6 ¶ Corra

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Viver ou morrer?

Bem, não sei a resposta correta para essa pergunta, nem mesmo sei se tenho capacidade para respondê-la. Mas algo é certo: precisava continuar correndo. Eu dobrava para direita, para esquerda, e os corredores nunca chegavam ao fim. O verão continuava sendo um inimigo letal. Connor não me seguia. Nem faço ideia do por quê corria, talvez só quisesse me certificar de que estaria bem longe dele. É claro que eu não voltaria para assistir as aulas, não me arriscaria a topar com ele tão cedo. Precisava deixá-lo esquecer do episódio recente (Mesmo que fosse impossível).

Sempre é bom ter esperança, não é?

Só parei de correr quando esbarrei em alguém. O perfume não me era estranho. Ofegante, olhei para a pessoa a minha frente. Os olhos castanhos claros me analisaram de maneira diferente, o sorriso largo me fez questionar o motivo da graça.

— Você não me parece bem. Do que está fugindo? — perguntou, olhando para trás de mim, procurando a razão por eu estar correndo num corredor vazio e completamente imerso no silêncio. Nossos únicos companheiros eram os armários nas paredes.

Esperei até controlar minha respiração para responder. Meu coração parecia prestes a saltar pela boca. As batidas rápidas e tensas.

— Correndo. Não está vendo?

Eu realmente não quis ser rude. Mas quando você é tratada com frequência assim, acaba se habituando a tratar os outros do mesmo modo.

Scott semicerrou os olhos, sem tirar o sorriso maroto dos lábios. Usava uma blusa do time de futebol com o número 5, e segurava o capacete entre os braços. Ele ficava bem mais sexy naquela camisa. A verdade é que metade do time de futebol ficava sexy nos uniformes.

— E do que está correndo? Da própria sombra? — indagou, sarcástico. Ele já não era tão meigo quanto parecia. Mas ainda possuía um sorriso extremamente encantador.

— Não é da sua conta! Apenas me deixe passar! Sai!

Scott não tirava o sorriso dos lábios. Um sorriso que não transparecia nada além de divertimento. O sorriso formado em seus lábios vinha acompanhado de duas covinhas. Malditas covinhas. Após alguns segundos em silêncio, ficou sério, reflexivo.

— Sobre sexta... — começou, e eu franzi o cenho. — Sinto muito. Aquilo não foi legal.

Ele estava falando do episódio em que Connor me humilhou na frente de todos, ou do fora que deu na Sofia?

— Do que está falando?

Me encarou como se a resposta fosse óbvia.

Não era, Scott Parker.

— Connor. Ele não deveria ter feito aquilo. As pessoas não deveriam rir daquilo. Foi simplesmente ridículo.

— Não é sua culpa. Não tem que se desculpar.

Scott deu de ombros, como se não importasse.

— Eu deveria ter feito algo. É que fiquei tão chocado com aquilo que... simplesmente não tive como reagir.

Sorri, sem humor.

Não. Ele não poderia. O que ele faria? Scott Parker era novo na cidade, novo na escola, mal conhecia os corredores da escola, quanto mais os alunos que caminhavam por eles todos os dias. Connor o esmagaria feito um inseto se ele tivesse apenas aberto a boca para dizer algo.

Arrisquei passos para mais perto, ficando a centímetros do seu corpo. Scott exalava uma fragrância masculina diferente de tudo que eu havia sentido antes. Não era um cheiro comum, era uma mistura de fragrâncias. Algo que me fazia querer fechar os olhos e apenas sentir.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now