3 ¶ Fliperama

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Chegamos em frente ao fliperama. As paredes preenchidas por grafites, desenhos de todos os tamanhos e formatos, todas as cores existentes enfeitando aquelas paredes acinzentadas. A imensa placa LED com o letreiro Fliperama Joy's podia ser vista do início de todas aquelas duas ruas que se cruzavam.

Já fazia semanas que não ia lá. Meus dias estavam sendo corridos com a recém-chegada do meu irmão de Nova Iorque. Após 2 anos longe de casa ele resolveu voltar e ocupar o quarto dos nossos pais. Sim, eu morava sozinha, completamente sozinha. Pode parecer triste ou solitário, mas não é. Acostumei-me a não ter ninguém para cuidar de mim, para fazer meu café ou almoço. Daniel mandava dinheiro todo fim do mês para as despesas, era o meu único parente ainda vivo. Com a chegada dele tive que mudar minha rotina por alguns dias para ajudá-lo a se reorganizar. Não estava sendo fácil fingir que tudo ainda era como antes.

— É um lugar bem animado. — Katie comentou ao meu lado. Seus olhos brilhavam enquanto analisava a fachada do lugar. — Tudo muito animado.

— E é! Aqui as pessoas são o que são. Sem máscaras.

Ela me olhou.

— O que estamos esperando para entrar?

Para nossa sorte ainda estava aberto, e o lugar era repleto de máquinas de todos os gostos. Meu parque de diversão pessoal. Acenei para alguns conhecidos de jogos enquanto seguíamos ao balcão, onde Braz provavelmente estaria.

Katie passava os olhos por cada máquina, freava os passos cada vez que avistava um grupo de garotos reunidos em volta de alguma máquina. Era divertido o modo como ela agia, como ela os olhava brincando. A nostalgia presente, como se de alguma forma aquilo tivesse feito parte da sua vida também.

— Nossa, eles levam isso muito a sério. — brincou enquanto observava dois garotos discutirem por sua vez no jogo. Eu ri. — Sempre é assim?

— Aqui é como uma segunda casa para a maioria deles. Alguns passam mais tempo aqui do que na própria casa. É quase que normal.

Katie me examinou, a curiosidade em seu olhar parecia nunca estar satisfeita, sempre buscando por mais informações.

— E você é uma dessas? — perguntou, voltando a caminhar. Dei de ombros.

— Gosto daqui. Gosto muito daqui. Mas não substitui minha casa.

— Há outro lugar além desse que goste de ir?

A fitei, desconfiada. Eu poderia estar empolgada com o fato dela querer estar ali, por ela se interessar por algo que eu gostava. Mas eu não era idiota, muito menos perto de alguém que eu ainda não confiava tanto. Ninguém se aproximava de mim daquela forma já fazia anos. Desde o Dexter.

— Tenho a impressão de que quer saber tudo sobre mim. Não é do FBI, ou é?

Katie riu. Mas algo em sua risada me respondeu a pergunta.

— Sinto muito. Sou muito curiosa.

— Deu pra perceber.

O clima estranho que se formou entre nós desapareceu quando chegamos à frente do balcão e encontramos Braz sentado na cadeira com os pés sobre a mesa. Ele lembrava aquele cantor ruivo, Ed Sheeran, a diferença entre os dois estava na altura e peso. Braz era bem mais alto e magro. Pensando bem, ele me lembrava mais o Salsicha de Scooby-doo.

— Ame!!! Há quanto tempo não vejo você, garota. Achei que havia me traído. — chiou, pondo-se de pé. Revirei os olhos e sorri.

— Jamais trairia você! Apenas estive muito ocupada. Meu irmão está na cidade e bem, você já deve imaginar o resto.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now