48 | Algo está mudando.

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Pense por quantas vezes teve a oportunidade de fazer diferente e acabou fazendo tudo igual. Repetindo mais uma vez o erro. Aquele erro que já cometeu mais vezes do que pode contar, aquele erro, que mesmo destruindo seu coração, ironicamente, reconstrói sua alma. E, Connor... Connor era esse meu erro.

Mesmo sentindo cada sintoma, me negava a acreditar na verdade refletida em meus olhos cada vez que me olhava no espelho.

Cinco dias foram o suficiente para fazer com que eu passasse a gostar dele?

Ou eu já gostava antes?

Deitava a cabeça no travesseiro, fechava os olhos e repassava os malditos três anos da minha vida, desde o momento em que o vi pela primeira vez, até o último dia. Não havia chance nenhuma de nós gostarmos. Havíamos nos ferido brutalmente e as cicatrizes eram o cruel constante lembrete.

Mas talvez ele tivesse razão e eu só estava o confundindo com Dexter. Talvez minha mente apenas tinha criado um mundo alternativo onde eu gostava do Connor, ou, quem sabe, eu realmente tivesse apaixonada por ele e não tinha nada haver com nada.

Quando coloquei os pés no solo daquela cidade outra vez, senti o ar gélido do outono bater no meu rosto, varrer meus cabelos, lavar minha alma, senti que deveria fazer algo.

Me manter afastada, ou agir?

Eu estava numa encruzilhada.

Daniel me esperava na sala de espera do desembarque, ao seu lado, Sofia. O sorriso e o olhar quente que me enviaram quando me avistaram entre a porta dupla do aeroporto me causaram arrepios. Automaticamente corri e me atraquei em seus braços, deixando-me ser amada um pouco mais. Eu precisava disso. Do calor dos seus braços.

— Isso tudo é saudade? — perguntou Sofia, entre risos. — Ei, garota! Vamos, nos solte, desde quando gosta de abraços?

Me afastei deles, dando de ombros.

— Eu não gosto. Só fiquei com saudades.

Ela assentiu, meio desconfiada.

— Só se passaram três dias, imagina quando for de vez. Aliás, me diga, como foi por lá? Gostou? E o lugar? As pessoas?

— Sim, Sofia! Deixe Ame em paz um pouco. Ela nos conta no carro. Temos que ir, preciso estar no tribunal pela manhã, bem cedo. — informou Daniel, enquanto pegava minha bagagem.

— Tá, tudo bem! — grunhiu, rolando os olhos. — Posso pelo menos saber como foi a viagem?

Sorri.

— Foi ótima, Sofia. Apenas um pouco exaustiva.

Ela sorriu, deitando a cabeça em meu ombro enquanto seguíamos para o carro que estava estacionado do outro lado da rua, em frente ao aeroporto. Katie estava atrás do volante, nos olhava de dentro do carro. Mal esperou entrarmos para acenar feito louca para mim.

— Que bom que está de volta! — cantarolou ao entrarmos no carro.

Na viagem para casa o silêncio se tornou nosso amigo. Vez ou outra Katie e Daniel trocavam olhares, pareciam guerrear através dos olhos. Percebia-se de longe que aquela "amizade" retornava ao namoro. Eles não foram feitos para ficarem separados, muito menos como amigos.

Sofia digitava no celular, os dedos não davam pausa, e seu olhar fixo na tela me deu a impressão de que ela vinha aprontando algo.

— O que é tão interessante? — perguntei, curiosa. Sofia bloqueou o aparelho ao perceber que eu tentava ler.

— Não é nada. É apenas algo que os meninos estão tramando. — respondeu, dando de ombros e desviando o olhar para a janela ao seu lado.

— Hm...posso saber o que é?

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now