os dois quando percebi o que acontecia ali.
_Er... eu já vou indo, até mais hyung. Fique bem – falei e saí de lá após lhe oferecer um breve sorriso. Agradeci a senhorita Kim e tratei de retornar para casa o mais rápido possível.
De novo, eu tinha que contar algo para alguém, mas não sabia como contaria. Como chegaria no assunto. Imaginei se falar para Lee Chan que havia ido falar com WonWoo seria o bastante para faze-lo abrir a porta de seu quarto. Não podia contar tudo se ele continuasse trancado lá dentro. Mas não sabia se ele sequer acreditaria em mim, afinal, era por minha culpa que ele estava lá dentro. Que ele não saía nem comia há dias. Meu coração doía em imagina-lo com a mesma rotina que tive nos dias que ficara fechado. Acordar, chorar, me lamentar e dormir. Admitia estar até mais magro, embora houvesse voltado a comer _ até de mais por conta de Hoshi _, mas minha fome não era de comida, era de alegria. Alegria essa que só poderia ser restaurada quando eu tivesse a confirmação de que Chan estava bem, alimentado e ao meu lado.
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O garoto estranho que usava preto
FanfictionQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...