68 | Black.

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Black Bittar

Crescer dói, não é?

Como dói!

Aos cinco anos você só pensa em brincar e se divertir, aos 15 anos no primeiro namorado, na primeira festa, e aos 17 em crescer. Muitos querem o tão sonhado 18 anos, pois pensam que irão tornar-se independentes.

Eu conto, ou vocês contam?

Crescer não está em um número específico, ou numa data no calendário. Nem ao menos está escrito em uma folha de papel, assinado e carimbado, que você irá crescer. Você cresce quando passa a diferenciar seus problemas, suas dores, vitórias, e principalmente, suas superações. É uma longa estrada, não há paradas, e muito menos carona. Precisa andar com as próprias pernas, suar e sentir sede. Sofrer. É assim que se cresce.

Aos 22 anos eu era um menino no corpo de um homem. Já era formado em educação física, tinha um emprego fixo no melhor clube de baseball. Na minha conta bancária tinha um saldo do qual eu não conseguiria gastar tudo nem em duas vidas. Casa própria, carro do ano e uma mulher maravilhosa que se tornaria a Sra. Bittar. Meu futuro estava escrito nas estrelas.

E então, num passe de mágica... Nada.

Perder Malia foi a queda mais brusca que sofri. A vida me deu uma rasteira e eu caí, quebrei a cara e ainda parti meu coração. Tão clichê. Mas o pior mesmo é quando você acha que passou e começa tudo de novo. Aí é que o negócio fica ruim! Mas vamos por partes.

O pôr do sol na linha do horizonte marca o rio, o céu limpo, nuvens brancas sobre Baltmon. Visto uma bermuda cor creme, uma camisa de gola V azul cobalto e meu boné do Dodgers. Desço para à varanda onde, provavelmente, todos estão reunidos. A casa é bem grande, o que resulta em entrar em cômodos por enganos.

Ao chegar na varanda, sou recepcionado pela minha adorável afilhada Loren, que faz questão de me arrastar a copa e me entupir com seu cereal de chocolate um tanto sem graça.

— O que Domi disse quando falaram que vão ficar off o final de semana inteiro? — Sofia pergunta enquanto enfia uma colher de cereal com leite na boca.

Kent e eu nos entreolhamos. O treinador Domi é severo e rígido quanto aos seus jogadores ficarem sumidos, ainda mais quando se trata dos mais importantes da temporada. Eu não posso culpá-lo. Sem querer soar convencido, mas um jogo sem mim, ou Kent, irá ser muito trágico. Somos os melhores da liga. Estamos no auge.

— Creio que devo ter esquecido de mencionar este pequeno detalhe... — murmuro, observando Sofia arregalar os olhos. Ela desfere um soco fraco no ombro de Kent.

— Não acredito que não contaram pra ele! Kent Richie! — repreende. Loren apenas nos observa rindo, e come do seu cereal.

Dou de ombros, rindo ainda mais.

— Juro que me esqueci!

Todos nós caímos na gargalhada.

— Do que estão rindo?

Essa voz doce soa no cômodo. Nem preciso olhá-la pra imaginar o sorriso bobo que brinca nos lábios, ou o olhar curioso que sustenta. Apenas dois dias e eu já a conheço melhor que a mesma.

— De nada amiga. De nada. — Sofia rodea o balcão para ir de encontro a Ame. — Já arrumou suas coisas?

[...]

Todos reunidos na sala. O fogo intenso queima em volta da lenha, é quase que hipnotizante, quente, caloroso, confortável e perigoso. De um lado do sofá, em frente a vidraça, está Kent e Sofia. Os dois conversam intimamente, sem dar muita atenção para o restante presente. Loren dormiu após um dia inteiro dentro d'água. Está insossa.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now