30 ¶ Jogo

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Decepção.

Sempre digo que estou acostumada com idas e vindas, com decepções, despedidas, mas é tudo mentira... Sempre machuca como se fosse a primeira vez. E mesmo que Scott não fosse tão importante para mim, ainda doía imaginá-lo sendo outro alguém, e não o que conheci. 

Ele veio à minha direção, determinado a ter algum tipo de conversa. Eu não fiz nada, apenas fiquei no canto da quadra, esperando o momento que chegaria e despejaria todas as suas mentiras. Porque eu sabia que ele era capaz de dizer uma mentira que pudesse me fazer acreditar nele novamente.

As pessoas ao redor não deixaram seus afazeres para nos observar. Não era como se fosse o Connor vindo falar comigo.

— Oi. — disse, parando ao meu lado.

Não respondi, continuei olhando para frente, à direção de Sofia. A mesma tentava fugir da bola que Kent lançava, de alguma maneira engraçada, ela também não era boa em esporte algum. Scott suspirou ao meu lado, parecendo travar uma guerra interna consigo mesmo. A inquietude em seus movimentos eram frustrantes.

— Você está bem? — continuei ignorando-o. — Soube que passou mal, que esteve no hospital. Te liguei tantas vezes. Fui na sua casa mas Daniel disse que você não queria receber visitas. — Scott falava sem parar, sem pausas nem para puxar ar. — Ame... Será que pode pelo menos fingir que está me ouvindo? Ou olhar para mim?

— O que quer de mim, Scott?

Ele inspirou ar, inclinando a cabeça para o lado e me enviando um olhar tristonho. Um olhar que — em outra ocasião — me faria abraçá-lo e consolá-lo. Scott sustentou esse olhar por todo o tempo em que estive encarando-o.

— Quero que me ouça, que me deixe te explicar tudo o que viu...

— Scott! — o interrompi antes que caísse na sua lábia. Scott espremeu os lábios numa linha reta enquanto me esperava falar. — Não estou com raiva de você. Você não me decepcionou ou magoou. Foi a versão que criei de você que se desmoronou bem na minha frente e acabei me ferindo. — Scott abaixou a cabeça. E então continuei: — Não estou com raiva apenas por uma razão: Não te conheço.

Foi assim que percebi o quanto minhas palavras não passaram de uma baita mentira. Sabe qual é a verdade? A verdade é que Scott Parker foi bem mais que meu passaporte, e que saber que ele e Connor tramaram juntos contra mim, me magoou mais do que deveria. Me afetou pra cacete.

— Não, Ame, você me conhece! Aquele garoto que saiu com você, que riu e se divertiu, aquele era eu. — murmurou, se aproximando mais. — Ninguém aqui nessa cidade me viu como você.

Ah, Scott... Se soubesse que nunca te vi de verdade.

— Não estou afim de conversar. — retruquei. — Pode me deixar sozinha?

Ele ficou um minuto em silêncio, mas não me deixou sozinha.

— Então é assim? Simples assim? Não vai falar mais nada, ou fazer algo?

O encarei, confusa.

O que ele esperava que eu fizesse?

— O que eu poderia fazer, Scott? — olhei ao redor, para alguns olhos que nos cercavam. — Me rebaixar mais na frente de todos? Já não foi o suficiente se aliar ao Connor?

Scott passou as mãos pelos cabelos molhados em sinal de frustração. Era estranho vê-lo nervoso, ansioso.

— Apenas faça algo! Sei lá, me bata... Isso! me bata! — disparou, nervoso. — Me dê um tapa como qualquer outra garota faria. Ou um chute nas bolas. É isso que garotas fazem, não é?

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now