41 ¶ Paraíso.

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Connor Rivers

Eu entendia que leva-la naquele lugar poderia mudar o modo como eu a via. Mas não importava mais. Eu precisava levá-la lá como o último ato de bondade que poderia fazer. Apenas fiz isso, sem pensar muito no assunto, sem refletir ou discutir com meu subconsciente que me alertava as possíveis consequências.

Observei Ame passar os olhos por cada mínimo detalhe da casa. Seus olhos examinavam tudo minuciosamente como se tivessem vendo o lugar mais espetacular do mundo. E talvez realmente fosse assim. Aquela casa na beira do rio era uma das propriedades que mais me alegrava. Papai comprou para mim e o Dexter no nosso aniversário de 11 anos.

Após isso, sempre íamos lá passar o fim de semana. Algumas vezes Katie nos acompanhava, mas era difícil, ela estava sempre com as amigas ou algum namorado. Uma vez deu uma festa, é claro que sem nossos pais saberem, deixou que participássemos com tanto que ficássemos de bico fechado.

Nós ficamos. Mas as câmeras dos celulares dos seus amigos não, e por conta disso, ao dar 2 horas da manhã papai bateu na porta.

Foi uma noite épica.

— Quem mora aqui? — perguntou. Ame se virou para mim.

— No momento ninguém. — coloquei as mãos nos bolsos da calça. — Morava um caseiro, mas ele casou e acabou optando por se mudar. Ainda não encontrei ninguém apto a morar aqui. — expliquei, calmamente.

Ame sorriu.

— É apenas uma casa... Não acha que está exagerando em achar alguém ''apto" para morar aqui?

Arqueei um lado das sobrancelhas.

— Levaria qualquer um para morar na sua casa? — negou. — Então por qual razão tenho que trazer?

Ame mordiscou o lábio inferior, contendo um sorriso que insistia em tomar conta dos seus lábios.

— Acho que você me pegou. — brincou. — Então... o que tem pra fazer aqui?

Pensei na sua pergunta.

O motivo por eu tê-la levado ali era para finalmente poder dividir com alguém uma lembrança que apenas alguém tão próxima ao Dexter entenderia. Não existia alguém mais próxima a ele que Ame. Nem eu, Katie, ou nossos pais compartilhavam da mesma intimidade que os dois.

Acho que esse também foi um dos motivos por eu tê-la odiado tanto.

Espera! Mas ainda a odiava, né?

Cinco dias perto dela não poderiam ter me feito sentir algum afeto por ela. Não. Não podiam. Isso seria fora da realidade.

— Vamos. O sol está maravilhoso para o que tenho em mente. — avisei. — Quero te mostrar um lugar. Mas primeiro preciso pegar algumas coisas... Se importa se esperar aqui? Não vou demorar.

Ame assentiu apesar de parecer bem desconfiada. Não poderia culpá-la por não confiar em mim. Na verdade, nem eu mesmo confiava. Ainda tinha receio que pudesse fazer alguma merda, algo que prejudicasse ainda mais a droga da minha vida.

Finalmente sentia que as coisas estavam voltando ao normal. Mesmo que tenha sido horrível o que Ame fez a si própria, isso serviu para me reaproximar de Kent e Katie. E até mesmo acabei aprendendo uma boa lição: Nunca julgue um livro pela capa. Ou uma pessoa pela sua aparência.

— Não vou demorar.

Corri para dentro da casa. No quarto onde Dexter e eu dormíamos tinha uma bolsa que ele chamava de "Kit Selva". Dentro da bolsa havia todos os itens que poderíamos precisar caso fôssemos acampar, ou apenas desbravar na mata.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz