Sabe aquela vontade de estrangular uma pessoa? Então, era tudo que eu queria quando eu percebi que Gabe estava fingindo ter perdido a memória.
Eu poderia ter ficado com raiva, mas tudo que pude fazer foi aproveitar cada segundo a seu lado.
Saber que, a partir de agora, tudo vai se acertar, que nós poderemos ficar juntos e que não há mais nada que nos separe.
Saio do quarto de Gabe e encontro Derek e Cat tendo uma DR. Passei direto e fingi que não vi, mas os dois me chamaram e eu não tive como fugir.
— Sei que não é hora pra isso, mas, já que o Gabe está bem, você sabia que o Derek não estava me traindo? - Cat não parece brava, só quer tirar uma dúvida da cabeça. Mas respiro pesado e meu amigo vê cansaço na minha aparência.
— Catarina, já te disse que não. Vamos deixar a Charlie descansar.
Minha empresária anui e me abraça.
— É muita coisa pra uma pessoa só. - Ela diz.
— Nem me fale. É a segunda vez que ele quase morre e me sinto culpada pelas duas.
Derek faz uma careta de dor. Sei o que ele está pensando. Apesar de conversarmos varias vezes e eu dizer que ele não teve culpa alguma no primeiro acidente do Gabe, ele ainda acha que, de alguma forma, poderia ter evitado.
— Ele sempre tenta proteger todo mundo. - Continuo meu desabafo. — Esse acidente, se não o matasse, poderia custar sua carreira. Gabe é um exemplo-
— Eu estava falando de você, minha amiga. O quanto você sofreu.
— Os dois merecem ser felizes. - Derek a interrompe.
— Sim. Os dois, não conheço ninguém que mereça mais um clichê adolescente dos mais melosos, além de vocês. - Ela remenda.
— O popular e a nerd. - Derek diz com aquele ar de final de filme.
— Não. A blogueira e o jogador de futebol. - Cat também não deixa o drama de lado.
Reviro os olhos.
— Vocês são mais dramáticos que eu.
Sorrio até ver meu pai esperando para falar comigo. Peço licença a meus amigos e vou ao encontro dele, que não está muito feliz.
— Está tudo bem, papai?
— Não muito, filha. Eu entrei pra ver o garoto.
Garoto? Ah, meu Deus. Gabe?
Acho que minha cara revelaram o pavor que passou em meu coração.
— Não, querida. - Ele conserta. — Ele está bem. Só não sei como contar sobre Greta.
— Contamos depois. - Sou enfática.
— Ela o salvou. Do contrário ele teria morrido por minha causa. - Nunca imaginei que veria uma lágrima cair dos olhos dele.
— Eu sei o que ela fez e sou grata. Mas nunca se culpe. Gabe foi até lá por mim. Se alguém é culpada disso tudo, sou eu.
— Chega desse negócio de culpa, não combina com a gente. - Ele limpa uma lágrima que escorreu pela minha bochecha e sorri. — Só entregue a carta dela quando achar que é a hora.
Anuo.
— Acho que agora eu só preciso de um banho e de uma boa noite de sono.
— Tenho que ver como te tirar daqui. A multidão lá fora está aflita por uma notícia.
— Ninguém avisou que Gabe está bem?
— Provavelmente avisaram sim. Mas querem algum pronunciamento seu.
— E o que a Cat disse sobre isso?
— Vamos tirar você daqui e depois vemos o que fazer.
Não foi tão difícil sair como eu imaginei. Papai tinha um plano bem elaborado e logo eu estava em casa, de banho tomado e debaixo das cobertas, tendo meu merecido descanso.
(...)
Eu acordei sem saber que horas eram. Meu celular começou a apitar quando a ligação de Derek entrou. Ele queria saber se eu queria uma carona para o hospital e eu aceitei.
Ao guardar o celular na bolsa dou de cara com o envelope que guarda as últimas palavras de Greta para mim.
A curiosidade não tomou conta de mim. Por algumas vezes pensei em queimar tudo e jamais ter acesso aquilo. Mas, com o envelope em mãos, decidi ler e honrar seu último pedido.
"Charlie,
Sempre te achei muito sortuda. Não ache que é loucura da minha parte, principalmente se você não viveu com meus pais. A verdade é que eu sempre imaginei como seria morar com nossos avós.
Aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que a vovó fazia era o melhor e, acredite quando digo, sinto falta dos dois.
Eu imagino que quando você estiver lendo esta carta, eu já estarei queimando no inferno. Mas que Deus leve em conta a motivação do meu coração ao salvar o Gabe.
Não foi para remissão dos meus pecados e nem para ser uma espécie de heroína.
Nesse último momento a minha consciência atingiu-me em cheio e eu vi minhas opções futuras.
Eu tinha feito tanto mal a vocês e mesmo assim Gabe veio e salvou minha vida. Algo eu tinha que fazer. Por todo mal que fiz e por todo bem com que retribuíram.
Eu senti como se a vida dele fosse muito mais importante que a minha. Afinal, Gabe Ruggiero era o capitão, era o galã do seu clichê e, se não fosse ele, nossa história não seria uma boa história.
Eu pensei os prós e contras e entendi que Gabe poderia fazer muito mais.
Não foi um ato heroico em troca de remissão ou méritos. Foi um ato de amor e gratidão.
Ainda que não mereça, peço que me perdoe. Sei que você e Gabe serão muito felizes.
Vocês merecem."
Oi gente,
Vim deixar este capzinho importante pra continuação. E dizer que não estou pronta para um final e quero estender só mais um pouquinho.
Juro que não vai ser enrolação, vai ser babado! Tudo bem por vocês?
Outra coisa: SOMOS 7000! Não acredito até agora. Como assim?!
Lembrem da estrelinha, vocês fazem o livro crescer e muita gente vir conhecer #CharGabe.
Amo vocês.
Beijos, S. 💗
ESTÁ A LER
Prepara que lá vem clichê! [COMPLETO ATÉ 31/07/23]
Teen Fiction*PROIBIDA REPRODUÇÃO OU ADAPTAÇÃO, sob pena da lei* Obra registrada da Biblioteca Nacional. Livro comercializado em ebook e físico pela Editora Garcia. Sinopse: Ih, a típica cena de filme americano. Olha lá, Olha lá, O livro da menina cai. O cara a...