31 ¶ Primeiro dia.

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Connor Rivers •

A vida é cheia de altos e baixos, uma hora você está bem e por cima, e na outra, num passe de mágica, tudo ao seu redor sai do controle. Tudo pelo que passou a vida lutando, acreditando, acaba em ruínas.

Já havia estado nessa fase mais vezes que gostaria, e eu sabia que estaria novamente. Mas jamais pensei que fosse no último ano do ensino médio, muito menos naquela cidade monótona. Só que o destino nos prega peças, gosta de brincar com a gente de maneira maléfica. Kent não falava comigo, ou se quer me olhava já fazia mais de duas semanas. Até mesmo quando nos encontrávamos pela escola, ou nos esbarrávamos em alguma festa, ele me ignorava. Com Katie não era muito diferente.

Ela falava comigo normalmente, só que não tinha mais o sorriso encantador e a confiança inabalável. Seu olhar era triste e carregado de decepção. Mal me ligava, ou procurava se encontrar comigo. Não havia mais tocado no assunto da minha ida à Londres, e talvez por conta disso nosso pai tenha me ligado atrás de notícias.

Oi... pai?

Connor! Como anda as coisas por aí? Você está bem? Sua irmã não nos ligou mais, sua mãe está preocupada, você sabe como ela é dramática. Sempre acha que algo está errado.

Suspirei. Seria difícil explicar para ele, ou melhor, contar o motivo do sumiço repentino da Katie.

Está tudo bem, pai. Katie só está ocupada demais com alguns assuntos pessoais. Hoje iremos nos encontrar e aviso que você ligou.

Meu pai suspirou do outro lado da linha. Ele me conhecia bem demais, até melhor que eu, e eu poderia arriscar dizer que ele sentia que havia algo a mais na minha resposta. Só que ele não perguntou. Ele não perguntaria, não faria nada que pudesse por em risco nossa relação de "pai e filho".

Tudo bem... Me avise se precisar de algo. Estarei a espera de notícias.

Mande um beijo pra mamãe. Estou com saudades.

Connor mandou um beijo pra você. — o ouvi sussurrar, me fazendo crer que dona Louise deveria estar ao seu lado. — Mande um beijo para ele e diga que o amo. Acho que você escutou, não?

Sorri.

Sim, pai, eu escutei.

— Nos ligue se precisar de algo. Nos vemos na sua formatura.

— Tchau.

Aquela sua ligação — apesar de rápida — deu uma turbinada no meu dia. A semana não iria ser fácil, conviver com Ame todos os dias seria a tarefa mais difícil que algum professor havia me passado em todo meu histórico escolar.

O caos se instalou nos corredores da escola quando a notícia de que eu e Ame viveríamos boa parte do dia juntos se espalhou. As pessoas queriam ver como seria essa relação. Desejavam estar perto para assistir meus shows e as humilhações que possivelmente faria Ame passar.

Embora houvesse prometido parar de machucá-la, não dava pra ter certeza disso. Era eu, sabe? Eu sempre estragava tudo.

Estava sentado debaixo da árvore em frente a escola, as folhas alaranjadas se espalhavam ao meu redor se tornando a única paisagem interessante. Uma roda de garotas um pouco distante me manteve ali, as observei enquanto tragava um cigarro. Eu não era um fumante inveterado, mas gostava de tragar um toda vez que algo muito ruim estava prestes acontecer, e quando Ame surgisse pelos portões da escola, esse seria um momento bastante ruim. Não estávamos preparados para conviver juntos.

— Não vai assistir o treino hoje? — Scott perguntou ao sentar ao meu lado.

Ele foi o único que não ficou com raiva de mim, pelo contrário, ficou agradecido por finalmente não precisar mais mentir para Ame. Mas isso não significa que tínhamos nos tornado amigos, e por isso estranhei sua aproximação repentina.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin