15 ¶ Boate

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Sei que é difícil de compreender, mas a tristeza é mais comum que a felicidade. Não deixe que sorrisos te enganem. Pessoas tristes estão sempre sorrindo.

Era dia de jogo na escola, e como em todos os jogos, os alunos se reuniram na arquibancada; torcendo, rindo, conversando, comendo, e até mesmo se beijando. Tudo parecia muito normal. Eu nem queria estar ali, mas segundo o Scott, eu precisava estar. Era seu primeiro jogo oficial como capitão, e eu não poderia deixar de assisti-lo, mesmo sabendo que corria o risco de topar com o Connor. Cheguei um pouco atrasada para não chamar tanto atenção, sentei numa parte afastada da arquibancada, me esquivando de qualquer olhar maldoso.

Eu era um imã que atraía olhares. Atraía o pior das pessoas. Céus, por que elas tinham que ser tão cruéis?

Não sei em que momento da noite tudo começou a desandar... Só sei que num instante acenava discretamente para o Scott, que adentrava no campo segurando seu capacete em mãos, e no outro, ouvia meu nome ser mencionado no microfone.

O silêncio pairou sobre todos.

Meu corpo endureceu, as batidas do meu coração cessaram por um milésimo de segundo antes de voltar a bater com toda a velocidade possível.

Meus olhos voaram para o pequeno palco montado um pouco distante de onde eu estava. Minnie atrás do microfone, usava seu uniforme de líder de torcida, continha um sorriso maldoso nos lábios. No segundo seguinte meus punhos cerraram, abrindo novamente as feridas nas minhas mãos. Eu sabia, apenas pelo seu olhar, que o que ela faria nos próximos segundos detonaria minha vida nos próximos meses. Psicologicamente... não estava preparada, ou fortemente protegida.

— Ame Brooks... — começou suavemente, como se buscasse as palavras certas para usar. — Gostaria de dar inicio a essa noite expressando minha solidariedade para minha querida colega de classe que vem tendo dificuldades na sua vida pessoal, e social. Ela me pediu para que pudesse ajudá-la com seus problemas. — Minnie olhou ao redor, para todos que a ouviam atentamente. Então se voltou para mim. — Querida, sei que o ensino médio é difícil, mas você não precisa se machucar. Procure uma ajuda profissional... Um psiquiatra. Um especialista...

Suas palavras não passaram de um borrão quando toda a atenção pairou sobre mim. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, os olhares chocados, os cochichos que se alastraram de uma forma que me perfurou centena de vezes. Tudo parecia surreal demais para confiar que não era apenas mais um pesadelo e sim a realidade. Meu único pensamento naquele momento foi: como ela havia descoberto meu grande segredo. E em como ela era fria o bastante para usar isso pra me ferir na frente de tantas pessoas.

—... estamos todos com você!

Foram suas últimas palavras antes de desviar seu olhar para uma certa pessoa no início do campo.

Veneno.

Tóxico.

Connor Rivers era minha toxina.

E sabe qual é o grande problema de pessoas toxicas?

Não importa o quanto você tente se afastar delas, a toxina continua em você, como um lembrete insano de que elas nunca se vão de verdade. E que não importa se você é a vitima, elas sempre vão achar um jeito de arruinar sua vida, porque é só o que sabem fazer.

O problema do Connor é que quando ele começava, ele não tinha limites, não sabia como parar, ou simplesmente não queria parar. No final, eu sempre acabava machucada.

Connor me olhava do início do campo com um sorriso vitorioso contido nos lábios.

Ali estava sua maldita vingança.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now