11 ¶ Saia comigo

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Não sei bem quantos minutos se passaram desde que o Scott e eu fomos interrompidos por uma presença nada bem vinda. Só que quando ouvi sua voz e senti sua presença, foi quando realmente entrei em alerta. Abri e fechei meus punhos mais vezes durante aqueles segundos do que em toda minha vida. Por alguma razão, naquele instante, me sentia mais intimidada que o habitual.

— Scott. — a voz do Connor soou. — Disse que não viria. Disse com tanta convicção que não curte feiras idiotas.

Scott o olhou sem mover o corpo ou tirar as mãos dos bolsos, não parecia incomodado com a recém-chegada do Connor, na verdade, parecia esperar por isso.

— E o treinador disse que só jogaria no próximo jogo quem participasse disso aqui. É claro que não tive escolha.

Pude observar que ao redor algumas pessoas se aglomeravam, se preparando para um possível show. Connor me olhou pela primeira vez, transparecendo o desgosto amargo por me encontrar. Usava uma camisa social azul cobalto com uma jaqueta de couro preta por cima que o dava a aparência de um garoto comportado e rebelde ao mesmo tempo. Ele não precisava de muito para chamar atenção, bastava por uma camisa justa que deixasse visível seus músculos.

— Aberração, você por aqui. — comentou e expressou decepção. — Não te vi pela escola esses dias, por um segundo imaginei que finalmente tivesse desaparecido da minha vida. Mas acho que comemorei cedo demais.

Meus olhos foram de encontro aos de Scott. Acho que eu queria que ele dissesse algo, mas o mesmo apenas permaneceu em silêncio, como se fosse só mais um espectador.

Suspirei. Teria de ser meu próprio escudo, e minha própria espada se quisesse sobreviver àquela guerra. Não cerrei os punhos, não queria me machucar mais do que já tinha feito. Não daria esse poder a Connor e a ninguém.

— Desculpa se te decepcionei. — rebati. — Estava ocupada demais vivendo minha vida para me lembrar de te informar sobre meus passos. Se não quer me ver, feche os olhos ao passar por mim. Não deve ser tão difícil.

Fora evidente o sarcasmo no meu tom de voz. Até me surpreendi por ter terminado uma frase inteira sem ser interrompida por algum comentário seu. Ele estava diferente essa noite... Eu estava diferente. Tínhamos algo em comum: confiança. Nós dois soltávamos faíscas pelos olhos. Nós dois queríamos bater de frente e se fundir. Finalmente a briga aparentava justa e de alguma forma isso pareceu conforta-lo.

Connor aproximou-se da mesa, a única barreira que nos separava e nos impedia de colidirmos. 

— Sabe no que estou pensando agora? — dei de ombros, mostrando desinteresse na resposta. Connor sorriu de canto. Um sorriso charmoso e fatal. — Estou imaginando inúmeras formas de arrancar essa recém-confiança que adquiriu. Essa confiança que acha que pode te proteger.

Pela primeira vez em toda minha vida, eu não estava com medo de Connor Rivers.

Ele tinha razão, eu havia adquirido uma confiança que ainda era nova pra mim, que ainda não tinha ideia de onde surgiu e nem como iria usá-la. Mas havia algo em mim que eu sabia bem: Connor iria conseguir tirá-la de mim. Em algum momento, de alguma forma, ele tiraria. Porque esse era Connor Rivers... ele devastava tudo que entrava no seu caminho, levava todos ao céu e então, ao inferno. Para muitos, isso bastava, mas para mim que conhecia seu verdadeiro eu, seu lado sombrio, isso não era nada.

— Vá em frente. Dê o seu melhor. — provoquei desafiadora, e durante segundos pude ter o vislumbre de um olhar atônito, que disfarçou bem com um de seus sorrisos maroto.

— Ah... Acredite, eu darei.

E com isso virou para o Scott, o enviou um aceno com a cabeça e depois saiu em disparada a porta de saída. E só então soltei o ar preso do peito, que nem havia notado ter prendido. Minhas mãos tremiam, assim como minhas pernas.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now