47 | Academia.

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O avião pousou em solo russo. Fui recebida por um casal de jovens que me aguardavam na saída do desembarque, seguravam uma placa escrita "Brooks". Ao primeiro ver me receberam aos abraçados e sorrisos, e durante todo o caminho deixaram explícito a empolgação de estarem me recebendo. Eram russos, nascidos e criados na Rússia. Disseram estarem acostumados a receber estrangeiros, principalmente na academia, um lugar onde mais se via pessoas de fora. A maioria vinha dos EUA, Itália, Alemanha, Japão e Austrália.

Me contaram tudo o que eu precisava saber para me dar bem com o restante das pessoas. Durante o caminho, ao passarmos por alguns pontos turísticos, fizeram questão de me contar as histórias por trás de cada um. A garota, que se chamava Tatiana, tinha 20 anos e estava se especializando em teatro. O garoto de 23, se chamava Nikolai. Ele não estudava na academia, mas era filho da administradora, sempre que podia acompanhava Tatiana nos lugares. Pelo que percebi, eram grandes amigos, nada mais.

— Está empolgada para conhecer a academia? — Nikolai perguntou, me olhando pelo retrovisor.

Forcei um sorriso. Minhas mãos transpiravam de tão nervosa que eu estava.

— Muito! É tão incrível quanto os rumores?

— É mais que incrível, Ame. É espetacular! Cada dia é um sonho realizado. Você conhece de tudo, aprende de tudo, e se apaixona por tudo. — Tatiana respondeu.

Nikolai a olhou de soslaio.

— Sim, e as pessoas, você irá adora-las. São muito amigáveis e convidativas. Bem, tem aquele grupo que se acha superior, mas isso você encontrará em qualquer lugar.

Assenti.

Continuamos a conversar. Os dois me avisaram sobre o que era permitido fazer dentro dos limites da academia. Seguimos por um caminho longo até chegarmos em frente a um enorme lugar que poderia ser facilmente confundido com um castelo. Meus olhos, insaciáveis de curiosidade, examinaram toda a frente. Portões impenetráveis nos separava.

— O que achou? Já tinha visto fotos? — Tatiana questionou.

— Sim, já... Mas pessoalmente é bem mais espetacular. — respondi, sem desviar os olhos.

— Sim, é muito incrível. Quando ver lá dentro irá ficar sem fôlego. Precisará de alguns dias para conhecer todos os cômodos. É claro que não conhecerá agora já que ficará por pouco tempo, mas se de repente vier mesmo estudar aqui no próximo ano, ficarei feliz em te mostrar.

— Agradeceria muito.

Um espaçoso jardim se alastrava na frente, coberto por folhas alaranjadas que caíam das árvores ao redor. Vários bancos espalhados, em cantos estratégicos, debaixo de árvores. Dois chafariz, lado a lado de um estreito caminho feito com pedras.

Nikolai parou o carro próximo à uma escadaria.

— Está entregue. — disse, e me olhou. — Agora você fica com a Tatiana. Ela te levará até a reitora.

Abri à porta do carro e saltei para fora. Tatiana pegou minha mala de mão e eu a tela. Juntas subimos a enorme escadaria que dava acesso às grandiosas portas.

Passei os olhos por cada mínimo detalhe.

— Onde está todo mundo? — perguntei, notando um silêncio incomum.

Tatiana olhou no relógio.

— Daqui a pouco irá anoitecer, devem estar no refeitório.

— Anoitecer? — olhei ao redor, o sol fraco ainda brilhava intensamente. — Como anoitecer se o sol ainda está bem vivo?

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora