23 ¶ Surpresa

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Parado na porta da cafeteria, olhou ao redor com o semblante neutro, os cabelos escuros bem penteados, usando uma camisa rosa de mangas compridas e uma calça preta. Ele me viu, mas não me olhou. Isso não me aliviou, pelo contrário, me deixou bastante preocupada. Da última vez que nos vimos ele fez questão de me encarar descaradamente, de me penetrar com seu olhar indiferente.

O que ele fazia ali?

Argh! Sábado.

Seu cheiro doce rapidamente se instalou no ar, de forma rápida e prazerosa. Droga, por que ele precisava cheirar tão bem? Não podia ser repugnante como sua presença?

Tudo teria sido mais fácil!

Connor foi ao encontro dos amigos, e ao passar por mim, notei que tinha os punhos cerrados. Parecia travar uma guerra consigo mesmo, lutando para continuar me ignorando. Isso me levou a questionar: Por que ele não queria me olhar? Connor nunca pareceu ter problemas com isso.

Soltei o ar preso dos pulmões quando - pelo canto de olho - o vi sentar. Deixei todos meus medos de lado e resolvi focar nas tarefas, em atender clientes que nunca paravam de chegar. Tentei a todo custo acalmar meu subconsciente que insistia me alertar sobre perigo. Connor estava apenas a centímetros de mim. E ele era uma bomba relógio.

— Ame!

Ouvi a voz da Molly ecoar. Internamente praguejei alguns palavrões ao vê-la me chamar. O sorriso maquiavélico que sustentava nos lábios era uma prévia do que poderia fazer. Peguei o bloco de notas e fui até ela, ignorando os olhares que recebi pelo caminho. Todos conheciam o Connor e seu desprezo por mim, e todos o viram entrar, então...

— Sim?

Molly se divertia às minhas custas. Ela gostava de me ver nervosa. E eu estava muito nervosa. Não tinha como cerrar os pulsos, então apenas mordisquei o lábio inferior. Algo que vinha fazendo constantemente. Um jeito novo de me manter sã e não me ferir.

— Hm... Quero um suco de morango e um sanduíche de frango. — pediu, fingindo estar lendo as opções no cardápio.

A olhei com as sobrancelhas arqueadas.

— Não temos suco de morango.

Ela sabia que não. Molly suspirou.

— Então o que tem?

Sério? Abaixei o bloco de notas. Os três garotos ao redor nos assistiam atentos, se divertindo. Menos Connor. Esse nem tinha se dado ao trabalho de me olhar, parecia distraído no celular.

— Sabe o que temos, Molly! — respondi, séria. — Ainda pouco trabalhava aqui, esqueceu?

Sabe o papo de tentar? Aquilo era tentar. Deixar de ser capacho dos outros. Molly abriu mais os olhos, surpresa, olhou sem graça para os garotos que riam da sua reação.

Engoliu em seco.

— Me traga apenas um suco de uva com gelo.

Enquanto anotava o pedido no bloco, senti um enorme peso sair do meu peito. Aquilo foi bom. Mas não o suficiente para me acalmar. O ar a minha volta dificultava meus batimentos cardíacos.

— Mais alguma coisa?

— Não vai pedir nada, Connor? — um dos garotos perguntou. Eu não sabia o nome dele, não sabia o nome de quase nenhum dos garotos do time. Apenas do Scott e do Kent por serem amigos do Connor.

— Café.

Encolhi os ombros. Não queria falar com ele. O ódio que sentia por ele poderia facilmente sair dos meus olhos para perfura-lo.

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